sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A sombra é para poucos!

Nosso município apresenta uma infinidade de problemas sérios, muitos deles de difícil solução. Por ineficiência ou até mesmo por pura e simples negligência do poder público, fomos, ao longo do tempo, acumulando problemas, ou piorando os já existentes. Até mesmo coisas básicas como asfalto, rede d’água e de esgoto, etc., é artigo de luxo por aqui. Como se não bastasse, ainda temos que conviver com o desemprego, com a violência generalizada, entre muitas outras mazelas. São tantos os problemas, que alguns deles nos passam despercebidos. 

É ditado popular, que “o sol nasce para todos!”. Há quem diga, em tom de brincadeira, que “o sol nasce para todos, mas a sombra é para poucos”. No caso de Barcarena, literalmente, é isso o que acontece. Com exceção de Vila dos Cabanos, é muito sol e pouca sombra, numa cidade sem árvores. Vila dos Cabanos, por sinal, é um distrito arborizado única e exclusivamente devido ao projeto urbanístico desenvolvido pela Vale, na década de 80. Se fossemos depender do poder público... Sexta-feira, 21, foi o Dia da Árvore, e até onde se sabe, ninguém tocou no assunto. A propósito, o Partido Verde, que está atrás de voto, perdeu a oportunidade de sair às ruas e movimentar a cidade inteira em torno do tema. 

Arborizar uma cidade requer muito tempo, mas poucos recursos. Por isso mesmo, está mais do que na hora de cobrar do poder público uma solução para o calor escaldante, muitas vezes acima dos 35 graus, que, inclusive, é um dos motivos que faz o comércio fechar, do meio dia até as três da tarde, e que já fez nosso município ser notícia, das piores, do outro lado do País, no jornal O Estado de São Paulo (edição de 27 de novembro de 2011). Deixo aqui uma sugestão para o próximo prefeito: que tal envolver a rede pública de ensino num grande plantio de mudas? Assim, estaríamos também plantando em nossa juventude uma semente de amor à Barcarena!

O quarto grupo

Ultimamente, os atuais vereadores barcarenenses têm estado com a pulga atrás da orelha, preocupadíssimos com o crescimento da onda de renovação política que se alastra pela cidade, nestas eleições. A agitação dos parlamentares é tão grande, que até mesmo da tribuna, lugar onde os nobres colegas deveriam ocupar em busca de solução para os enormes problemas que assolam o município, é possível ver membros do parlamento choramingarem, contabilizando os prováveis votos perdidos.

O que os atuais membros da Câmara Municipal não percebem, ou não querem perceber, é que essa onda de renovação não é algo novo. Nas eleições de 2010, por exemplo, o eleitor barcarenense já havia dado sinal de descontentamento com a atual situação em que se encontra o município, reduzindo em quase a metade (de 13.010 para 7.575) os votos dados para a então candidata Ana Cunha, que por pouco não ficou de fora da Assembléia Legislativa do Estado. 

Com exceção do vereador Luiz Leão, que, mesmo metendo a mão, contumaz e desavergonhadamente, no dinheiro da população, e de um ou outro vereador que prefere não tomar partido, afirma não acreditar que o povo o rejeite, o tema divide a Câmara em três grupos distintos, cada um com uma desculpa furada. O primeiro grupo culpa o eleitor, que, unicamente pelo fato dos parlamentares ocuparem cargo público, os estaria rejeitando. O segundo grupo atribui a culpa ao prefeito João Carlos Dias, que não estaria atendendo aos requerimentos dos edis. O terceiro grupo culpa o Jornal O CIDADÃO, que estaria perseguindo os parlamentares. Faltou apenas a formação de um quarto grupo, que caísse na real, e percebesse que o eleitor barcarenense não está nem um pouco satisfeito com vereadores que descumprem a lei, que não votam prontamente os assuntos de interesse da população, que não fiscalizam o executivo, e que, quando não faltam ao trabalho, faltam com o decoro.

O expediente manjado do vereador


Tenho emitido, ao longo do tempo, opiniões sobre diversos assuntos referentes ao nosso município, de forma a contribuir para o debate tão necessário à solução dos tantos problemas, a maioria deles crônicos, que atingem a nossa população. Ao fazê-lo, desperto, muitas vezes, o furor do poder público, tanto por parte do executivo quanto do legislativo municipal. Essa, digamos assim, desavença, no entanto, não ocorre porque esse ou aquele político discorde ou não do que esteja escrito aqui, e sim devido à ojeriza que o poder público barcarenense tem a qualquer tipo de debate.

Salvo raríssimas exceções, os políticos do município tem crise de alergia, de urticária, quando ouvem a palavra debate. E nem poderia ser diferente. Debater dificulta negócios escusos, e resvala em telhados de vidro. Debater é próprio apenas de pessoas íntegras, sérias, que prestam conta do que fazem. O que impressiona é que, quando algum político é criticado, ou então denunciado, seja por quem for, não costumam rebater a crítica ou a denúncia. Preferem tentar, de forma leviana, denegrir a imagem de quem critica ou denuncia, no intuito deslavado de mudar o foco do assunto. Usam assim de uma técnica velha e manjada, usada por dez entre dez políticos pilantras desde o tempo do ronca.

Na sessão ordinária de terça-feira, 04, da Câmara de Vereadores, o presidente da Casa, Luiz Leão, disse em tom de ironia, que eu seria “uma boa pessoa”. Devo esclarecer ao parlamentar que, mesmo que eu não fosse uma boa pessoa, como ele insinua, ainda assim ele deveria, entre outras coisas, prestar contas da verba que chega mensalmente à Câmara, uma bolada que seus próprios colegas de parlamento afirmam, claramente e da tribuna, que ele rouba. Dinheirama que, certamente, faz falta em hospitais do município, por exemplo.

Recado aos políticos de Barcarena


Os Cunha estão há tanto tempo no poder, que se fossem administradores pelo menos razoáveis, Barcarena seria, certamente, um lugar bem melhor para se viver. Razões para isso não faltam. Município com localização privilegiadíssima, distante apenas 40 quilômetros de Belém em linha reta, o que, com as praias que temos, nos coloca como pólo turístico em potencial, é aqui também que está situado o maior porto do Norte do Brasil, fato que possibilitou o surgimento, na década de 80, da indústria de mineração que nos transformou na terceira maior arrecadação do Pará e no principal destino do investimento estrangeiro no Brasil. Mesmo assim, temos, ano após ano, que conviver com serviços públicos precários, desemprego, altos índices de criminalidade, etc.

De Laurival Campos Cunha, o pai, até Laurival Magno Cunha, o filho, foram 18 anos no comando da Prefeitura, sem contar os mandatos de prefeitos indicados pela família, entre eles o atual, João Carlos Dias, que foi apoiado por Laurivalzinho para sucedê-lo, e que afundou o município numa situação tão caótica, mas tão caótica, que agora dá margem até para que o mesmo Laurivalzinho, de novo candidato, tenha a má ideia de pregar uma volta ao passado, como se no passado Barcarena tivesse vivido num mar de rosas. É fato que João Carlos, péssimo pau-mandado que é, piorou ainda mais as coisas, mas dizer que antes era bom... Fala sério!

Laurival Cunha não administra bem sequer o serviço de balsa da empresa de navegação de sua propriedade, por sinal, uma concessão de transporte público que precisa ser revista, tal as péssimas condições em que é prestado. Já Antônio Carlos Vilaça, segundo muita gente diz, é um empresário de sucesso. Poderá vir a ser um bom prefeito? Se isso não é provável, no mínimo é possível. O que eu sei, mesmo, é que chegou a hora da mudança, pois ao dizermos não aos Cunha, estaremos mandando um recado a todos os políticos de Barcarena: o de que já não aceitamos mais o desmando que atualmente impera em nossa cidade.