sábado, 25 de fevereiro de 2012

Casa de tolerância

Caiu em desuso a expressão “casa de tolerância”. Sinônimo de bordel, rendez-vous, lupanar, prostíbulo... (a lista é extensa), o termo era empregado por nossos antepassados para dar nome àquele lugar onde a sociedade, como se dizia, “tolerava certas coisas”, ou como diz o Novo Dicionário Aurélio, “(...) onde se alugam quartos para encontros amorosos”. Usando uma linguagem mais clara, casa de tolerância é como nossos avós chamavam o endereço destinado à prática de sexo com meretrizes.

O vocábulo “casa” está presente também na expressão “Casa do Povo”, usada para designar a Câmara Municipal, a Assembléia Legislativa Estadual ou o Congresso Nacional, locais onde parlamentares se reúnem para debater assuntos de interesse público. Ao contrário da outra casa, a do povo é, ou pelo menos deveria ser, um local de respeito. Infelizmente, nem sempre os representantes do “dono da Casa” honram o recinto. Muitos deles, inclusive, deveriam estar numa outra casa: a de detenção.

Aqui em Barcarena, o que mais se vê é vereador transformando o parlamento em parlatório, ponto de encontro para conversa furada ou para xingamentos e intimidações. Acusa-se o fulano de corrupto, o sicrano de ladrão, e depois fica o dito pelo não dito, conforme a conveniência. Ano passado, durante briga ferrenha pela presidência da Câmara, Ary Santos chegou a ameaçar chamar o Ministério Público, ao que Luiz Leão retrucou, dizendo não ter medo, pois já tinha visto até boi voar. Depois, ambos comeram abiu, e não se falou mais nisso. Na última reunião da Câmara, o alvo foi o prefeito João Carlos Dias, que foi acusado de corrupção por José Santos. Se o prefeito é corrupto, por que então já não se convocou uma CPI? Este ano tem eleições. Está mais do que na hora de aplicar a tolerância zero, e apontar aos nossos atuais políticos a porta da rua, que é serventia da Casa!

Ordinária!

Após longo recesso, pouco mais da metade dos vereadores de Barcarena – a saber, Ary Santos, José Santos, Lucia Nascimento, Laura Amélia, Luiz Leão e João Maciel –  fizeram o favor de comparecer a mais uma sessão ordinária da Câmara. Engana-se, no entanto, quem pensa que esses poucos discutiram algum projeto de lei ou coisa parecida. Em vez disso, a primeira reunião do ano na Casa do Povo foi ordinária no amplo sentido da palavra, e serviu para desabafos, panos quentes e bajulações.

Ary Santos, o primeiro a usar a tribuna, mostrou-se extremamente magoado com o prefeito João Carlos Dias, por não ter sido confirmado como secretário de Saúde, conforme negociação prévia na qual ele abdicou de disputar a presidência do parlamento. Segundo o vereador, após três anos de apoio irrestrito ao executivo, fato que inclusive o levou à pecha de puxa-saco, ele queria apenas três meses como secretário, não mais que isso. Depois teria que cuidar de ser reeleito, voltando então ao legislativo. Se o vereador tivesse consciência da irresponsabilidade da sua pretensão – mudar tudo numa secretaria, só para fazer graça, ficando três meses, de gaiato no navio, para depois mudarem tudo de novo – talvez não tivesse tanta mágoa.

O último a discursar, Luiz Leão, favorecido que foi com a barganha que o manteve na presidência da Casa, incomodado com o assunto, saiu pela tangente, esquentou os panos, e finalizou dizendo que ficaria aguardando o prefeito se pronunciar. Já os demais que usaram a tribuna aproveitaram para fazer o que o Ary, como ele próprio disse, sempre fez: deitar elogios ao prefeito. A exceção coube a José Santos, que, entre outras coisas, chamou Dias de corrupto. Resta saber se o parlamentar vai ficar só na conversa - o que seria prevaricação ou calúnia - ou vai tomar providências, que é obrigação dele.

A propósito da polêmica...

Há mais ou menos um ano, não me recordo ao certo, circulou, à boca miúda, a notícia de que estaria passando de mão em mão, ou melhor, de celular em celular, um vídeo no qual adolescentes praticavam sexo no sanitário de uma escola da rede pública de ensino, no nosso município. Aproximadamente na mesma época, ocorreu algo análogo numa escola pública da capital. Levando em conta que adolescentes costumam combinar excesso de hormônios com uma boa dose de impulsividade, principalmente quando estão em grupo, é fácil concluir: o que aconteceu em Barcarena e Belém certamente se repete mundo afora.

Os dois casos que menciono acima me vieram à memória a propósito da polêmica que está acontecendo na Escola Laurival Magno Cunha, em Vila dos Cabanos. A controvérsia surgiu quando a Secretaria Municipal de Educação resolveu separar crianças pequenas, que cursam da 1ª à 4ª série, de adolescentes da 5ª à 8ª, passando os mais velhos para o turno da tarde. O Conselho Escolar daquela instituição foi contra, alegando que a mudança poderia causar falta de vagas. Acionado, o Ministério Público Estadual propôs uma solução paliativa, de separar apenas os alunos de 7ª e 8ª. Já o Conselho Tutelar resolveu que só vai se posicionar se realmente faltar vagas na escola, como se não fosse da sua alçada zelar pela integridade física e psíquica dos alunos.

Espero que os membros de cada entidade envolvida nessa celeuma tenham bem claro que, assim como a adolescência é a fase da vida em que predomina a inconsequência, na infância o que impera é a ingenuidade. Faz-se necessário, portanto, o bom senso. Permitir que, numa escola pública, crianças de seis anos de idade se misturem com marmanjos de até 16, no mínimo, é uma temeridade.

“Perdeu, jogador!”

O Brasil inteiro tem acompanhado o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Secreta­ria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Durante muito tempo, o crime organiza­do manteve no Rio uma espécie de governo paralelo, mandando e desmandando nos morros da capital, transformando em ironia o título de Cidade Maravi­lhosa. Se a violência no País é alarmante, no Rio a situ­ação sempre foi emblemática. Entretanto, o que antes era considerado por muitos um caso perdido, ultima­mente mudou de figura, e o povo carioca, após a ocu­pação das favelas através do projeto Polícia Pacificado­ra, já respira ares de esperança.

Enquanto na capital fluminense o poder público combate a violência com algum êxito, no resto do País o crime rola solto. Aqui em Barcarena, é de impressio­nar a quantidade de ocorrências de furtos e arromba­mentos em plena Praça da Matriz, em Vila dos Caba­nos. Até assassinato já aconteceu no local. Nos bairros periféricos da nossa cidade então, escureceu, é melhor ficar em casa.

No Rio, dia 27 de janeiro último, menos de três me­ses após a prisão do traficante conhecido como “Nem da Rocinha”, a polícia encarcerou mais um poderoso chefão do crime organizado, de nome Fabiano Ata­názio. A propósito, um fato em comum às duas prisões me chamou a atenção. Ao ser capturado, Nem, em vez de ouvir voz de prisão, escutou alguém se aproximar e dizer: “Perdeu, jogador!”. Já Atanázio, ao ser abordado por policiais, disse apenas: “É, perdi!”. Pode ser coin­cidência, gíria, um detalhe prosaico. Ainda assim, as duas frases me fizeram pensar em como a nossa so­ciedade “moderna” muitas vezes banaliza o crime. É como se as duas prisões não passassem de mera brin­cadeira, um jogo de vídeo game.

Fala sério!

Dia 19 último, a Secretaria Municipal de Edu­cação (Semed) baixou uma portaria, a de nº 016/2012, determinando que o turno da ma­nhã na Escola Laurival Magno Cunha seja reservado exclusivamente aos alunos que cursam até a 4ª série do fundamental, ficando os das séries mais adiantadas transferidos para outros horários. A decisão da Semed gerou, no Conselho Escolar daquela institui­ção, uma reação de desagrado tão grande que se fala até mesmo em paralisação das aulas (greve de alunos), caso a Secretaria não restabeleça o horário antigo.

A Semed alega que a mudança se deve a casos de violên­cia ocorridos naquela escola durante o ano passado, come­tidos quase sempre por alunos adolescentes matriculados nas turmas de 5ª série em diante, contra crianças do primei­ro segmento do Ensino Fundamental. Já o Conselho Escolar afirma que, com a modificação, não haverá vagas suficien­tes nos demais horários (intermediário e vespertino).

Venhamos e convenhamos. Por um lado, é louvável, da parte do Conselho Escolar, a preocupação com a oferta de vagas, e inclusive cabe à Semed resolver. No entanto, achar que a solução é voltar tudo como estava antes, no mínimo, é faltar com o bom senso. Quer dizer então que, desde que não haja falta de vagas, a violência contra crianças indefesas não tem problema nenhum? Que coisa mais absurda! Um Conselho Escolar que pen­sa dessa forma...

Espero que a secretária de Educação, Luciene Dias, permaneça firme em sua decisão de separar crianças de adolescentes nas escolas do município. E é bom que um outro Conselho, o Tutelar, acorde para o que está aconte­cendo, e se manifeste com veemência. As nossas crianças não podem ficar à mercê de tamanho desatino.

A pulga atrás da orelha

Todo mundo assistiu à reportagem do Fantástico, dia 8 último, sobre as fraudes que vem aconte­cendo em postos de combustíveis. Depois da matéria da Globo, o consumidor reagiu, e sugi­ram várias denúncias envolvendo postos no Pará. Li numa reportagem que as empresas paraenses não estariam sen­do fiscalizadas a contento pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), e que isso aconteceria por haver apenas dois fis­cais para mais de setecentos estabelecimentos espalhados pelos municípios do estado. Fiquei estarrecido com a in­formação. Coitados dos dois abnegados da ANP! Porém...

Passado o choque inicial, resolvi fazer alguns cálculos. Imaginemos que, dos 365 dias do ano, descontados os feriados e as folgas de finais de semana, etc., os dois fis­cais trabalhassem a metade. Arredondando para menos, seriam 180 dias trabalhados. Se cada fiscal visitasse, em média, apenas e tão somente dois postos por dia, nem um a mais, ainda assim teríamos a seguinte equação: 180 dias x 2 fiscais x 2 visitas/dia = 720 visitas. Em suma, todos os postos paraenses seriam fiscalizados, pelo menos uma vez por ano. Alguém poderia argumentar que, na prática, não é tão simples, e que os fiscais teriam, por exemplo, que viajar para lugares distantes da capital. Ainda assim, daria para fazer uma fiscalização decente. Até porque, para se coibir a fraude, nem mesmo é necessário cobrir todos os estabelecimentos. Nesse caso, fiscalizar-se-ia a maioria, por sorteio randômico. Teríamos também um excelente resultado.

Sem gastar muito tempo, uma equipe de repor­tagem foi capaz de deixar em polvorosa a máfia dos combustíveis Brasil afora. Isso é fato. No Pará, embora tenhamos várias denúncias de fraude, pode até ser que não haja nada de errado. Pode até ser. Mas dizer que não dá para fiscalizar, no mínimo, é de ficar com a pul­ga atrás da orelha.

Muito mais qualidade de vida!

Ele estava mesmo cansado da rotina. Trabalhar de segunda à sexta, semana após semana, é cruel! Por isso, resolveu aproveitar o feriadão enforcado que começaria a partir da quinta. Dessa vez, nada de cerveja com churrasquinho na varanda do apartamento, nada de televisão à tarde inteira, nada de ficar jogado num sofá. Fi­nalmente, teria quatro dias de folga numa ilha que, segundo um amigo, seria fora do comum. De manhã logo cedo, pegou a estrada com os três filhos e a esposa, e aproximadamente duas horas depois, lá estava a família, curtindo a paisagem. O filho mais velho, adolescente, foi quem quebrou o silêncio: “Caraca! Égua da praia linda!”.

A praia é realmente muito bonita! Consiste numa paisa­gem paradisíaca, margeada por alguns quilômetros de uma avenida larga, com canteiro central muito bem arborizado, pista de Cooper, ciclovia, além de vários quiosques cobertos de palha, onde se pode beber água de coco, ou tomar um suco de abacaxi. Em alguns quiosques, nas primeiras horas do dia, muita gente faz o desjejum saboreando tapioquinha na manteiga e café com leite, repetindo depois, ao pôr-do­-sol. Do outro lado da avenida, uma variedade de peixarias, cervejarias, sorveterias, restaurantes, pousadas, panifica­doras, lanchonetes, etc.; tudo baseado numa arquitetura abrangente, visando o todo. Próximo da praia, uma bucólica trilha para caminhada, um parque aquático de tirar o fôle­go, e um mirante, de onde se pode apreciar uma revoada de guarás num ninhal ao longe. Quem vem uma vez à ilha...

A ilha está localizada aqui mesmo em Barcarena. A natu­reza, pelo menos, fez sua parte. Falta apenas estrutura, para que a Trambioca, só para citar um exemplo, seja um lugar assim. Transformar Barcarena em um destino turístico im­portante não é tarefa fácil. Porém, unindo poder público com iniciativa privada, certamente conseguiríamos. Tería­mos então uma economia mais forte, com mais emprego, mais segurança, mais ecologia, mais opção de lazer; enfim, muito mais qualidade de vida.

É hora de arregaçar as mangas

É chegado o momento de pensar mais profun­damente no futuro do nosso município. Com as eleições deste ano, teremos a oportunidade, mais uma vez, de fazer as mudanças necessá­rias para transformar Barcarena em algo mais próximo daquilo que idealizamos. Não demora, as candidaturas, todas elas, tanto para o executivo quanto para o legis­lativo, estarão definidas, e saberemos então em quem poderemos votar. No entanto, para que possamos fazer a escolha certa, é preciso definir exatamente o que que­remos, e identificar quais candidatos estariam sintoni­zados com os nossos ideais.

Problema é o que não falta em nossa cidade. Desde questões que requerem soluções mais simples, como a inexistência de regulamentação do transporte público, até a insegurança das ruas, que tanto nos aflige, muita coisa precisa ser feita. Um dos nossos grandes problemas é o desemprego, mal que afeta tantas famílias barcarenenses. Uma solução seria investir pesado em turismo, atividade econômica que tem por base a oferta de serviços. Natural­mente, precisaríamos também oferecer cursos técnicos, de forma a profissionalizar a mão-de-obra local. O fato é que, investindo em turismo, estaríamos, de quebra, contribuin­do enormemente para a preservação do meio-ambiente.

Uma coisa é certa. Os políticos atualmente no poder em Barcarena estão mais preocupados com seus próprios umbigos do que com a população que os elegeu. Se fosse diferente, muitos dos nossos problemas teriam sido so­lucionados. A falta de regulamentação do transporte pú­blico, por exemplo, depende mais de boa vontade do que de verba. Pois nem sob pressão do Ministério Público o transporte foi regulamentado. Precisamos então de san­gue novo, tanto na prefeitura quanto na Câmara. É hora de arregaçar as mangas e fazer campanha pela renovação. Quem sabe, assim as coisas começam a mudar.

O realista e o copo de bronze

Como sempre, final de ano é ocasião de pesar o que ficou para trás e fazer resoluções visando o ano seguinte. Mais uma vez, enquanto alguns aprovei­tarão o momento para tentar largar o vício do ci­garro e outros darão início àquela dieta tão adiada, cada um de nós, de forma geral e instintiva, entre o Natal e o réveillon, buscará perdoar e ser perdoado; zerar tudo, e entrar em ja­neiro em clima de otimismo. Este ano, toda essa atmosfera de melhor dos mundos possíveis me lembrou a antiga fábula do realista e o copo de bronze.

Sobre uma mesa havia um copo de bronze, cheio d’água. Ao redor, três pessoas observavam atentamente. Uma de­las, pessimista, apressou-se em dizer: “Vejo que essa água tem uma coloração amarelada. Com certeza, trata-se de água contaminada”. Em seguida, a pessoa ao lado, otimista, afirmou: “Perdoe-me, mas essa coloração amarelada vem, certamente, de um barril de carvalho. Trata-se, portanto, de uísque 12 anos”. Por último, a terceira pessoa, realista, senten­ciou: “Quanta tolice. O amarelo da água, na verdade, vem do copo, que é de bronze. Talvez seja potável, talvez não”. Moral da história: realista é aquele sujeito absolutamente irritante, que, por ser totalmente desprovido de imaginação, só conse­gue perceber o óbvio.

Neste final de ano, o assunto do momento é a possível mudança de direção na Secretaria Municipal de Saúde. Sobre isso, um pessimista afirmaria que é fato consumado a posse do vereador Ary Santos, que nada tem a ver com a pasta, e que chegou a dizer que faria três meses de teste com ele próprio, para ver se dá certo. Já um realista diria que simplesmente não dá para prever nada. Eu, no en­tanto, impregnado de otimismo, prefiro apostar no bom senso do prefeito João Carlos Dias, e, portanto, na manu­tenção da secretária Eugênia Teles, que já vem fazendo um bom trabalho. A propósito, desejo a todos um 2012 pleno de saúde, paz e prosperidade!

Pra não dizer que não falei de flores

Imbuído de espírito natalino, eu estava decidido a elo­giar o trabalho desenvolvido pela Secretaria Munici­pal de Cultura, que, sob o comando de Ferdinando Moraes, apresentou à população barcarenense uma bela ornamentação de Natal. Eu, que atravessei 2011 tecen­do críticas negativas sobre os mais variados assuntos, havia encontrado um bom motivo para fazer um contraponto, e elogiar alguém. Entretanto, fui atropelado por uma notícia preocupante, sobre a qual não poderia me furtar de escrever. Contudo, pra não dizer que não falei de flores, antes de me lançar novamente ao habitual da crítica, deixo aqui registrado os meus parabéns a todos aqueles que nos proporcionaram poesia pelas praças da nossa cidade.

Em outubro passado, a Câmara de Vereadores de Barca­rena foi palco de um espetáculo deprimente, digno de um circo mambembe dos mais ordinários. Em cena, dois atores conhecidíssimos do público travaram uma luta renhida pela presidência da Casa. Ary Santos, fantasiado de paladino da moralidade pública, chegou a ameaçar chamar o Ministério Público, caso não lhe fosse apresentada a prestação de con­tas do parlamento, escondida a sete chaves por Luiz Leão. A mise-en-scène seguiu até o dia 15 do presente mês de dezem­bro, quando Leão foi reeleito presidente e não se falou mais em prestação de contas nenhuma. A Santos coube, pasme... A Secretaria de Saúde.

Com o acordo, troca-se a atual secretária, Eugênia Teles, que é gente da área (enfermeira com especialização em saú­de pública), por alguém que nada tem a ver com o assunto. Além disso, Teles tem bom trânsito junto ao Governo do Esta­do, que pretende investir quatro milhões e setecentos mil re­ais na conclusão do Hospital Materno Infantil, obra que já se arrasta há anos. Enquanto isso, Ary Santos, além do que já foi dito acima, é o vereador que prometeu regulamentar, no de­correr de 2011, o transporte público de Barcarena, e até agora nada. Queira Deus que o prefeito João Carlos Dias não se dei­xe levar por tramas de bastidores. A população agradece.

É hora de curar as feridas!

Encerrada a contagem dos votos do plebiscito, mesmo tendo mantido incólume o seu territó­rio, o Pará está dividido. Como já era de se es­perar, a população das regiões do que viriam a ser os estados do Carajás e Tapajós, que, com exceção do município de Altamira, votou em peso na separação, está ressentida com o resultado das urnas. O sentimento de abandono, que já era antigo, une-se agora a um forte sen­timento de mágoa.

O povo brasileiro, via de regra, não tem arraigado em seu espírito o conceito de fronteira entre os estados da fe­deração. Nação continental e multirracial que somos, afora picuinhas e provocações aqui e ali, nos entendemos bem, não importa onde tenhamos nascido. Está claro que a idéia de separação que culminou com o plebiscito em nosso es­tado não surgiu tão somente por diferenças de cultura ou raça, e certamente vai além de um possível interesse espú­rio de meia dúzia de políticos. Antes disso, não importa se alguns de nós dançamos carimbó enquanto outros preferi­mos música sertaneja; o que houve, e ainda há, é uma po­pulação que se sente distante e desprezada.

Logo após a vitória do Não, Simão Jatene reconheceu que o Pará tem problemas. “É genuíno o sentimento das pessoas”, afirmou. A fala do governador foi um passo im­portante, um bom começo na busca por soluções. Agora, é necessário diminuir as distâncias. Precisamos, inclusive, pensar na possibilidade de mudar a nossa capital para o centro do Estado, como já foi sugerido, tempos atrás, pelo ex-governador Almir Gabriel. Conseguimos conservar in­tactas as nossas fronteiras. Agora é hora de curar as feridas dos nossos irmãos do oeste, sudeste e sul do Estado, de for­ma que não se acirrem ainda mais os ânimos. Certamente encontraremos uma saída, pois se o Pará é grande, o seu povo é grandioso. Na mesma medida.

Ulha essa, sumano!

O Pará está sendo vítima de mais uma tentativa de usurpação territorial. Outras já aconteceram, e nós paraenses ficamos no prejú. Visitando a histó­ria, veremos que o nosso estado, na época do Grão Pará, era bem maior que o atual. Abrangia também o que hoje é o Amazonas, o Maranhão e o Amapá. Além disso, embora muita gente desconheça, tentaram, em passado recente, nos levar também o arquipélago do Marajó. Felizmente, dessa vez levaram foi o farelo. Agora, querem novamente escangalhar as nossas fronteiras, rasgando o nosso mapa em três pedaços, e subtraindo 83% do que sobrou da nossa extensão geográ­fica. O pior é que ainda insistem em nos meter goela abaixo que, perdendo território, só teríamos a ganhar, dizque.

Os líderes separatistas dizem que os três novos estados fica­riam mais ricos. Os deputados Giovanni Queiroz e Lira Maia tentam nos persuadir de que receberíamos mais verba do go­verno federal. Mas quando! Arreda aí! Com a divisão, o que iria multiplicar, com certeza, seria o custo da máquina pública e o pitiú da corrupção! Segundo Rogério Boueri, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os dois novos estados gerariam um déficit anual somado de R$ 1,8 bilhão, e o que restaria do Pará passaria a ter um déficit anual de R$ 800 milhões. Axi, credo! A divisão tiraria do mapa do Pará, entre outras coisas, Tucuruí, o que deixaria Barcarena, município com pólo industrial que utiliza um grande volume de energia, a mercê de uma mudança de regra tributária.

O marqueteiro baiano Duda Mendonça, aquele um, leso, que está fazendo a campanha do sim, quando tentaram divi­dir a Bahia... Ulha! Lá, ele fez a campanha do não. Uma de suas peças publicitárias dizia: “Dividir a Bahia é como separar Cas­tro de Alves, Rui de Barbosa, Dorival de Caymmi...”. Égua de ti! Tá, cheiroso! Pois também não vou separar Mestre de Vieira, Batista de Campos, Nilson de Chaves, Dalcídio de Jurandir... Por tudo isso, no dia 11, vumbura maninhu, que eu voto é 55, eu. Tá selado, NÃO e NÃO!

O padre e a enfermeira

Quando Carlos Alberto Pinto da Silva resolveu dividir o seu tempo entre os fiéis da Igreja Ma­triz e os funcionários da Secretaria Municipal de Saúde, talvez não soubesse que iria causar tanta polêmica. Como sacerdote, Padre Carlos é bastante considerado. Como secretário, mostrou ser de­dicado, e conseguiu inaugurar uma das alas do que já de­veria ser o Hospital Materno Infantil. Pena que, em vez de batalhar por equipamentos novos, tenha remanejado al­guns que já estavam em funcionamento na cidade. Dessa forma, acabou despindo um santo para vestir outro. Padre Carlos não operou grandes milagres em sua nova emprei­ta, mas ainda assim, mesmo não sendo exatamente um pop star da Renovação Carismática, conseguiu angariar admiradores. Por tabela, despertou ciúme em políticos do município, que, em reação, à boca miúda, deitaram-lhe maledicências. Acabou forçado a ficar com a liturgia da missa e a abandonar o soro fisiológico.

Mantendo um olho na hóstia e outro no emplastro, Pa­dre Carlos voltou para a batina, mas insistiu no estetoscó­pio. Com o beneplácito do prefeito, deixou em seu lugar a enfermeira Eugênia Teles, sua subordinada. Desde então, embora já não esteja, por direito, à frente da Secretaria, o pároco continua a circular pelos bastidores.

Sobre a enfermeira, ainda é cedo para se formar juízo de valor, mas dizem que ela é uma pessoa sensata, com plenas condições de realizar um bom trabalho na Saúde. Sobre o padre, esse não é homem de muita fé. Não creu que o Gover­no do Estado estaria disposto a destinar mais recursos para a conclusão do Hospital Materno Infantil. Por isso, apressou­-se em dizer que daria um jeito de terminar a construção com verba da prefeitura mesmo. Só não disse quando. De qualquer forma, Padre Carlos é homem de muita sorte. Con­trariando a expectativa, o governador Jatene anunciou que, em 2012, vai injetar mais quatro milhões e setecentos mil reais na obra. É rezar que dê certo, pois a sofrida população barcarenense já não suporta mais o caos da saúde pública.

Nem aí!

Quanto mais os políticos de uma cidade se preo­cupam com a opinião pública, muito mais ra­pidamente a cidade evolui. Em lugares assim, independentemente de quanto a prefeitura consegue arrecadar em impostos, a população costuma ter serviços públicos de boa qualidade. Tudo funciona melhor, por um motivo bem simples: nessas sociedades, o que diz respeito à coisa pública é discutido bem mais a fundo, nos detalhes, uma vez que o problema em si, na su­perfície, já foi resolvido. Isso faz com que se consiga uma relação custo benefício mais favorável nas soluções de cada questão que se apresenta, otimizando assim a apli­cação dos recursos.

Paragominas é um bom exemplo de cidade onde os po­líticos, de uma forma geral, estão de antenas ligadas em re­lação ao que pensa a população. É isso o que faz com que o município tenha uma das melhores merendas escolares do País. Lá, ano após ano, não se discute apenas se a quan­tidade de merenda oferecida é suficiente, mas também a qualidade nutricional e o sabor de cada ingrediente, gas­tando-se para isso o mesmo recurso disponível.

Aqui em Barcarena, infelizmente, a classe política não está nem aí para o eleitor. Em um município como o nos­so, que tem em seu território empresas de mineração com importância relevante no cenário mundial, fato que nos ergue como um dos municípios paraenses com maior ar­recadação, a população é obrigada a conviver com servi­ços públicos de péssima qualidade, ou com a pura e sim­ples inexistência do mesmo, como é o caso do transporte público, que até hoje não foi regulamentado. Ocorre que, por aqui, mandato após mandato, de prefeito a vereador, conquista-se o voto com a troca de pequenos favores, e não com a eficiência de cada eleito. Enquanto não reagir­mos a esse tipo de politicagem infame, opinião que vale mesmo, só a do padrinho político, que financia o atraso.

Sem dó nem piedade

Quando O Cidadão circulou pela primeira vez, em 03 de julho de 2010, trouxe em suas pá­ginas uma proposta incomum a cidades com população em torno de cem mil habitantes, como é o caso de Barcarena. Nossa proposta, como já esperávamos, causou surpresa em muita gente por aqui, principalmente na classe política. Isso ocorreu devido ao fato de que, nós, que fazemos este periódi­co, decidimos, por princípio, tratar os temas políticos de forma séria e independente, livre da pauta comum a jornais que, quando não se ocupam em bajular os ami­gos, perseguem os inimigos.

Quase um ano e meio após o lançamento de O Cidadão, ainda há quem estranhe a linha editorial deste Jornal. Um dos motivos do estranhamento que causamos, especial­mente em quem ocupa cargo público, é a nossa vocação para a crítica. Somos tão afeitos a ela, que chegamos a cri­ticar até mesmo a nós próprios, sem dó nem piedade – daí nossa obstinação em fazer uso da coluna de errata. Há não muito tempo, ouviu-se, da tribuna da Câmara Municipal, um vereador protestar, insatisfeito com a nossa maneira de agir, bradando que, para O Cidadão, “não existe político bom em Barcarena”. Recebemos a queixa com satisfação, uma vez que nossa intenção é exatamente a de criticar a todos, indistintamente.

Sim, temos por hábito a critica. E temos isso como mis­são. Numa sociedade evoluída, a crítica é coisa normal, necessária e corriqueira. Os políticos barcarenenses já deveriam, inclusive, ter se acostumado a esse, digamos assim, desconforto, até porque, por uma questão de ética, não avançamos na vida particular de ninguém, nos aten­do apenas e tão somente no que é de interesse público. No mais, embora não sejamos os donos da verdade, é apon­tando erros que contribuímos para o desenvolvimento econômico e social do nosso município.

Sensação de déjà vu

A expressão francesa déjà vu (“já visto”, em tradu­ção literal), reação psicológica que faz com que tenhamos a sensação de que já estivemos ante­riormente em determinado lugar aonde nunca fomos de fato, ou de que já vivenciamos no passado a mesma situação vivida no presente, pode, tranquilamente, ser usada por alguém que, tendo ciência do que ocorreu na rede públi­ca de ensino barcarenense no mês de maio deste ano, volta, repetinamente, à realidade atual. A diferença é que, no nosso caso, não se trata apenas de uma sensação psicológica, e sim de uma realidade, nua e crua, que insiste em se repetir. Cons­trangedoramente, falta merenda escolar em algumas escolas do município.

Agora, em meio à greve de professores da rede estadu­al, os educadores municipais ameaçam também para­lisar, chamando a atenção para o absurdo que, de forma nenhuma, poderia ainda estar acontecendo. Durante ma­nifestação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará - Sintepp, na terça-feira, 8, em frente à Câmara Municipal de Barcarena (ver matéria na página 3), uma professora, que não quis ser identificada, afirmou, em entrevista à reportagem de O Cidadão, que, mesmo nas escolas onde tem merenda, em algumas delas os alunos chegam a comer no chão.

Na edição nº 46, de 14 a 20 de maio deste ano, escrevi nesta coluna algo que, infelizmente, continua a valer para as tantas crianças carentes da nossa cidade, que vêm na merenda es­colar uma forma de aplacar a fome: “Por incompetência, o poder público permite faltar mil coisas em nosso município. Asfalto, saneamento, iluminação, limpeza, transporte... No caso da merenda, entretanto, falar em incompetência seria eufemismo. Até porque, fome dói. E quando se trata de uma criança passando fome, dói não apenas na criança, mas na alma de qualquer pessoa que tenha dignidade”.

Ó abre alas para o Bloco Pralamentar

Não houve sessão na Câmara de Vereadores de Barcarena, na terça-feira passada. O que seria a primeira reunião deste mês de novembro não aconteceu, e por um motivo singelo: os mes­mos parlamentares que foram capazes de dedicar um dia de suas sagradas férias de julho para votar – e aprovar – a entrega da Companhia de Águas de Barcarena nas mãos da Alfalix, se recusam a trabalhar em véspera de feriado, e o dia de finados, uma quarta-feira, caiu no dia seguinte ao da assembléia.

Em nossa cidade, a Câmara prevê apenas e tão somen­te uma sessão ordinária a cada semana. Isso não quer dizer que nossos representantes não tenham o que fazer nos de­mais dias úteis. Pelo menos em tese, faz parte do trabalho parlamentar ouvir a população, e em seguida propor leis que venham a resolver os problemas, vários, que surgem no mu­nicípio. Além disso, não podemos esquecer que nossos fati­gados vereadores também devem fiscalizar o poder executi­vo – obrigação, diga-se de passagem, difícil de ser cumprida, uma vez que, tanto a prefeitura quanto o próprio legislativo insistem em descumprir, na maior caradura, a Lei Comple­mentar 131, de Responsabilidade Fiscal.

Se os abnegados representantes do povo colocassem em prática o que manda a teoria, não estaríamos, por exemplo, a conviver com a falta de transporte público regulamentado (que nos deixa sem condução à noite), ou com a violência desmedida que nos espreita na escuridão das ruas mal ilumi­nadas da cidade. Ocorre que, enquanto os problemas se avo­lumam, nossos nobres eleitos perambulam por aí – que nin­guém é de ferro – a gastar o salário que pagamos a cada um deles. Nas poucas vezes em que comparecem ao plenário, desfilam então um carnaval de frivolidade e puxa-saquismo, ou encenam um bate-boca indecoroso e inútil, conforme a ocasião. Trabalho? Esqueça. Ó abre alas para o “Bloco Prala­mentar”, na terça-feira gorda da Casa do Povo.

A Casa do Povo, o Ministério Público e o boi voador

Ultimamente, um assunto tem entrado com fre­quência em discussão na Câmara de Vereadores. E sem solução. A Casa, acostumada a dizer “sim, senhor” ao executivo, agora tem – não se sabe até quando – um grupo dissidente. A “turma do contra”, liderada pelo vereador Ary Santos, defende que o parlamento muni­cipal passe a ter 17 eleitos, conforme permite a legislação fe­deral, enquanto o presidente da Câmara, Luiz Leão, advoga a manutenção das 10 cadeiras atuais, embora também tenha demonstrado simpatia pelo número 13 – ele, que viu sua can­didatura bater na trave no último pleito, quando se elegeu em oitavo lugar. Superstição, diria Zagallo, o Velho Lobo!

Argumentos, muitas vezes esdrúxulos, surgem aos bor­botões. Leão, por exemplo, chegou a perguntar (a frase foi publicada nessa coluna, na edição 68) “pra que aumentar, já que a população está desacreditada nos políticos?”. A idéia, inclusive, suscitou nas ruas comentários maliciosos, do tipo, “melhor então que ele defenda apenas nove vagas, e entregue o cargo”. Alguns vereadores alegam que o aumento no núme­ro de parlamentares iria onerar o caixa da instituição. Santos discorda, e diz que a Câmara tem recursos suficientes, o que me leva a concluir que tem dinheiro sobrando em algum lu­gar. Matemática, afinal, é ciência exata. A propósito, em seu renhido embate com Leão, Santos chegou, em determinado momento, a ameaçar chamar o Ministério Público, caso o presidente não apresente as contas da Casa.

O fato é que o debate, certamente, dar-se-ia de outra for­ma, isso se houvesse mais seriedade no trato com a coisa pú­blica. Sugiro que Ary Santos não apenas ameace, mas chame o MP com urgência, ou então venha a público dizer porque não o faz. Vale lembrar que Leão, que diz não ter medo de ameaças e já ter visto “boi voar”, tem o dever de prestar con­tas, não apenas aos colegas da Casa, e sim a toda a população, conforme manda a Lei Complementar 131. Na internet, e em tempo real.

Marmelada de banana

Até que enfim, eis uma boa notícia: o secretário municipal de Agricultura, Edson Anilo Cardoso, foi à Câmara de Vereadores, na sessão ordinária da terça-feira, 11, e comunicou aos presentes a sua pretensão de, periodicamente, comparecer àquela Casa e prestar contas do trabalho que vem desenvolvendo à frente da Secretaria. Naquele primeiro momento, informou, falaria sobre o Festival do Abacaxi, e nas próximas visitas passaria a tratar de outras questões. Ao cumprir o compromisso pactu­ado, Cardoso estará dando um passo importantíssimo para o desenvolvimento do município, uma vez que trará para de­bate público os assuntos relativos à sua alçada.

Promessas à parte, em sua primeira prestação de contas, o secretário não foi muito convincente. Para os festejos de 2011, declarou que foram investidos R$ 33.226,40 num tra­balho que envolveu 12 produtores, “onde cada um recebeu 1 hectare de área trabalhada”. Disse também que foram doados 1.750 quilos de adubo, além de 50.000 mudas de abacaxizei­ro. Trocando em miúdos, cada agricultor recebeu então 4.166 mudas e 145 quilos de adubo, ou seja, quase nada para quase ninguém. Principalmente em se tratando de uma Secretaria com verba de R$ 3.230.000,00 por ano, conforme informou o vereador José Santos, do PP.

Cardoso, que levou quatro produtores de abacaxi ao ple­nário, fez vários agradecimentos, dizendo ter formação em administração de empresas, com pós-graduação em enge­nharia de produção, mas que não realizou nada sozinho. Um dos agricultores convidados, Jorge Carvalho Pinheiro, infor­mou que, na verdade, não produz abacaxi, e sim hortaliças. Nesse caso, parodiando Gilberto Gil em sua música Sitio do Pica-Pau Amarelo, eu diria: marmelada de banana, abacaxi de hortaliça... Deu a louca na plantação. Pinheiro não infor­mou ter diploma, mas demonstrou sabedoria, ao sugerir ao secretário que peça algo em troca, quando fizer doações, e também que envolva mais produtores em seus projetos.

Curar a doença matando o paciente

Na terça-feira, 04, a Câmara Municipal de Bar­carena discutiu um assunto aguardado por muitos dos possíveis candidatos às próximas eleições. Entrou em pauta naquele dia se o mu­nicípio, que agora, segundo o IBGE, tem quase 100.000 ha­bitantes, deveria eleger um número maior de vereadores, conforme possibilita a legislação federal, mudando de dez para dezessete as vagas na Casa. Polêmico, o tema gerou uma controvérsia tão grande, que os parlamentares aca­baram por protelar a decisão. Adiamento à parte, durante a reunião, o presidente da Câmara, Luiz Leão, que defen­dia a manutenção das dez cadeiras atuais, usou um argu­mento que me deixou pasmo.

“Pra que aumentar, já que a população está desacreditada nos políticos?”, questionou o legislador. Ora, não é novidade para ninguém que a imagem dos nossos representantes, sal­vo raras exceções, é realmente das piores. Com tanta maracu­taia, impunidade e desprezo pelo eleitor, não seria mesmo de se esperar que a população pudesse ter opinião diferente. No entanto, pondo de lado a obviedade da afirmação do verea­dor, o raciocínio utilizado por ele fere o bom senso e agride a democracia, ao tratar a moralidade pública como uma ques­tão matemática, relacionada ao número de eleitos. Por essa lógica absurda, cura-se a doença matando o paciente, ou seja, resolve-se o problema fechando o parlamento.

Luiz Leão, com o seu argumento, parece não perceber que, em se tratando de reputação, pouco importa a Câmara ter dez ou dezessete membros. Os vereadores de Barcarena teriam uma imagem mais positiva se fizessem mais política e menos politicagem. Usando uma expressão popular, sairiam bem na foto se fizessem a coisa certa. Comparecer às sessões e votar prontamente os assuntos de interesse da população, fiscalizar o executivo, cumprir a Lei de Responsabilidade Fis­cal, não faltar com o decoro, são coisas que, certamente, aju­dam em muito o trabalho do retratista. Fazer o contrário, no entanto, isso sim é o que queima o filme.

Sobre merenda e Festival

Dia 1º deste mês de outubro, O Cidadão recebeu e-mail assinado pelo secretário municipal de Agricultura, Edson Anilo Cardoso. A correspon­dência, que está publicada na página 02 desta edição, rebate opiniões emitidas aqui nessa coluna em duas ocasiões, quando escrevi a respeito da merenda escolar (edi­ção nº 50) e do Festival do Abacaxi (edição nº 66). Em sua missiva, Cardoso, creio eu, deve ter confundido artigo com notícia, e sugere que eu tenha um “envolvimento político”. Ocorre que, enquanto articulista, sou livre para emitir opi­nião, mesmo que eu não concorde com o atual governo.

Entre outras coisas, Cardoso diz que eu teria feito parecer ser fácil incluir na merenda escolar produtos da agricultura familiar, e que eu não teria considerado a Lei 11.947, “que regulamenta a questão”. Como se a Lei dificultasse ou proi­bisse melhorias na merenda. Devo lembrar ao secretário que, na ocasião em que escrevi o artigo, faltava merenda na rede pública de ensino. Isso sim, além de ser contra a lei, é algo de triste memória. Quanto a ser fácil ou difícil implantar melhorias, entendo que o importante mesmo é saber o que é ou não possível fazer. Não podemos nos dar ao luxo de re­alizar apenas aquilo que consideramos fácil.

Sobre o Festival, Cardoso diz que eu estou há pouco tempo em Barcarena, e que, por isso, não seria do meu conhecimen­to que “o abacaxi, durante os quatro dias de festa, deixa de ser um produto agrícola”, e se torna apenas um símbolo cultural. Ora, o secretário, que vive em Barcarena há mais tempo que eu, comete um equivoco, e se esquece que o abacaxi é um símbolo cultural justamente pelo fato do município já ter sido famoso por produzi-lo. Além disso, o fato de se transformar em símbolo cultural não faz o abacaxi deixar de ser um pro­duto agrícola, embora falte incentivo para a sua produção. Contrariando o que pensa Cardoso, o fato é que a Secretaria Municipal de Agricultura pode sim fazer muito mais pelo município, mas para isso o secretário precisa parar de se dar por satisfeito. Com todo respeito, é preciso pensar grande.

Festival do Abandono

Mais uma vez, o Festival do Abacaxi deixa patente uma triste realidade; algo que, ano após ano, entra prefeito sai prefeito, políti­co nenhum tem se esforçado para mudar. Trata-se de um assunto de extrema importância para o município; um fato que, embora não seja novidade para ninguém, fica muito mais evidente por ocasião da tradicional festa barcarenense. Em sua 31ª edição, mais uma vez surge a pergunta que não quer calar. Aquela que todo mundo faz, mas que ninguém se predispõe a responder: aonde foi parar o abacaxi do Festival?

Mundo afora, festividades promovem e incentivam o cultivo do abacaxi, da laranja, do açaí, da maçã, da uva, das flores... O mesmo acontece em relação à pesca, à pecuária, etc. Um festival desse tipo sempre é um mo­mento de celebração, ocasião em que, orgulhosamente, um município busca mostrar o que tem ou faz de me­lhor. Aqui em Barcarena, no entanto, o Festival do Aba­caxi se transformou num carnaval fora de época e fora de propósito. Não que eu seja contra apresentações de música ou de dança. O problema é que o Festival trans­formou-se numa imensa zombaria.

Desde que foi agraciado com a indústria da minera­ção, nosso município abandonou por completo a sua agricultura. Como se não valesse mais a pena cultivar coisa alguma. De uns tempos para cá, até mesmo a bro­meliácea que dá nome ao Festival vêm de fora. A Pre­feitura jura que é produção local, como se a meia dú­zia consumida durante o festejo fosse coisa de grande monta. A grande verdade é que falta incentivo, não só para o plantio do abacaxi, como também para qualquer outra cultura. O Festival, que poderia ser algo bem mais abrangente, inclusive com uma participação popular bem maior, por enquanto tem servido apenas para lem­brar ao poder público que a agricultura do município está completamente abandonada, e que alguém precisa descascar esse abacaxi.

A escala Maracutaia

Quanto custa uma campanha política em Barcare­na? Quanto gasta, em média, cada candidato a ve­reador? E cada candidato a prefeito, quanto des­pende? Em se tratando de um município onde os políticos, via de regra, têm por hábito a infame compra de voto, não deve sair nada barato tentar ocupar um cargo eletivo. Comenta-se, em algumas rodas da cidade, que um pretendente à cadeira de prefeito, para ter chance real de chegar lá, não desembolsa menos de cinco milhões de reais. Até onde esses comentários são verdadeiros, não se sabe. Por outro lado, ninguém duvida que por aqui role um caixa dois polpudo, bem acima do que se registra no TRE.

Em nosso município, políticos retrógrados abundam. Gente da pior espécie, que tem por costume nada fazer pelo progresso e bem-estar da população. Essa é a forma que nossos mandatá­rios encontram de perpetuar o costume de comprar votos a tor­to e a direito na gigantesca massa de pessoas carentes, eleitores que sobrevivem com dificuldade pelos bairros pobres e invasões da nossa cidade, e ficam à mercê dessa prática vil. Essa manei­ra calhorda de fazer política, todos nós sabemos, é a causa da precariedade dos serviços públicos oferecidos ao povo barcare­nense. Infelizmente, aqui em nossa cidade, quando um político não peca por má vontade, peca por incompetência. Por falar em serviços precários, recentemente uma senhora que levou um fi­lho doente ao Hospital Municipal, por ironia do destino, acabou atingida por um ventilador de teto que desabou em sua cabeça, justamente no local onde se busca por saúde.

O nosso atual prefeito insiste em descumprir a Lei Com­plementar 131, que manda “disponibilizar a todo e qualquer cidadão, em meios eletrônicos de acesso publico (internet), informações pormenorizadas e atualizadas em tempo real, sobre a execução orçamentária” do município. Do mesmo mal padece a Câmara de Vereadores. Com as próximas elei­ções se aproximando, uma vez aberta a temporada de caça à grana, o desconfiômetro de muita gente já acusa um índice altíssimo na escala maracutaia.

O cordão dos puxa-sacos

Desde o dia em que foi nomeado alferes da Guarda Nacional, tudo mudou na vida de Jacobina, per­sonagem principal do conto “O Espelho”, de Ma­chado do Assis; mudança essa que tem tudo a ver com o que, na vida real, ocorre à grande maioria dos políticos de Barcarena. Não pretendo, neste artigo, adentrar na densi­dade do conto machadiano, que tem como tema a dualidade da alma humana. Detenho-me na transformação ocorrida a Jacobina a partir do momento em que lhe foi conferida a pa­tente militar, quando os que o cercavam passaram a ter com ele mesuras e bajulações nunca antes praticadas. “O certo é que todas essas coisas, carinhos, atenções, obséquios, fizeram em mim uma transformação, que o natural sentimento da mocidade ajudou e completou”, narra o alferes.

Poder e lisonja caminham juntos. E quanto maior a im­portância do título, ou a vaidade de quem o detém, maior o cordão de louvaminhas. Com o passar do tempo, presi­dentes, governadores, prefeitos, vereadores, muitos aca­bam acometidos pelo que chamo aqui de síndrome de Jacobina. Embevecidos com o poder, alguns deles chegam a cercear a voz daqueles poucos colaboradores que, em nome do bom senso e da responsabilidade, insistem em ser exceção à regra.

Em qualquer sociedade, se faz necessário a voz discor­dante. E como não se pode esperar que a crítica parta dos gabinetes, cada cidadão deve demonstrar sua insatisfação em relação a tudo aquilo que percebe de errado. Em Bar­carena, no entanto, devido à política assistencialista prati­cada ao longo do tempo, pouca gente exerce plenamen­te sua cidadania. É isso que nos faz ter que conviver com serviços de péssima qualidade, esgotos a céu aberto, obras inacabadas, etc. Se queremos uma sociedade melhor, pre­cisamos conscientizar a nossa população mais carente. Democracia não termina no voto.

Gente que lê jornal

O ato de ler jornal, numa cidade de população ca­rente como a de Barcarena, é privilégio de pou­cos. Isso não significa, naturalmente, que, para fazer parte desse pequeno grupo de pessoas que têm acesso à informação, seja necessário dispor de vulto­sas somas. Privilegiados, nesse caso específico, são aqueles que, não importa a classe social, conquistou o hábito da lei­tura. E não basta saber ler, é preciso querer ler. Do adoles­cente ao aposentado, lê jornal quem, por força do hábito, percebe a necessidade de estar bem informado.

Francis Bacon, um dos fundadores da ciência moderna, cunhou a expressão “Saber é poder”. Com essa sentença, Bacon se opunha ao conhecimento científico da época, que ele considerava estéril por não apresentar nenhum sentido prático ou funcional. Neste artigo, entretanto, faço uso da frase do filósofo e ensaísta inglês no sentido social. Por serem detentores da informação, leitores de jornal têm também o dever de modificar a sociedade onde vivem. Atores políticos que são, não podem se dar ao papel de meros figurantes na cena pública.

Leitores de jornal comentam a notícia, e formam opi­nião. Isso, por si só, já modifica o resultado de uma campa­nha política. Todavia, leitores de jornal podem e devem ir além. Aqui em Barcarena, ao que se sabe, nossos represen­tantes, tanto no executivo quanto no legislativo, não dão a mínima a quem os elegeu. O que nossos políticos tem nos apresentado não passa de uma política assistencialista, no sentido mais perverso do termo. Não nos basta, todavia, re­novar apenas o quadro político atual e esperar por tempos melhores. Até porque isso não nos garante absolutamente nada. Quando, por exemplo, a prefeitura não cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal, e nossos vereadores se fazem de cegos, surdos e mudos, cabe a cada um de nós, como cidadãos, reagir, e exigir que a Lei seja cumprida. Só assim seremos senhores do nosso destino.

O solo fértil da desconfiança

A Lei Complementar 101, aprovada no Congresso Nacional em 2000, também conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, foi alterada, em maio de 2009, pela Lei Complementar 131, com o intui­to de conferir transparência à gestão das contas públicas em todos os níveis. O texto aprovado diz que os gestores públicos do país ficam obrigados a disponibilizar a todo e qualquer cidadão, em meios eletrônicos de acesso publico (internet), informações pormenorizadas e atualizadas em tempo real, sobre a execução orçamentária (receitas e despesas) de todos os órgãos dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo da União, Estados, municípios e Distrito Federal.

Aos municípios que tenham entre cinquenta mil e cem mil habitantes, como é o caso de Barcarena, ficou estabele­cido o prazo de dois anos, a contar da data de publicação da nova Lei, para se adaptar. Esse prazo venceu em 27 de maio último, e, no entanto, até o presente momento, o prefeito João Carlos Dias não se dignou a cumpri-la. Você, leitor, tem idéia de quanto a Prefeitura de Barcarena arrecada de impostos, ano após ano? Pelo que temos de mineradoras instaladas no município, presume-se que não seja pouca coisa. O que está sendo feito desse, que por sinal é nosso, dinheiro?

Todos nós sabemos da importância de se fiscalizar o poder público. Principalmente em um município como o de Barcarena, de minguados e ineficientes serviços. Por aqui, além dos esgotos a céu aberto, ruas esburacadas, en­tre tantas outras mazelas que nos afligem, até merenda es­colar já se deixou faltar na boca de crianças carentes. Não são poucos os que duvidam da probidade administrativa dos nossos políticos. Ao descumprir a lei e não prestar con­ta do dinheiro alheio, seja por incompetência ou pelo que for, o nosso atual mandatário falta com o respeito com os cidadãos. Mais que isso, semeia em solo fértil a descon­fiança de que há algo de podre no reino de Barcarena.

Depositários da Esperança

Ano que vem tem eleições. Os candidatos, todos eles, já se posicionam abertamente em busca de apoio para o embate que se aproxima. Em jogo, a cadeira de prefeito, e talvez mais dezessete de vereador, em vez dos dez assentos atuais. Natural­mente, é cedo para afirmar com convicção quem sairá vence­dor, ou até mesmo quem sairá candidato. Ao que tudo indica, no entanto, dá para entrever, além dos inúmeros postulantes ao parlamento municipal, três fortes candidatos na luta para posar com a faixa de prefeito: Laurival Cunha, velha raposa da política, que tem bala na agulha e pretende voltar ao car­go; João Carlos Dias, que, embora esteja fazendo um governo abaixo da crítica, tem a máquina nas mãos; e Antônio Carlos Vilaça, que estreou perdendo a eleição passada, mas ganhou experiência, e agora é tido por alguns como favorito.

Dos três candidatos com chances reais de se eleger, Laurival e João Carlos, tanto pelo que fizeram quanto pelo que deixaram de fazer, já deram provas de inabilidade para gerir a coisa pública. Seria Vilaça, empresário de sucesso, uma espécie de salvador da pátria? É bom não criarmos muita expectativa, uma vez que os outros dois contendo­res também já foram depositários da esperança de muita gente. Politicamente, Vilaça é hoje apenas um ponto de in­terrogação, não mais que isso. Se eleito, pode sim se trans­formar em herói... Ou vilão.

Candidaturas à parte, nosso município pode vir a ser um lugar bem mais próximo daquilo que a gente sonha. Porém, certamente, nada acontecerá enquanto estivermos à espera de um milagre. Barcarena carece de lideranças atuantes. Nos­sos políticos só dão as caras em época de eleição. Depois dis­so, salvo raríssimas exceções (dizem que toda regra tem), aos vencedores fica a máquina, e aos vencidos a mais absoluta mudez. O lema por aqui tem sido “oposição zero”. Um bom exemplo, entre muitos, é a Lei Complementar 131, que versa sobre a transparência nas contas públicas. A prefeitura não a cumpre, e ninguém fala nada. Enquanto a população não re­agir, nada vai mudar.

Conquista de extrema importância

A equipe do Alunorte Rain Forest (ARF), que con­quistou, dia 6 último, na arena de Ekeberg, em Oslo, o vice-campeonato do mais importante torneio de futebol infanto-juvenil do mundo, a Copa da Noruega, naturalmente, enche de orgu­lho cada um de nós, barcarenenses. O título alcançado, no entanto, é apenas parte de uma conquista maior, que vem acontecendo há onze anos, quando surgiu o projeto social “Bola pra Frente, Educação pra Gente”, da Alunorte. Cada um dos dezoito garotos que realizaram a façanha histórica, assim como as dezoito garotas que formaram a equipe feminina do ARF (pela primeira vez da Copa), sem contar os inúme­ros outros adolescentes que participaram da competição nos anos anteriores, conquistaram algo de extrema importância: o exercício da plena cidadania.

Ao chegar à Noruega, a delegação do Alunorte Rain Forest prestou homenagem às vitimas do atentado terrorista ocorrido dias antes naquele país. Esse gesto de solidariedade demonstra bem o espírito do projeto, que reúne, a cada ano, estudantes da rede pública de ensino. O “Bola pra Frente”, tendo como atrativo o futebol, promove a educação e cidadania de jovens do muni­cípio, através de aulas que incluem, entre outros temas, historia, inglês e realidade social. Além disso, são exigidas, de cada partici­pante, boas notas no colégio onde estudam.

Ao finalizar este artigo, quero parabenizar os jovens Adriel­son, Andrey, Breno, Danrley, Diego, Fábio, Francesco, Jailson, Jefferson, João, Landoaldo, Leandro, Lucas, Silvio, Thiago, Victor e William, que, brilhantemente, conquistaram o vice­-campeonato. De parabéns estão também Claudivane, Hel­len, Jaqueline, Jamili, Janaina, Jéssica, Karen, Karla, Luana, Leila, Marilene, Michelly, Suellen, Yandra, Rosalia, Rosane e Sibele, que formaram a primeira equipe feminina do ARF na Copa. Não poderia esquecer, claro, de todas as outras pessoas que, nos bastidores do projeto, fazem o “Bola pra Frente, Edu­cação pra Gente”, ano após ano, acontecer.

Esperança versus desconfiança

Na sessão ordinária do dia 02 de junho da Câma­ra de Vereadores de Barcarena, o vereador Ary Santos fez uso da tribuna daquela Casa, para tratar, mais uma vez, da regulamentação do transporte coletivo. Reclamou, o edil, do arti­go publicado nessa coluna, na edição de O CIDADÃO nº 57 (semana de 30 de julho a 05 de agosto), onde eu dizia estar desconfiado de que ele acabaria não cumprindo a promessa de resolver a questão do transporte público do município, dentro do prazo estipulado por ele próprio, que se encerraria no final deste ano.

Na mesma sessão, o presidente da Casa, Luis Leão, tam­bém reclamou deste periódico. No entanto, ficou bem claro a diferença entre os dois discursos. Enquanto Leão, atabalho­adamente, tentou desmerecer a seriedade e ética do Jornal, caluniando os seus diretores, ao tempo em que também le­vantou suspeita sobre os colegas de Casa, Santos optou por usar uma linha diferente: a do bom senso. Em sua fala, Santos requereu, do executivo municipal, cópia do esboço de proje­to de lei que teria sido elaborado em algumas reuniões.

A minha desconfiança persiste, e tenho motivos pra isso. Primeiro, porque a regulamentação não partiu, conforme escrevi naquele artigo, do poder legislativo ou da prefeitura, e sim da insatisfação popular, isso em razão da lentidão como a coisa pública é tratada no município; segundo, porque, por mais boa vontade que venha a ter o vereador, a regulamenta­ção não depende apenas dele. Por outro lado, surge um fio de esperança. Em seu discurso, Santos demonstrou estar atento à opinião pública, e, ao invés de tentar denegrir o trabalho da imprensa, discordou do parecer aqui emitido, mas de forma tranquila e sensata. Mais que isso, cuidou de agir, dando se­guimento ao seu trabalho. Com isso, o vereador Ary Santos subiu em meu conceito. Quem sabe, no final do ano, não ve­nhamos a ter uma boa surpresa?!

Entre a calúnia e a prevaricação

O vereador Luiz Leão, ao que parece, não é muito afeito a críticas. Embora seja figura carimbada na política barcarenense, não consegue compreen­der que, numa democracia, quem exerce cargo público, gostando ou não, está sempre sujeito a ser criticado. Não satisfeito em sua ojeriza a crítica, o edil acredi­ta, tolamente, que pode calar um órgão de imprensa, usando para isso o rasteiro e infame expediente da ameaça. Furioso com algumas matérias publicadas a seu respeito neste Jornal O CIDADÃO, o vereador, na sessão da terça-feira última, fez uso da tribuna da Câmara, na tentativa inútil de intimidar os diretores deste periódico.

Em discurso repleto de calunias, bobagens e insinuações, após declarar que, para O CIDADÃO, “não tem político bom, só ruim”, e dizer que este Jornal “fala mal” dos dez vereadores do município, prefeito, vice-prefeito, ex-prefeito, e também de deputados, Leão se contradisse, reclamando que “parece que é só o Leão que é a atração em Barcarena”, afirmando então, de forma vil e velhaca, que estaria sendo criticado porque o Jornal teria tentado extorquir trinta mil reais da Câmara. Du­rante o tresloucado da oratória, Leão afirmou ainda que este Jornal saberia “os defeitos de alguns vereadores”, e, em tom de ameaça, que esses vereadores também saberiam “os defei­tos” do Jornal.

Aqui cabe a pergunta: quais seriam esses “defeitos”? Esta­ria, o vereador, acobertando delitos cometidos, incorrendo assim o presidente da Casa em crime de prevaricação, ou seriam os “defeitos” uma falsa imputação, o que o levaria ao crime de calúnia? De antemão, o Jornal O CIDADÃO repudia essa e todas as outras leviandades proferidas pelo vereador, e irá interpelá-lo judicialmente. No que diz respeito aos demais vereadores do município, resta, em defesa da moralidade e da honra, a abertura de processo contra Luiz Leão por falta de decoro. Ou então o silêncio.

Ação e reação

O município de Barcarena, embora tenha qua­se cem mil habitantes, continua não contando com transporte público regulamentado. Abor­damos o tema em fevereiro passado (edição 35, página 04, matéria “Transporte coletivo de Barcarena poderá ser regulamentado ainda em 2011”), ocasião em que o vereador Ary Santos, delegado pela Câ­mara Municipal para tratar do assunto junto ao Ministério Público, afirmou que até o final deste ano, tudo estaria re­solvido. Na época, cheguei a comentar, aqui nesta coluna de artigo, que, apesar de achar que esse assunto poderia ser resolvido em bem menos tempo, estava descrente da afirmação do parlamentar. Tinha, e ainda tenho, motivos para tal desconfiança.

A iniciativa de regulamentar o transporte não partiu, como seria de se esperar, da Câmara de Vereadores, ou mesmo do Poder Executivo. Antes disso, surgiu da insatisfação popular. Em 2010, a Associação dos Moradores do Aipim, juntamente com a Associação dos Universitários de Barcarena e a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Barcarena, en­traram com representação junto ao Ministério Público. Ainda em maio daquele ano, foi realizada uma audiência para dis­cutir o problema, onde estiveram, entre outros presentes, o vereador Ary Santos e o vice-prefeito Renato Ogawa. De lá pra cá, nada mais aconteceu.

De tempo em tempo, a Câmara de Barcarena é acometida por um surto de agilidade. O mesmo também ocorre com o executivo municipal. O problema é que, quando isso aconte­ce, é sempre às escondidas, unicamente para tomar decisões opostas à população. No mais, vale o marasmo de sempre. Enquanto isso, o município continua a conviver com graves mazelas, que bem poderiam ser sanadas, caso os nossos polí­ticos tivessem um pouco mais de compromisso com o eleitor. Resta-nos, nas próximas eleições, fazer valer a Terceira Lei de Newton, e reagir.

Nó em pingo d’água

Dia 9 último, 11 dias após entrar em recesso, a Câmara de Vereadores de Barcarena voltou a se reunir, dessa vez a portas fechadas. Os nossos nobres vereadores fizeram uma pe­quena pausa em suas férias, somente para aprovar uma lei um tanto quanto estranha, autorizan­do o prefeito João Carlos Dias a outorgar, sob o regi­me de concessão, a prestação dos serviços públicos de água e esgoto de Barcarena. Logo em seguida, no dia 14 deste mês de julho, usando de uma celeridade que não lhe é muito peculiar, João Carlos já havia sancio­nado a dita-cuja. Ocorre que o prefeito extrapolou em sua agilidade, e foi tão rápido, mas tão ligeiro, que pas­sou a outrem a companhia Águas de Barcarena, acre­dite se puder, no mês anterior, em junho, antes mesmo de ser autorizado. Aliás, rápida também foi a empresa presenteada com a concessão, a Alfalix Ambiental, que não perdeu tempo em estabelecer nova tarifa, com au­mento de mais de cem por cento.

Mas, afinal, que firma é essa tal de Alfalix? De onde surgiu, ninguém sabe, ninguém viu. Quem garante que essa empresa tem capital suficiente para investir no nosso já combalido sistema d’água? Já tem gente na cidade desconfiando que o aumento na tarifa sir­va apenas de caixa dois na campanha política que se aproxima.

É público e notório o descaso com que a Prefeitura de Barcarena, desde sempre, vem tratando o abaste­cimento d’água do município. O que não se esperava era essa mudança abrupta, feita a toque de caixa, às escondidas, aos atropelos da lei e do bom senso. João Carlos Dias resolveu, valendo-se da prestimosa e es­tranhíssima ajuda da Câmara, dar nó nos poucos pin­gos d’água que saíam das tubulações da malfadada Águas de Barcarena. Agora nos resta entrar pelo cano, reclamar pro bispo, ou então, num ato de desobediên­cia civil, deixar de pagar a tarifa que querem nos enfiar goela abaixo.

Mais um caso para o Ministério Público

A revitalização da orla de Barcarena Sede já se arrasta desde o governo passado, e nada de terminar. Sai Laurival Cunha, entra João Car­los Dias, e a obra, que fica situada bem em frente ao prédio da prefeitura, nunca chega ao final. Se estivéssemos tratando de um projeto gran­dioso, de vulto, que demandasse verbas altíssimas, vá lá, até daria para entender. Porém, o que temos ali, ou melhor, teríamos, não é nada mais que um muro de arrimo, algumas calçadas, um portilho de passageiros, além de meia dúzia de quiosques.

Mas nem só de lerdeza vivem os gestores públicos do nosso município. Como se não bastasse a demora na conclusão, algo que, inclusive, encarece considera­velmente a obra, o pouco que foi executado até agora, para se dizer o mínimo, é de qualidade um tanto quan­to duvidosa. Por sinal, o muro de arrimo, construído na gestão Cunha, está sendo, tristemente, levado pela maré. Como não é hábito da Prefeitura de Barcarena exibir contas públicas com transparência e clareza, não dá para mensurar com exatidão o tamanho do prejuízo. Porém, segundo algumas fontes, foram gas­tos, só de verba federal, mais de cinco milhões de reais na obra. Dinheiro que também foi levado pela maré, junto com o tal muro, que de arrimo só tem o nome.

O desmoronamento tem sido tratado pela prefei­tura como um fato prosaico, acontecimento fortuito, cuja culpa é da Natureza. Algo do tipo, “estava pronto, o rio levou, a gente faz de novo”. Ocorre, no entanto, que não se tem notícia de nenhum tsunami ou algo parecido por aqui. Felizmente, os nossos rios não cos­tumam nos causar esse tipo de surpresa. Sendo assim, é hora de cair na real. Uma obra pública tem que ter garantia. Se, mesmo antes de concluir a revitalização da orla, o muro de contenção está descendo rio abaixo, alguém tem que ser responsabilizado. A história tem demonstrado que nossos vereadores não costumam fiscalizar o executivo. Resta-nos, então, esperar pela ação do Ministério Público.

Papel de otários

Vez por outra, aparece um vereador na Câma­ra de Barcarena fazendo requerimento para que a Prefeitura, assim como que, por favor, troque meia dúzia de lâmpadas queimadas em uma passagem, outra meia dúzia em uma rua. Solicitar ao prefeito que substitua uma lâmpada, um poste, em princípio, seria algo correto, afinal, ruas claras e devidamente iluminadas têm tudo a ver com a tranquilidade e a segurança de quem chega ou sai de casa à noite. Ocorre que, ao fazer tais requerimentos, o vereador resvala no objetivo e erra na forma. E erra feio.

Não é à toa que pagamos tão caro pela energia que consumimos em nossas residências. Basta pegar uma conta da Rede Celpa para ver a quantidade de impos­tos embutidos; transferências compulsórias de valores que elevam às alturas o preço pago pelo que efetiva­mente consumimos. De cada cem reais que pagamos, em torno de quarenta e cinco são tributos. União, es­tados e municípios, todos metem a mão no bolso do contribuinte e levam a sua parte, o seu quinhão. Um desses impostos é a famosa taxa de iluminação públi­ca, que é repassada ao executivo municipal com fina­lidade obvia e específica. Uma vez que Barcarena vive às escuras, surge a pergunta: o que é feito do meu, do seu, do nosso dinheiro?

Não cabe aos vereadores fiscalizar o executivo? Então, por que, em vez de ficar pedindo obséquios, a Câmara não instala logo uma CPI para apurar em que ralo está escorrendo a verba que, compulsoriamente, nos é cobrada? Se a Prefeitura não cumpre a sua obri­gação de iluminar as ruas da cidade, não é dever de cada parlamentar questionar o motivo? O nosso mu­nicípio é extremamente violento. É assalto no Conde, facada no Laranjal, tiroteio em Barcarena Sede, as­sassinato em Itupanema, latrocínio no Pioneiro, tudo facilitado pela escuridão das vias públicas. Enquanto isso, a Câmara de Vereadores deixa de lado o seu papel de fiscal e passa ao de pedinte, de mendicante. Pior, nos remete, consequentemente, ao papel de otários.

Galo bom de briga

Após 99 edições do Campeonato Paraense de Fu­tebol, finalmente um clube do interior levantou a taça de campeão. Coube ao “Galo Elétrico”, como também é conhecido o Independente Atlético Clube, de Tucuruí, acabar com o quase cente­nário tabu. A proeza aconteceu em cima do tradicional Paysandu Sport Clube, domingo último, em pleno Estádio Olímpico Jornalista Edgar Proença, o Mangueirão. Antes da façanha tucuruiense, somente quatro agremiações haviam conquistado a competição. Além do extinto União Esporti­vo, que venceu os dois primeiros certames, em 1908 e 1910 (não houve campeonato em 1909), apenas o Paysandu (com 44 títulos), o Clube do Remo (com 42) e a Tuna Luso Brasileira (com 10) haviam erguido a taça. Por sinal, o últi­mo campeonato vencido pela Tuna foi o de 1988. De lá para cá, Remo e Paysandu reinavam absolutos, até que o Inde­pendente cantou de galo no terreiro do inimigo.

A admirável trajetória do clube que quebrou a hegemo­nia dos dois grandes da capital, naturalmente, enche de orgulho toda a gente do interior do Pará. O povo de Tucu­ruí, esse então, nem cabe em si com a conquista, que foi noticiada nas televisões e jornais do Brasil inteiro. Como se sabe, o esporte, de uma forma geral, não apenas mexe com os brios de uma população. Mais que isso, movimenta a economia, além de ser uma ferramenta extraordinária de transformação social. A Alunorte, por exemplo, desenvol­ve um trabalho fantástico com o projeto Rain Forest.

Nós, de Barcarena, temos plenas condições de disputar o Campeonato Paraense. De acordo com o IBGE, o nosso município, assim como o de Tucuruí, tem população de quase cem mil pessoas. O Estádio Laurival Campos Cunha já serviu por diversas vezes como campo de treinamento para Remo e Paysandu, devido ao excelente estado do seu gramado. Com alguma reforma, poderíamos inclusive se­diar jogos. Além do mais, ao contrário da cidade do Sudes­te do Pará, estamos a poucos quilômetros de Belém, algo que é, sem dúvida, uma grande vantagem. Se buscássemos montar uma equipe, utilizando talentos aqui mesmo do município, poderíamos, com profissionalismo, ir longe.

Nem contra, nem a favor. Muito pelo contrário

Câmara de Vereadores de Barcarena tem dez parla­mentares, de seis partidos diferentes. Em princípio, isso deveria garantir a pluralidade de pensamento indispensável num bom legislativo. O município, que nas últimas eleições optou por João Carlos Dias para prefeito com 21.218 votos, disse sim 20.600 vezes a Antônio Carlos Vilaça. Uma eleição que termina com números dessa natureza, quase um empate, tende a produzir no parlamento uma oposição forte, o que leva, naturalmente, a debates aca­lorados, e a proposições diversas para cada tema em pauta. No entanto, não é bem isso o que se vê na Casa.

Dos dez vereadores com assento na Câmara, nove forma­ram a coligação União e Trabalho por Barcarena, que condu­ziu Dias à vitória. Alziane Cunha, Luiz da Costa Leão e João Maciel Batista (PDT), Lúcia Nascimento e Ary Santos (PMN), Junior Américo e Luis Tavares (PSL), José Santos (PP), além de Paulo Ronildo (PSDB), subiram no palanque vencedor. Res­tou, do lado oposto, Laura Amélia Marques, que pertence ao PSC, mesmo partido de Vilaça, e que amealhou apenas 568 votos, mas garantiu uma cadeira. Vilaça, que quase tomou a prefeitura, não conseguiu transferir prestígio aos candidatos da sua legenda. E como uma Laurinha só não faz verão...

Entretanto, a Câmara, embora não tenha por costume se opor ao executivo, também não é, simplesmente, situacio­nista. Ocorre que João Carlos Dias, para se eleger, precisou contar com o então prefeito Laurival Magno Cunha, um an­tigo adversário, aliado de última hora. Após a eleição, Cunha e Dias passaram a viver entre tapas e beijos. Enquanto o primeiro quer voltar ao cargo, o outro, naturalmente, pen­sa na reeleição. Não se sabe ao certo quantos vereadores, atualmente, são pró Laurivalzinho, que já não conta com a máquina de fabricar correligionários. O que se sabe é que a Câmara, presa a interesses de bastidores, não ama nem despreza, não morde nem assopra, e se entrega a debates insípidos, mornos, sem entusiasmo. A população, infeliz­mente, só tem a perder com isso.

Governo Cambaleante

A Câmara de Vereadores aprovou, na reunião do último dia 07, o requerimento 001/2011, priori­zando para a comunidade do Pioneiro, em vez da do Laranjal, o programa Governo Itinerante, da Prefeitura de Barcarena. Para quem já não se lembra, a “iti­nerância” de João Carlos Dias começou em agosto do ano passado, em Vila do Conde, logo após o prefeito se livrar do processo de cassação por crime eleitoral, denúncia que pe­sava contra ele e seu vice, Renato Ogawa. O projeto deter­mina que, a cada dois meses, o prefeito, juntamente como o vice e secretários, se façam presentes em uma localidade do município, durante dez dias, de forma a poder sentir de perto os problemas da população, buscando em seguida so­lucionar cada questão apresentada.

Na época em que o programa foi anunciado, espalhou­-se pela cidade o comentário, à boca miúda, de que, livre da cassação, Dias iria finalmente trabalhar em prol do povo barcarenense. Ledo engano. O Governo Itinerante chegou ao Conde com três dias de atraso, e ao sair de lá, empacou feito mula treteira. Quase um ano depois, João Carlos, que durante esse tempo se ausentou por diversas vezes do município, por aqui nunca mais se deu a itinerário nenhum. Enquanto isso, a Câmara Municipal entende que o Laranjal e o Pioneiro de­vem continuar esperando pelo prefeito. Lamentavelmente, os nossos nobres vereadores querem que os cidadãos daque­les bairros, assim por decreto, sejam como os sebastianistas; portugueses que ainda hoje, por superstição, esperam pela volta de D. Sebastião, rei lusitano que, lá pelos idos de 1500, desapareceu na África.

Pensando objetivamente, o Governo Itinerante não passa de um projeto sem razão de ser, um discurso vazio, uma burocra­cia inútil. Do pouco que se fez no Conde, não se tem notícia de nenhuma mudança que não pudesse acontecer sem o progra­ma. Já se aproximando do final do mandato, João Carlos Dias se apresenta cambaleante, e sem dizer ao que veio. E parece não compreender que, para botar os pés num bairro do seu próprio município, um prefeito não precisa alardear aos quatro ventos, transpor fronteiras nem tirar passaporte. Basta querer.

Uma ideia simples

Na edição da semana passada (O Cidadão nº 49), escrevi aqui nesse espaço um compara­tivo entre a merenda escolar de Barcarena e a de Paragominas. Enquanto o nosso muni­cípio passa por uma crise vexatória (falta merenda na rede de ensino), o outro vence, pela sétima vez conse­cutiva, o premio Gestor Eficiente da Merenda Escolar. Sem querer ser o dono da verdade, resolvi, agora, dar uma humilde contribuição. Uma ideia simples, mas que pode vir a ser uma verdadeira revolução, em âm­bito nacional, envolvendo o programa Bolsa Cidadão, que é a atual versão barcarenense do Bolsa Família do governo federal.

Acredito que a Prefeitura de Barcarena poderia construir, em áreas próximas a cada um dos principais distritos do município (Barcarena Sede, Cafezal, São Francisco, Vila dos Cabanos e Vila do Conde), granjas onde chefes de famílias cadastrados no Bolsa Cidadão criariam frangos e porcos, e plantariam hortaliças, fru­tas, macaxeira, milho, etc., produção a ser destinada à merenda escolar. Cada cidadão envolvido receberia um salário mínimo, e trabalharia um turno. No turno seguinte fariam cursos técnicos. Esses cidadãos pas­sariam, por exemplo, um ano no programa, e depois dariam vez a outras famílias. As pessoas envolvidas ga­nhariam mais do que recebem atualmente, e estariam dando uma contrapartida. Esse seria um projeto que, muito provavelmente, contaria com a colaboração da Embrapa (na assistência técnica), do Sine (que bus­caria emprego para aqueles que estivessem saindo do programa), e de grandes empresas sediadas no municí­pio (numa parceria financeira para a implantação).

Segundo o que foi dito recentemente em audiência no Ministério Público, a prefeitura usa boa parte da verba a ser aplicada na merenda comprando de empresas de Belém. Naturalmente, esse dinheiro bem que poderia ser destinado à famílias carentes aqui do município.