terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Lição de vida

Fim de ano sempre é ocasião propícia para se fazer um balanço das conquistas e frustações pelas quais passamos, não apenas no decorrer dos últimos doze meses, mas ao longo da vida. É a hora em que colocamos na balança os nossos erros e acertos, e prometemos para nós próprios não cometer os mesmos equívocos do passado. Fim de ano também é ocasião que nos favorece, uma vez que podemos zerar tudo e começar de novo, mesmo sabendo que, como seres humanos, falhos que somos, continuaremos a errar vida afora, seja pela coragem de tentar coisas novas, ou simplesmente pelo fato de, como seres humanos, falhos que somos, incidir em erros antigos. Assim, perdoamo-nos, e seguimos em frente. Até porque, se “no meio do caminho tinha uma pedra”, tinha também uma poesia, e a vida é mesmo uma dádiva maravilhosa. Se fossemos perfeitos e infalíveis, talvez nem tivesse graça. É como diz uma música do Guilherme Arantes, aliás, belíssima na voz de Elis Regina: “Vivendo e aprendendo a jogar / Nem sempre ganhando / Nem sempre perdendo / Mas aprendendo a jogar”.

Articulista do Jornal O CIDADÃO e editor da Revista PAJUREBA, passei mais um ano observando, sempre de forma crítica, o que acontece, na política de uma maneira mais geral, ou na cultura mais especificamente, em nossa cidade. Este ano, algo de muito positivo e interessante me chamou a atenção, quando me deparei com a matéria de capa da edição número 41 da Pajureba, de título “Atletas de ouro”, sobre a fantástica conquista dos alunos paratletas barcarenenses nas Paralimpíadas Escolares 2013. Numa competição que envolveu cerca de 1.300 participantes, das 111 medalhas que os paraenses trouxeram na bagagem, 38 eram de Barcarena. Assim que soube da notícia, fiquei curioso em saber qual o segredo de tamanho sucesso, uma vez ciente de que aqui no município não temos grandes estruturas para treinamento. Ao ler a matéria, dei então de cara com a resposta. Durante entrevista para o jornalista Ellyson Ramos, um dos coordenadores do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado, Rosivaldo Ribeiro, afirmou: “Nós temos de dar desafios para as pessoas com deficiência. Nós não podemos trabalhar na linha do coitadinho. Eles têm de saber que são capazes, que têm condições de aprender. Isso sim é importante”. Ou seja, Barcarena conquistou 38 medalhas num evento desportivo de âmbito nacional, simplesmente porque, lutando contra todo tipo de adversidade, acreditou que poderia.

A equipe paralímpica barcarenense, e aqui cabe mencionar alunos, professores e coordenadores, presenteou a todos nós com uma lição de vida. Bem sabemos das nossas dificuldades, como sociedade ou como indivíduos, mas não somos coitadinhos. Nós podemos sim realizar coisas grandiosas, memoráveis. E quando se fala em nossa cidade, um lugar com um potencial tão extraordinário, mas com uma realidade tão cheia de mazelas, devemos, naturalmente, cobrar do poder público, aliás, essa é uma obrigação nossa. Entretanto, também temos, diretamente, enquanto cidadãos, nossa parcela de culpa. Um exemplo óbvio, entre tantos outros, são os nossos espaços públicos, tão degradados, com lixo espalhado pelas vias. Há quem diga que nossas ruas vivem cheias de lixo porque o poder público não faz a devida limpeza. Porém, o fato é que o lixo está lá porque a sociedade jogou. Mais um ano se inicia, e Barcarena nos convida a torná-la um modelo virtuoso de cidade. Conscientizar dezenas de milhares de pessoas em torno de pensar e cuidar da cidade, certamente não é nada fácil, e a cada dia, quando vemos a cidade que amamos tão mal cuidada, nos sentimos como andorinhas solitárias, sonhando inutilmente em fazer acontecer o verão. Porém, é preciso, tanto em nossa vida particular quanto coletiva, seguir o exemplo de vida dos nossos paratletas campeões, e continuar tentando. Nós podemos sim mudar as coisas.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Terra arrasada

Desde que as indústrias de mineração se instalaram em Barcarena, o município vem, paulatinamente, abandonando a sua agricultura. Se ainda há quem nos chame de “Terra do Abacaxi”, esses poucos são saudosistas de uma época que, embora não tão remota, já ficou para trás. Assim, o parque industrial que ganhamos do acaso, uma vez que nossos políticos nunca moveram uma palha sequer no sentido de implantá-lo, tornou-se um presente de grego, ao introduzir nos nossos mandatários uma terrível preguiça intelectual, se é que existe realmente alguma massa cinzenta na cachola dos tacanhos.

A Escola Agrícola de Barcarena é o retrato do descaso do executivo municipal, não apenas com a agricultura, mas também com o ensino público. Sai prefeito, entra prefeito, e as edificações da Escola estão ruindo, se transformando cada vez mais em tapera, e nenhum deles toma providência alguma. Enquanto o prefeito Antônio Carlos Vilaça, a exemplo de seus antecessores, finge que trabalha, o pouco que resta daquele educandário é atacado pelas intempéries, e dos 54 alunos matriculados este ano, dez já fazem parte dos índices de evasão escolar, segundo o que apurou o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), por falta de merenda escolar. Por onde andam Vilaça e a “dupla dinâmica” da Secretaria de Educação, Pedro “Malasartes” Negrão e Ivana Ramos? Estarão sentados no trono de um apartamento com boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar? E o que dizer do titular da Secretaria de Agricultura, João da Costa Neves? Ter uma escola com apenas 44 alunos, divididos em quatro turmas, pelo ridículo da situação, seria pouco dar um atestado de incompetência a prefeito e secretários. Sem contar o fato de estar faltando merenda escolar. Deixar aluno com fome, e por ironia, numa escola agrícola? Sem comentários!

Se houvesse um pouco de inteligência e boa vontade por parte da prefeitura, a Escola Agrícola seria o ponto de partida para uma grande revolução no ensino público barcarenense. Num município com mais de cem mil habitantes e arrecadação superior a R$ 200 milhões, aquela instituição já deveria ter sido totalmente reformada, não apenas na sua estrutura, mas na forma de funcionamento. Por que não se produz merenda escolar naquele estabelecimento de ensino, pelo menos para atender parte da demanda? Por que não se planta macaxeira, açaí, milho, laranja, banana, manga, cupuaçu, hortaliças, etc.? Por que não se cria frangos, porcos, carneiros, vacas leiteiras, codornas, patos, abelhas? Por que não se produz farinha de mandioca, compotas de abacaxi, queijos caseiros, iogurte natural, mel de abelha? Por que não se instala um sistema de irrigação? Por que não se ensina, na prática, tudo isso? Por que aquela escola não tem um único trator? Por que não se amplia as turmas? A Escola Agrícola deveria ser um centro de referência, inclusive de pesquisa agropecuária. Infelizmente, o poder público cruza os braços, lava as mãos e fecha os olhos, e a Escola Agrícola continua a desaparecer no meio do matagal. Onde deveria se formar técnicos agrônomos, cresce erva daninha, ratos e cobras, sem falar das queimadas. Será que é isso que se pretende ensinar?

Se depender deste “Governo da Lambança”, a Escola Agrícola tende a desaparecer de vez do mapa de Barcarena, e por um motivo muito simples: ao invés de valorizar o ensino, Pedro Malasartes e Ivana Ramos, a exemplo do prefeito, preferem descumprir o acordo que fizeram com os profissionais da Educação, e chegam ao cúmulo de não dar as caras nas reuniões que eles próprios marcam com os professores, dificultando mais ainda a solução do impasse, o que pode, inclusive, provocar uma nova greve da categoria. Sendo assim, esqueça, que desse mato não sai coelho!

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Reclamações Probispo

Não se sabe porque, mas Vilaça continua insistindo em privatizar o abastecimento d’água do município, sem discutir uma linha sequer do assunto com a sociedade. O pior é que apenas uma tal de AEGEA Prolagos está participando da licitação da concessão, o que, no mínimo, dá margem para desconfiar de que há algo de muito errado nesse negócio. Privatizar do jeito que quer Vilaça, certamente dará o seguinte resultado:

– Reclamações Probispo (Procuradoria Barcarenense Instituída para Solucionar Problemas Outros), bom-dia!
– O meu dia não está nada bom, porque não tomei banho hoje!
– Credo, senhor, que imundície! Mas afinal, o que é que eu tenho a ver com isso?
– O problema é que, desde ontem, estou sem água. Estou pagando uma conta absurda, e se antes ainda saía água, mesmo suja, das torneiras, agora não sai mais nada.
– Aqui é da Probispo. O senhor já reclamou na Prolagos?
– Reclamei ontem, da água suja.
– Que bom que eles já resolveram o problema, senhor!
– Como assim, resolveram o problema...
– Da água suja, senhor. O senhor está sem água, portanto não tem mais água suja.
– Mas eu quero água limpa. Disseram para o vereador Padre Carlos que no Rio de Janeiro essa empresa faz sair até água mineral das torneiras.
–Vai dizer que só porque falaram isso para o Padre Carlos, o senhor quer que saia água benta, agora... Na torneira sai água torneiral, senhor!
– Que diabo é isso, de água torneiral?
– Se saísse cachaça, seria água vegetal, senhor!
– Esquece água mineral, torneiral, vegetal, o escambau. Eu só quero água potável.
– Desculpe eu perguntar, mas assim, por acaso, o senhor já acessou o Google para saber a quantidade de gente reclamando da Prolagos, só lá no Rio de Janeiro? Sinto muito te dizer, mas o senhor entrou pelo cano.
– Como assim, entrei pelo cano? Não me falaram nada de gente reclamando no Rio de Janeiro.
– Pois então, senhor. É cobrança indevida, falta d’água, entre outras coisas. Por exemplo, o senhor já verificou se o seu hidrômetro não está marcando consumo quando só passa vento na tubulação? Agora mesmo deve estar acontecendo. Quanto mais falta água, mais a empresa lucra, entendeu, senhor?
– Então é por isso que eu estou pagando o triplo do que deveria. Mas acabo de decidir: não vou mais pagar.
– Mas o senhor tem que pagar.
– Por que eu tenho que pagar, se a cobrança é indevida?
– Para poder reclamar, senhor.
– Mas eu paguei até hoje, estou em dia, e você não está resolvendo o meu problema.
– E por que eu tenho que resolver o seu problema, senhor?
– Mas você não é da Probispo? O seu trabalho não é solucionar problemas?
– É como o nome diz, senhor: “Problemas Outros”.
– Como assim, problemas outros?
– Os do prefeito, por exemplo. Por falar nisso, se não pagar a conta, vou mandar cortar sua água.
– Grandes merdas, eu estou sem água mesmo! Vou puxar água do poço.
– O senhor não pode fazer isso, senhor.
– Eu sempre fiz isso.
– Não pode mais. Além disso, vamos continuar a cobrança, porque agora tem a taxa do esgoto.
– Que esgoto, se eu nunca tive esgoto.
– Tem esgoto sim, senhor. A céu aberto, mas tem. Sabe aquela infecção intestinal das suas crianças? Veio da vala, o que prova que tem esgoto, e vamos cobrar.
– Vou meter um processo nessa empresa e na prefeitura. Vou cobrar milhões!
– Não vá com tanta sede ao pote, senhor, porque desse pote não sai água. A empresa paga bons advogados, e essa sua ação nunca vai ter fim.
– Por que você não resolve logo o meu problema? Me disseram que era para eu reclamar na Probispo.
– O senhor deve ter entendido mal. Não é na Probispo. É pra reclamar “pro bispo”, senhor!

Precisamos dar um basta

Durante muito tempo, Henrica de Nazaré Poça Menezes sofreu violência dentro de seu próprio lar. Odenei Ferreira Araújo, com quem vivia maritalmente, e, portanto, de quem era de se esperar que lhe desse carinho e proteção, a tratava de forma desrespeitosa e violenta. Após sofrer calada durante anos, Henrica denunciou o seu algoz à Justiça, mas de nada adiantou, e em 14 de maio de 2009, foi cruel e covardemente assassinada com cinco facadas. Desde a morte de Henrica, sua mãe, Maria de Fátima Menezes, desgostosa com a forma brutal com que foi ceifada a vida de sua filha, passou a dedicar a sua própria em defesa de tantas e tantas outras mulheres barcarenenses que, a exemplo de Henrica, sofrem de violência doméstica. Foi assim que surgiu o MOVHEN (Movimento pela Vida – Viva Hen¬rica de Nazaré), entidade que vem lutando no sentido de dar amparo às mulheres barcarenenses, e pleiteando junto ao poder público para que seja criada no município uma delegacia especializada no atendimento à mulher.

Mesmo com o esforço enorme de Maria de Fátima, já se passou tanto tempo, a delegacia nunca foi instituída, e a violência contra a mulher continua crescendo, fato que levou Barcarena a fechar o ano passado ocupando, segundo dados do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (CEBELA), o 65º lugar no Mapa da Violência Contra a Mulher no Brasil, país, diga-se, já altamente violento, com 5.570 municípios. Por que a nossa sociedade é tão violenta, a ponto de constar de forma tão vergonhosa na planilha do CEBELA? Talvez uma das respostas esteja no fato de que o assunto não é tratado com a devida importância, tanto pelo poder público, em particular, quanto pela sociedade, de uma forma geral. Assim, convivemos com a violência, não apenas contra a mulher, mas contra tudo e contra todos, e pouco fazemos para mudar essa situação.

Em 30 de maio de 2012, o empresário José Humberto Souza do Nascimento foi assassinado, também a facadas, quando trabalhava em sua loja de confecções Stampas Modas, localizada na Vila dos Cabanos, por Alaf Santos Teixeira, que, na companhia de dois adolescentes, assaltou aquele comércio, em plena luz do dia. José Humberto, cidadão ordeiro e trabalhador, cheio de vida e de amigos, foi brutalmente assassinado, passando assim a ser mais um cidadão a fazer parte dos altos índices de violência.

O assassino de Henrica de Nazaré foi julgado e condenado em janeiro deste ano, recebendo pena de 42 anos e 7 meses de reclusão, em regime fechado. O assassino de José Humberto, após ter sido preso em flagrante delito e em seguida empreendido fuga, passando mais de um ano foragido, foi novamente capturado e está com julgamento marcado para acontecer na próxima quinta-feira, 12, na 3ª Vara Penal da Comarca de Barcarena, pondo fim a uma longa e dolorosa espera por parte da família da vítima, que não vê a hora que a justiça seja feita.

Precisamos, urgentemente, dar um basta, e combater com mais seriedade a violência em nosso município. Basta! Além de Henrica de Nazaré e José Humberto, muitas outras pessoas fazem parte da lista macabra de morte violenta em Barcarena. É importante que a sociedade barcarenense, de forma unida e organizada, cobre dos nossos políticos soluções para o problema. A cada eleição que passa, são muitas as promessas, e nada é feito. No último pleito, nos foi prometido uma grande mudança, onde, entre outras coisas, seria criada a Guarda Municipal, promessa que, a exemplo da Delegacia da Mulher, foi esquecida. Como não cobramos seriedade do poder público, acabamos sendo coniventes com políticos criminosos, que enriquecem às nossas custas, e dão risadas pelas nossas costas.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As trinta moedas

Dos vereadores eleitos no último pleito, apenas três são remanescentes da legislatura anterior, sendo que, de fato, somente dois estão exercendo mandato, uma vez que Ary Santos, que até chegou a ser eleito também presidente da Câmara Municipal, numa artimanha política em que ficou devendo “favores” ao colega conhecido na cidade pela alcunha, dada a sua prática constante de rapinagem, de Luiz Ladrão, ou de “Me Rouba”, foi afastado da presidência e do mandato, por ordem judicial, devido a reincidente malversação de dinheiro público.

Como resultado das eleições 2012, coube, aos demais parlamentares, o olho da rua. Assim, os cidadãos barcarenenses fizeram uma verdadeira renovação na Casa do Povo, e atualmente, temos naquela instituição dez novos vereadores contra dois antigos, uma goleada homérica. O resultado das urnas refletiu a indignação popular em relação ao descaso dos políticos que ocupavam o parlamento, que pouco se lixavam para quem os elegeu, o que fazia com que boa parte das sessões sequer tivesse quórum. Nas raras vezes em que se davam ao “esforço descomunal” de comparecer ao trabalho, usavam a tribuna em benefício próprio, mandando recadinhos malandros a uns e outros políticos, numa picaretagem explícita, exigindo favores em troca de apoio ou conivência. Legislar e fiscalizar, que é bom, nada.

Logo no início do atual mandato, os eleitos, novos e remanescentes, acharam por bem dar as caras em cada uma das únicas reuniões semanais daquela instituição, indicando então estarem dispostos a escapar de entrar na lista negra do eleitor, visto que o último pleito foi uma demonstração inequívoca de que o povo barcarenense está cada vez mais exigente, e impaciente com políticos preguiçosos e vigaristas. Ainda assim, foram duramente criticados por este Jornal, em função de apoiarem cegamente ao suspeitíssimo Antônio Carlos Vilaça, e de, por esse motivo, absterem-se de vigiar o novo prefeito, político este que, desde que assumiu o executivo municipal, tem dado provas claras de não ser muito afeito a prestar contas do erário público.

É bem verdade que, de uns tempos para cá, muitas coisas aconteceram naquele parlamento. Surpreendentemente, muitos dos nossos representantes acordaram e resolveram cobrar prestações de contas do executivo, dando sinal, pelo menos, de que resolveram cumprir com as obrigações inerentes ao cargo para o qual foram eleitos, com exceção de Luiz Ladrão, que achou por bem dar continuidade à sua carreira de velhaco. O sujeito, por sinal, quer por que quer assumir novamente a presidência da Casa, e voltar a manipular e malversar o caixa daquela instituição.

A história da Câmara de Vereadores de Barcarena é repleta de reviravoltas políticas, onde, em situações decisivas, parlamentares não pensam duas vezes em imitar o gesto de Judas Iscariotes, que traiu Jesus por trinta moedas de prata. A eleição para a presidência é uma dessas ocasiões. Muitas e muitas vezes, o eleito foi quem pagou mais, dinheiro que, naturalmente, cuidou de embolsar de volta e com “juros”, diretamente do caixa da Casa. Não quero aqui fazer prejulgamento, e afirmar que os atuais vereadores estejam dispostos a aceitar propina em troca de voto, e eleger um pilantra da laia de Luiz Ladrão para presidir o parlamento, causando assim um retrocesso político tão nefasto. Porém, caso isso venha a acontecer, vale lembrar a um possível afoito, que o mandato de um vereador tem prazo de validade, e que a malhação de Judas faz parte da cultura popular.

Queremos justiça!

Foi adiada para 12 de dezembro próximo, às 9 horas, na 3ª Vara Penal da Comarca de Barcarena, a audiência de instrução e julgamento na qual Alaf dos Santos Teixeira comparecerá em juízo pelo covarde assassinato que cometeu contra o comerciante Humberto Souza Nascimento, quando a vítima trabalhava na Stampas Modas, loja de sua propriedade, localizada na rotatória em frente ao Yamada, em Vila dos Cabanos. O assassino, em companhia de dois adolescentes, tentou assaltar o empresário, que, na tentativa de defender seu patrimônio, teve sua vida ceifada, barbaramente, a golpes de faca. O crime, perpetrado em 30 de maio de 2012, chocou a sociedade barcarenense, tanto pela crueldade do homicídio quanto pelo fato de que a vítima sempre foi um cidadão batalhador e muito benquisto na cidade.

Desde aquela data fatídica, a família de Humberto, enlutada pela trágica morte de um ente querido, luta por justiça, luta essa até aqui cheia de percalços, haja vista que, dos três agressores, dois, por serem menores de idade, escaparam de ir a julgamento, e o réu Alaf Teixeira, autuado em flagrante delito e encaminhado para a prisão no município de Abaetetuba, empreendeu fuga dez dias após sua captura, causando, não apenas na família da vítima, mas em toda a sociedade, uma amarga sensação de impunidade. Após ter passado mais de um ano foragido, o criminoso foi novamente capturado por agentes do 14º Batalhão de Polícia Militar, devendo finalmente ser julgado.

Na manhã da segunda-feira, 19 de novembro, certos de que, marcada para aquele dia, aconteceria a audiência onde Alaf Teixeira finalmente sentaria no banco dos réus, parentes e amigos da vítima compareceram ao Fórum da Comarca de Barcarena, empunhando faixas de repúdio ao facínora e vestindo camisas estampadas com a frase “Queremos justiça!”. Infelizmente, o Tribunal de Justiça havia convocado a magistrada Ângela Graziela Zottis, que responde pela 3ª Vara Penal, para auxiliar a Comarca de Paragominas, e a audiência, inexoravelmente, teve que ser remarcada, o que acabou por frustrar a família e os amigos de Humberto, assim como a todos os cidadãos barcarenenses, que aguardam ansiosos o momento em que o assassino responderá pelo seu crime.

Barcarena, assim como as demais cidades brasileiras, vive uma situação esdrúxula de violência, onde criminosos passeiam livremente, enquanto os cidadãos de bem se veem condenados a permanecer encarcerados, sob grades que se tornaram imperativas em portas e janelas de seus próprios lares. Para nós, que respeitamos as leis do País, sair às ruas pode significar decretar a si próprio a pena de morte.

Se faz necessário que o Estado estabeleça tolerância zero contra o crime, seja ele de homicídio ou de corrupção, modalidade delituosa que, embora não diretamente, também atenta contra a vida. Lugar de assassino é na cadeia. É hora de nossos representantes no Congresso se perguntarem, a respeito de menores infratores: deve ser sujeitado apenas a medidas socioeducativas alguém capaz de um ato extremo como atentar contra a vida de um ser humano? E o que dizer de adolescentes que são recrutados pelo narcotráfico, pelo simples motivo de que, por estarem na condição de menores, podem cometer todo tipo de delito? Será que não estamos vivendo sob leis ultrapassadas, que prejudicam até mesmo os próprios menores, quando muitos deles, sentindo-se refugiados numa lei antiquada, se emprenham de coragem para cometer um crime? É preciso reagir com firmeza a essa violência absurda que tomou conta de nossa sociedade.

sábado, 16 de novembro de 2013

A locomotiva do fracasso

O titular importado da Secretaria Municipal de Planejamento e Articulação Institucional (Sempla), Alberto Pereira Góes, primo e ex-secretário do ex-governador do Amapá que foi preso na Operação Mãos Limpas em 2010, Waldez Góes, acusado do desvio de R$300 milhões (Alberto era um dos 69 Góes que se alastraram como um câncer nos mais variados órgãos daquele governo campeão do nepotismo), cessou de alardear ter feito o milagre de reduzir a robusta dívida que Barcarena tem com o Governo Federal, de R$248 milhões para apenas e tão somente R$92 milhões, depois que o Jornal O CIDADÃO, na edição 153, de 1 a 7 de junho último, deslindou para a sociedade o fato de que, nem mesmo se a presidente Dilma Rousseff morresse de amores pelo secretário “Pikachu das Galáxias”, a mágica não poderia acontecer, simplesmente porque, por lei, somente o Congresso Nacional tem competência para conceder anistia de dívida previdenciária a ente federativo. Por outro lado, se a “mateMÁGICA” houdiniana de Góes não resistiu à prova dos nove, ele ainda continua, no que é acompanhado por Antônio Carlos Vilaça e vários outros secretários, a prometer trazer para o município o equivalente a vagões lotados de dinheiro, diretamente de Brasília, onde, segundo eles, amigos influentes dariam conta de privilegiar o “guru da articulação institucional” – uma grana fabulosa, que nem mesmo o célebre assaltante do trem pagador inglês, Ronald Biggs, daria conta de levar. Ocorre que os amigos influentes não tiveram competência nem mesmo para evitar que as obras do trecho da Ferrovia Norte-Sul, que vai da cidade maranhense de Açailândia ao porto de Vila do Conde, saíssem da pauta de prioridade do Governo Federal, passando agora ao último lugar da fila, levando Barcarena a amargar prejuízos incalculáveis. Se as promessas milionárias de Góes e Vilaça não fossem meras falácias, e esse tão fanfarreado dinheiro viesse de trem, iria faltar trilho.

A estrada de ferro minguou, mas por aqui continua a circular o “trem da alegria”, carregado com o caixa dois, porquinho parrudo nascido e engordado pelos impostos municipais, para felicidade de dez entre dez políticos corruptos, e para tristeza da população, que permanece desassistida, e vendo obras como a do Hospital Materno Infantil se arrastarem, e outras como a do muro de arrimo da orla de Barcarena-Sede se desfazerem, resultado de tanto desvio de dinheiro público. Por sinal, obras com verbas vindas de fora, o que nos dá a medida do que aconteceria se o governo Vilaça conseguisse realmente trazer algum. Os cifrões beneficiariam a quem?

A verdade é que os nossos políticos nunca tiveram habilidade nem influência para trazer melhoramento para a cidade, e o que conseguimos, tal qual o Porto de Vila do Conde e as indústrias de mineração, foi por vontade e iniciativa externas, ou seja, por pura sorte. Aliás, sorte que não nos tem beneficiado como deveria, uma vez que os impostos que arrecadamos, decorrentes desses projetos que nos chegaram por vontade alheia, verba que ultrapassa R$200 milhões anuais, somem, viram fumaça, por culpa dos políticos daqui, que nos roubam na cara dura, e de nós próprios, que nos deixamos roubar. Para piorar, ficamos com os problemas inerentes a indústrias e portos, a exemplo de prostituição infantil, criminalidade e destruição do meio ambiente, malefícios que fazem parte do pacote, e que político algum faz nada para atenuar.

O tempo passa, o tempo voa, e o fato é que, se não fosse a incompetência dos nossos mandatários, não digo nem para trazer novos recursos, mas para gerir o que já ganhamos por obra do acaso, e não fosse a sanha por dinheiro público, roubalheira desenfreada que, diga-se, eles sabem fazer muito bem, o município seria outro. Assim, temos uma prefeitura e um parlamento que sequer são localizados em sede própria, e arcamos com aluguéis de prédios dos próprios políticos, que, por zombaria da casa da mãe Joana, compraram tais imóveis com dinheiro vindo, adivinha de onde!

sábado, 9 de novembro de 2013

O rei da “mu dança”

Durante a campanha que o levou à cadeira de prefeito, Antônio Carlos Vilaça prometeu mundos e fundos aos eleitores do município, que, por sua vez, cansados de décadas de desgovernos anteriores, decidiu dar uma chance ao que poderia vir a ser o salvador da pátria barcarenense. No entanto, antes mesmo de ser eleito, Vilaça andou tomando algumas aulas com o coreógrafo Coisinha de Jesus, e se empolgou geral com o moonwalk, passo de dança criado por Michael Jackson, onde o rei do pop, fingindo dar passos à frente, anda para trás. Desde então, o novo prefeito se transformou no Vil Jackson, o rei da “mu dança”. E não adianta reclamar, dizer que, quando candidato, Vilaça prometeu fazer o tão sonhado “governo da mudança”. Ninguém entendeu, mas ele se referia à “mu dança”, assim mesmo, duas palavras, que no vocabulário do prefeito bailarino, é quando a cidade anda indefinidamente para trás, feito curupira. E para quem pensa que isso é tudo, é hora de saber que Vil Jackson, fã incondicional do acusado de pedofilia norte-americano, está preparando o palco para Barcarena dançar o show “Thriller”, que em tradução literal, significa “terror”.

Ninguém entendeu o que levou Vil Jackson, logo no início do mandato, a decretar estado de calamidade pública no município. Teve até uma gente maldosa dizendo que o tal decreto servia tão somente para o alcaide meter o mãozão nos cofres públicos. Quanta maledicência! Para o rei da “mu dança”, trata-se apenas de um decreto thriller, afinal de contas, calamidade e terror tem tudo a ver. Aliás, escolas abandonadas, ameaçando ir ao chão, quer algo mais thriller?! Hospitais com paredes rachadas, ambulâncias sem as mínimas condições de funcionamento, tudo thrillerésimo! Ruas cada vez mais esburacadas e sem iluminação pública, o palco thriller está montado! E o que dizer do Festival do Abacathriller? Afora o detalhe insignificante de a grana arrecadada ter caído no colo da “mulher do prefeito”, e de até hoje não se saber o total do faturamento nem das despesas, a prefeitura, mesmo sem prestar contas, jura que deu prejuízo, ou seja... Thriller!

E pensar que o nosso prefeito caranguejo teve todo o cuidado de se cercar de secretários da mais alta “competência”, importados sem o menor compromisso com a cidade, mas todos eles executivos especialistas. Maurício Bezerra, por exemplo, é médico. É certo que não fez funcionar que prestasse os hospitais do município, mas se deixou um rombo nas contas da Saúde, é porque não é contador. Além do mais, Vil Jackson resolveu mudar, e por à frente da Secretaria outro especialista, o advogado José Quintino Junior. Com tanto caso escabroso acontecendo nos hospitais, vai que alguém decide entrar na Justiça contra a prefeitura... Na Educação, Pedro Negrão, um professor de geografia, visitou, segundo ele, o município inteiro. O ensino público barcarenense piora a cada dia, mas não se pode dizer que Negrão não conheça a geografia de Barcarena, pelo menos o suficiente para encontrar o caminho de volta para Abaetetuba, tão logo o prefeito thriller não mais souber o que fazer com o buraco nas contas da Semed.

Em todos os cantos da cidade, o que mais se vê é gente reclamando da “mu dança”, e insistindo em andar para frente. Gente intolerante, que chega ao cúmulo de fazer barricada, protesto, só porque a cidade está, cada vez mais, digamos assim, um terror. Será que ninguém entende a coreografia inovadora de Vil Jackson? Mas não há de ser nada, pois o astro do bailado está decidido que para trás é que se anda, e não está nem aí com a indignação da plateia. Inclusive, já se mudou para Belém, que é para ficar bem longe dos revoltosos. Assim, quem quiser protestar e ser ouvido, que atravesse a baía.

Lição de cidadania

Das manifestações que ocorreram na quarta-feira, 30, quando moradores de comunidades localizadas entre Barcarena-Sede e o porto do Arapari mantiveram, desde o início da manhã até o final da tarde, o município inteiro sitiado, um fato me chamou a atenção. Embora não se trate de pessoas com acesso fácil a Facebook, Twitter ou outra modernidade do mundo digital, que pudesse, com seus banners e palavras de ordem, motivar e organizar os participantes, esses audaciosos barcarenenses se manifestaram de forma abrangente e impecável, e deram um banho de cidadania. Ao contrário do que aconteceu nos protestos que, recentemente, pipocaram Brasil afora, no da quarta-feira havia uma pauta de reivindicações muito bem definida. Foram dez comunidades unidas em torno de uma agenda única de exigências, e todos os manifestantes resistiram bravamente às muitas pressões que aconteceram no decorrer de horas e horas de rodovias e ramais interditados, em todos os pontos onde fizeram barricadas. Caboclos dos bons, formados na universidade da vida, organizaram-se como se fossem engajados cara-pintadas liderados por sociólogos diplomados na USP, e de forma ordeira e pacífica, não se vergaram a nenhum tipo de ameaça nem tentativa de suborno.

Asfaltamento de um trecho de estrada que está intrafegável; lombadas e sinalização em outro trecho, que diminua os constantes acidentes; muro em uma das escolas da região, de forma a dar segurança para as crianças que lá estudam; iluminação pública nas comunidades; e mais atenção à Saúde e à Educação. A lista é extensa, por obra e graça do poder público, que, há anos, vem virando as costas para a população do município inteiro, principalmente para essas comunidades mais distantes. E é importante dizer que poder público não se restringe ao executivo. Durante o dia inteiro de manifestação, não se teve notícia de um único vereador disposto a comparecer ao local. Será que, durante as eleições, nenhum deles pediu voto por aquelas bandas?

Pelo que foi visto nos protestos da quarta-feira, é bom que o prefeito Antônio Carlos Vilaça pare de se esconder, como já fez antes, quando moradores da Rua João Gaia, em Barcarena-Sede, foram vitimados por uma tempestade que inundou toda a área, e tiveram suas casas invadidas pela água e pela lama, enquanto Vilaça, numa demonstração de total falta de solidariedade, se pirulitou para o seu flat em Belém, e no dia seguinte mandou que reclamassem para São Pedro, como se a culpa fosse da chuva e não do caótico saneamento básico da cidade. É bom que Vilaça caia na real e decida resolver o problema, ao invés de mandar dois secretários despreparados tentar enrolar manifestantes. Até porque, as comunidades de Ama, Bacuri, Belo Horizonte, CDI, Embrasa, Patauteua, Santa Maria, São Luiz, Taupuranga e Turuí não estão pedindo favor, mas reivindicando direitos. Não adianta criar expectativas, dizer que até o fim do seu governo vai conseguir bilhões em Brasília, que no futuro Barcarena vai ser transformada num paraíso. Não adianta mandar oferecer quentinha para quem luta por respeito. Não adianta mandar secretário “importado” dizer para a população que ele desconhece os problemas do município. É preciso ter a coragem de aparecer pessoalmente, dar as caras, discutir prioridades, e colocar mãos à obra.

Cada um dos cidadãos que participaram do protesto da quarta-feira está de parabéns! O que eles fizeram foi uma lição de cidadania! Pacificamente, os manifestantes mostraram que Barcarena já não aceita promessas vãs. Os cidadãos barcarenenses, assim como seus antepassados cabanos, estão decididos a lutar por uma vida digna, e nem mesmo paus e pedras vão demovê-los da batalha.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Entrar pelo cano

Quem não se lembra da Alfalix, empresa que o ex-prefeito João Carlos Dias tentou empurrar goela abaixo da população, através do Decreto Emergencial 1183/2011-GPMB, alardeando aos quatro ventos que iria, finalmente, resolver o problema de abastecimento d’água do município? Na época, falava-se em melhorias, infraestrutura, investimentos, mas o que se viu mesmo foi a tarifa cobrada, no final do mês, mais que dobrar. O caso da privatização forçada que se transformou em taxações abusivas foi parar na Justiça, forçando a prefeitura a voltar atrás naquela brincadeira de mau gosto, que, diga-se de passagem, foi tramada com apoio dos vereadores da época, que, muito estranhamente, acharam por bem dedicar um dia de suas sagradas férias de julho para votar, e aprovar, as intenções do então prefeito. Uma vez que a estatal Águas de Barcarena nunca funcionou como deveria, e não havia nada de diferente no péssimo serviço prestado até aquele momento, ainda hoje não se sabe de onde Dias, um gestor reconhecidamente lerdo em tomar decisões, tirou a ideia da urgência em assinar o tal decreto “Emergencial”, nem o que levou o legislativo a dar tão forte e prestimoso apoio ao “agilíssimo” gestor. Não se sabe, mas se desconfia! O que se tem certeza mesmo é que, acabada a novela, quem pagou as taxas absurdas entrou pelo cano e ficou no prejuízo.

Dois anos se passaram, e eis que o atual prefeito, Antônio Carlos Vilaça, também resolveu privatizar o precioso líquido que sai, ou pelo menos deveria sair, das torneiras dos lares dos barcarenenses. Até aí, nada de mais, afinal de contas, todo mundo sabe que a prefeitura nunca teve mesmo condições de bancar investimentos necessários para fazer funcionar a contento a vergonhosa Águas de Barcarena. O problema, no entanto, é a forma como o prefeito “Calamidade” pretende executar o seu intento, ou seja, sem dar satisfação a ninguém. Nem mesmo a Câmara de Vereadores foi ouvida, em um negócio que envolve, segundo consta no Plano Municipal de Saneamento Básico, a “bagatela” de mais de R$200 milhões.

Não se pode dar concessão de um serviço tão importante para a população a uma empresa privada, sem que, antes, o assunto seja debatido à exaustão e às claras. Para começar, é necessário que os barcarenenses saibam como se pretende melhorar o serviço, se a captação será feita de rios da região ou de lençóis subterrâneos, e qual o tratamento que a água vai receber antes de chegar às torneiras. Mais que isso, é preciso que se crie, tal como foi alertado pelo vereador Padre Carlos Silva – parlamentar que vem lutando no sentido de obrigar a prefeitura a tratar o assunto de forma mais transparente –, um órgão regulador que fiscalize o serviço prestado e impeça a cobrança de tarifas abusivas por parte da permissionária. Além do mais, não se pode dar concessão a uma empresa sem antes analisar a capacidade técnica e financeira das possíveis interessadas na licitação. Estes são apenas requisitos mínimos para que uma privatização dessa natureza não acabe fazendo água, levando a população a entrar pelo cano, e a arcar com prejuízos insanáveis.

Acontece que Vilaça, pelos desmandos que fez em poucos meses de governo, não é digno de crédito para estar à frente de privatização alguma, muito menos do sistema de abastecimento d’água da cidade. Não dá para confiar tarefa tão importante a um prefeito que decretou estado de calamidade pública no município com o único objetivo de burlar a Lei das Licitações, e que foge da Lei da Transparência tal qual o diabo foge da cruz. Por tudo isso, é hora de ficarmos alertas, pois se esta privatização vingar, é certo que a água que sairá das torneiras virá de um mar de lama, e custará caro para a população.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Pai Vileza de Calamitá

Trazer de volta um amor perdido? Isso é para os fracos! Indicar números favoráveis para jogar na loteria, fazer time perna de pau vencer campeonato, amolecer o espírito de alguém...? Para os fracos! Pai Vileza de Calamitá é esotérico dos bons, catimbozeiro de longo curso no oceano do ocultismo, e não se ocupa dessas bobagens. Só para se ter uma ideia, lá no Terreiro Sai Larica, lugar envolto em mistérios tais que até capeta duvida, e onde o vidente consulta a sua poderosa bola de cristal, já passou muita gente conhecida. Políticos das mais variadas laias, famas e ideologias, costumam, principalmente em período eleitoral, passar por lá, quando não para beijar a mão do místico, sobretudo para pedir auxílio. Pois não é que, de tanto receber essa gente, Pai Vileza resolveu, assim de repente, sem mais nem menos, entrar para a política, e se lançar candidato, logo de cara, ao cargo mor da urbe? Foi então que a porca torceu o rabo e a coisa ficou preta para o lado do bruxo. Ocorre que, na política, o poderoso gnóstico não passava de um aprendiz de feiticeiro, e não houve magia branca nem grana preta que desse jeito: o neófito levou a pior, e por tabela, perdeu boa parte do seu prestigio de vidente. Porém, como já foi dito, embora não versado na arte de colecionar votos, Pai Vileza é esotérico dos bons, e, tomado de ódio por ter sido preterido nas urnas, achou por bem rogar praga em Arena da Barca, cidade que o esnobou.

Nem precisava. Desde tempos imemoriais, de coronéis a pelegos, de alcaides a edis, de nepotistas a apaniguados, tantos foram os que espoliaram o lugar visado e praguejado pelo aspirante a mandatário, que lançar mais infortúnio era uma medida no mínimo estapafúrdia. Ruas esburacadas, esgotos a céu aberto, escolas decadentes, hospitais asquerosos, sistema de abastecimento d’água em pandarecos, desemprego alarmante, criminalidade sem limite... O que mais de descalabro poderia advir àquele povo? Os astros, no entanto, não contaram conversa, e no pleito seguinte, Pai Vileza foi eleito.

“Santo de casa não faz milagre!”, rosnou Pai Vileza, assim que soube do resultado do sufrágio, aos correligionários mais afoitos, que, antes mesmo do início da contagem dos votos, certos da vitória, já o acossavam por uma secretaria. “Mas mestre, que diferença faz de onde vem o santo?”, retrucaram. “Toda a diferença, meus caros, Toda a diferença! Para o que eu tenho em mente, precisarei de ilusionistas profissionais!”. Boquiabertos, os desiludidos olhavam uns para os outros sem dizer palavra, enquanto o médium retirava-se à sala de despachos, dizendo ir consultar sua bola de cristal. “Calamitá, calamitá!”: o grito desesperado ecoou pelo ambiente. Os ex-futuros secretários bem que já tinham ouvido aquela expressão esdrúxula, sempre que o feiticeiro anunciava um mau presságio, um prognóstico ruim, mas assim, aos urros, como quem presta contas ao diabo, era a primeira vez. “O que houve, ungido guru, alguma calamidade se abaterá sobre Arena da Barca?”, perguntaram ansiosos. Pai Vileza, de volta ao recinto, os encarou com olhar de vidro: “As contas da campanha são absurdas, os financiadores estão à espreita, e eu estou falido! Mas espere... Como não pensei nisso antes? Assim que eu assumir o mandato, decreto estado de calamidade pública, e está tudo resolvido”. Atônitos, os bajuladores perguntaram então: “Mas mestre, não há nenhum ciclone, terremoto, tsunami, nenhum desastre provocado pela natureza. Como vossa maestria pretende decretar estado de calamidade pública? O povo não vai entender”. Pai Vileza soltou no ar uma gargalhada à la rasga-mortalha, e ironizou: “Ora, ora, ora! Desastre provocado pela natureza?”. Seguiu-se outra gargalhada: “Não é nada disso, meus caros. Além do mais, o povo não precisa mesmo entender. E é por isso que eu digo: santo de casa não faz milagre!”.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Não é teu parente!

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Barcarena, que, embora já estejamos em outubro, ainda não finalizou parecer sobre as certamente malfadadas contas do já ex-secretário de Saúde, Maurício Bezerra, referentes, pasme, ao primeiro quadrimestre deste ano, compareceu à Câmara de Vereadores na sessão ordinária do dia 1º e deitou louvores ao que, no dizer da conselheira Maria Trindade Tavares, seria uma das melhores gestões de saúde pública do nosso estado. Em alto e bom som do microfone da tribuna, a chauvina declarou ser “uma defensora da Saúde de Barcarena”, e em seguida disparou: “É uma das melhores que existem no Pará”. Porém, como já dizia o humorista Francisco Milani na saudosa Escolinha do Professor Raimundo, “há controvérsias”. Outra conselheira, Marta Portilha, de ouvidos atentos ao discurso, achou que os elogios da colega ainda não estavam condizentes com o “maravilhoso” atendimento oferecido pela Secretaria Municipal de Saúde de Barcarena (Semusb), e minutos depois, resolveu discordar: “Eu acho que, do nosso Brasil, a de Barcarena é uma das melhores”.

Dizem que na vida tudo é uma questão de comparação, e como a saúde pública Brasil afora é mesmo lastimável, será que as conselheiras estariam confabulando para resolver em qual dos nove círculos do inferno de Dante caberia classificar a Semusb? Será que, como bons brasileiros, os membros do CMS devem ser mesmo gozadores, e preferem rir da desgraça alheia, a se ocupar das próprias mazelas? Ou será, como respondeu indignada para a conselheira Portilha, uma senhora que estava assistindo a reunião da Câmara: “É o povo que está morrendo. Não é teu parente!”? Não tenho dados para afirmar a quantas anda a Saúde em outros municípios, mas sabendo do que tem acontecido em Barcarena, confesso que a patética defesa que o CMS fez no parlamento municipal, principalmente por se tratar de pessoas que deveriam estar cuidando de fiscalizar e aconselhar, de forma a pelo menos minorar o sofrimento daqueles que, infelizmente, dependem do precaríssimo atendimento médico oferecido pela prefeitura, me deu a sensação indigesta de que a saúde pública barcarenense, que já é deplorável, tende a piorar.

Especula-se o motivo pelo qual os membros do Conselho de Saúde tenham sido acometidos por essa crise de cegueira (o pior cego é aquele que não quer ver), ou de amnésia (recentemente eles próprios denunciaram o estado de calamidade em que se encontra a Saúde em nossa cidade). Fala-se em “acordo de cavalheiros” com o prefeito Antônio Carlos Vilaça, uma vez que os conselheiros resolveram postergar o parecer sobre as contas do primeiro quadrimestre ad infinitum, sob o ridículo argumento de que precisam “sanar todas as dúvidas” existentes. Dúvidas? Pois eu aposto que a população do município inteiro já não tem dúvida alguma de que aquelas contas não fecham.

A atuação do CMS, de tão fantasiosa e esdrúxula, é inaceitável. A Saúde barcarenense, que os conselheiros reputam como uma das melhores do País, é tão ruim, que o próprio Maurício Bezerra, quando secretário, chegou a declarar que, se fosse chefe da Vigilância Sanitária, teria mandado fechar todos os hospitais públicos da cidade, prédios que, por sinal, já foram comparados a chiqueiros. Como pode alguém considerar como boa uma Saúde onde os hospitais estão cheios de mofo e foco de dengue? Como pode alguém considerar como uma das melhores uma Saúde onde ambulâncias trafegam sem giroflex, sem sirene e com pneus carecas? Como pode alguém defender uma Saúde onde pacientes deixam de ser atendidos por falta de médicos? Como pode, alguém defender uma Saúde onde as obras de um hospital como o Materno Infantil nunca chegam ao fim, e ninguém sabe onde foi parar o dinheiro disponibilizado pelo governo do estado para aquela construção? Não seria uma boa ideia, como disse o vereador Padre Carlos, construir “uma cadeia no lugar do hospital, para colocar todos os ladrões que estão roubando o dinheiro da nossa Saúde”? E o que dizer de outras obras inacabadas, como a da Unidade de Pronto Atendimento, que ninguém sabe dizer quando será concluída, mesmo a verba já estando nos cofres da prefeitura? Os conselheiros de Saúde de Barcarena precisam entender que, quando deixam de fiscalizar a Semusb e denunciar os desmandos que estão acontecendo, eles também passam a ser corresponsáveis, por suas omissões.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brincadeira de mau gosto

Só pode ser brincadeira de mau gosto o que a prefeitura vem fazendo com a Escola Agrícola do município. A instituição, que deveria estar trabalhando no sentido de formar futuros técnicos agrônomos, está absurdamente jogada às traças, de tal maneira que, das quatro unidades que formavam o conjunto de edificações da escola, três simplesmente foram ao chão e desapareceram sob o matagal, restando apenas o prédio construído para funcionar as salas de aula. Este prédio remanescente, se ainda não caiu, também não vem servindo à finalidade para a qual foi construído, uma vez que vários professores já não comparecem ao local, segundo se comenta por lá, por falta de estímulo, pois a Secretaria Municipal de Educação (Semed) deixa, constantemente, faltar merenda escolar para os alunos, muitos deles menores carentes que vão à escola não apenas para estudar, mas para se alimentar mesmo. Naturalmente, com fome ninguém aprende. Além dos professores, a diretora, Elizete Franco, raramente surge por lá, digamos, para uma “visitinha de cortesia” – não se sabe se por acanhamento, ao ver as condições da escola que lhe puseram na responsabilidade, ou se por falta de tempo, pois segundo informações de funcionários, Elizete também é diretora em outra escola, no Guajaraúna.

Questionada pela repórter Milene Araújo, do Jornal O CIDADÃO, sobre quais as providências estariam sendo tomadas para que a Escola Agrícola voltasse a ter condições normais de ensino, a diretora Elizete Franco repetiu o que tem dito para professores e alunos: que já solicitou para a Semed uma reforma, e que, desde então, está esperando providências. Deve estar fazendo valer o provérbio popular, que diz: “Quem espera sempre alcança, mas espere sentado, que de pé cansa”. No caso dela, esperando sentada na escola do Guajaraúna, pois na Agrícola, onde ela não faz questão de aparecer, falta até carteira para os poucos alunos matriculados, e alguns deles, devido a isso, estudam com o caderno na perna.

É triste a situação, não só da Escola Agrícola, mas da Educação no município como um todo. O chefe da Semed, Pedro “Malasartes” Negrão, “alto executivo” que Vilaça, sabe lá por qual motivo, importou de Abaetetuba e ainda insiste em empurrar goela abaixo do povo barcarenense, esse continua posando de competente. Dá náusea, dá nojo, dá ânsia de vômito, ver um indivíduo da laia do “Malasartes” fazer caras e bocas, dizendo por aí que tem trabalhado incansavelmente pela melhoria do ensino público. Não dá para ter meias palavras. Suportar um sujeito feito o “Malasartes”, de passado tenebroso na sua cidade de origem, onde responde por improbidade, andando de um lado para o outro em Barcarena com seus passos de Sargento Garcia, fingindo que está fazendo alguma coisa... Se estiver, boa coisa não é.

Se desilusão matasse, depois das eleições que alçaram Antônio Carlos Vilaça à prefeitura, boa parte da população, certamente, estaria mortinha da Silva. Nada funciona nessa gestão desastrosa. O caso da Escola Agrícola é apenas o retrato do caos em que se encontra a nossa cidade. Se fosse por falta de verba, ou alguma outra coisa que impedisse uma reforma imediata nas dependências daquela instituição, que pelo menos se limpasse o mato. E o que dizer sobre faltar merenda numa escola frequentada, em boa parte, por crianças carentes? E o que dizer sobre a qualidade da merenda, quando ela existe, que até feijão com caruncho já foi servido? Sem falar que esse governo ainda tem a cara de pau de informar, para a Câmara de Vereadores, que planeja comprar dez toneladas de bolinho de bacalhau para a criançada. Ora, faça-me o favor. A prefeitura apresentar uma Educação à lá Indonésia, e querer arrogar um nível Noruega, é muito cinismo, a raiz quadrada da hipocrisia, o cúmulo da desfaçatez!

Sobre a falta de merenda na Escola Agrícola, afirmo, em relação a Vilaça e a toda catrevagem que o rodeia, o mesmo que escrevi aqui na coluna sobre o ex-prefeito João Carlos Dias, quando faltou merenda durante aquele governo, que de tão ruim, ainda conseguiu ser melhorzinho que esse: “Por incompetência, o poder público permite faltar mil coisas em nosso município. Asfalto, saneamento, iluminação, limpeza, transporte... No caso da merenda, entretanto, falar em incompetência seria eufemismo. Até porque, fome dói. E quando se trata de uma criança passando fome, dói não apenas na criança, mas na alma de qualquer pessoa que tenha dignidade. Permitir que uma criança passe fome deveria dar cadeia. Se assim fosse, nossas crianças não estariam sofrendo esse vexame”.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Verba saindo pelo ladrão

No artigo da semana passada, de título “O povo quer saber”, falei sobre o portal da prefeitura na internet (www.barcarena.pa.gov.br), que, no alto da sua página principal, continha “apenas cinco links que não levam a lugar algum”, e no pé da página, mais um link, que seria o “Acesso ao Portal da Transparência 2013”, isso se a prefeitura estivesse mesmo interessada em mostrar à população o que tem feito do dinheiro público, verba polpuda que entra e sai do caixa da administração municipal, dia após dia, desde que Antônio Carlos Vilaça assumiu o mandato de prefeito. Ao contrário disso, o site até mostrava receitas e despesas, só que... do governo anterior, de João Carlos Dias. Sobre as próprias contas, a página informava que “Os Arquivos da Transparência não estão disponíveis devido a espaço em disco do servidor não ser adequado para esse tipo de site”.

Pois bem, o site da prefeitura mudou, e agora o internauta interessado em saber notícias da gestão municipal de Vilaça tem acesso a alguns links (embora boa parte ainda não funcione). Atualmente, já se tem trânsito livre, por exemplo, a várias notinhas sobre os “grandes feitos” desse governo (o tamanho das notas deve fazer jus às realizações). Além disso, também é possível obter informações sobre o perfil de alguns secretários, e a mais uma coisa ou outra. Em se tratando de um site que, há uma semana, não informava coisa alguma, já é alguma coisa. Sobre o “Portal da Transparência 2013”, esse mudou de nome, e agora é chamado de “Portal da Transparência Barcarena”. No mais, continua transparecendo as contas... do governo anterior, e tirando onda com a cara do povo, informando que, a respeito do governo Vilaça, “Os Arquivos da Transparência não estão disponíveis devido a espaço em disco do servidor não ser adequado para esse tipo de site”. Mas não é só do povo que esse governo escarnece: ao não informar receitas e despesas, zomba também da Lei Complementar 131, que manda gestores do país disponibilizarem a todo e qualquer cidadão, em meios eletrônicos de acesso público (internet), informações pormenorizadas e atualizadas em tempo real, sobre a execução orçamentária dos poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, no âmbito da União, estados, municípios e Distrito Federal.

Quando Vilaça estava em campanha, prometeu que faria o “Governo da Mudança”, justamente por saber que a população já não aguenta mais ser ludibriada. Uma vez eleito, no entanto, preferiu por uma pedra sobre o assunto, passando então a prometer trazer rios de dinheiro para o município, de forma a resolver questões importantíssimas como, por exemplo, saneamento básico, incluindo na conta, asfaltar boa parte das ruas e avenidas da cidade e dar fim ao problema crônico de abastecimento d´água. No entanto, prometer é dar sem ter que gastar nada, e pela competência dos “alto executivos” do primeiro escalão da gestão municipal, a esperança, que é a última que morre, essa já está a sete palmos, enterrada na vala comum dos falsos compromissos. Além do mais, não é por falta de verba que o nosso município acumula mazelas, e sim por falta de transparência pública. Dinheiro que chega por aqui, fora os milhões arrecadados em impostos, não se transforma em benefícios para a população. Antes disso, some, sem deixar rastro.

Por falar em dinheiro que chega por aqui, o vereador Padre Carlos continua a cobrar o porquê das obras federais que foram iniciadas já há algum tempo estarem paralisadas, mesmo a prefeitura tendo recebido a verba necessária para conclusão. Faço eco com o vereador, e pergunto: será que vai acontecer com essas obras o mesmo que houve com a do Hospital Materno Infantil, onde a verba acabou e a obra ficou pela metade? Por falar, mais uma vez, em dinheiro que chega por aqui, o Portal da Transparência, não o da prefeitura, mas o do Governo Federal, informa que, no mês de julho, repassou à Secretaria de Educação barcarenense exatos R$2.544,071,05, para “Implantação de Escolas para Educação Infantil”. É bom saber o que está sendo feito desse dinheiro, uma vez que o secretário de Educação, Pedro “Malasartes” Negrão, que já chegou à Barcarena trazendo na mala vários processos por improbidade, movidos pelo Ministério Público Federal, quando de sua gestão à frente de secretarias em Abaetetuba, uma vez aqui, andou fazendo alguns arremedos de reformas em algumas escolas do nosso município, sem ao menos se dar ao trabalho de colocar, como manda a lei, placas indicando custo. É bom ficarmos atentos, pois em Barcarena tem verba saindo pelo ladrão.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O povo quer saber

Quem acessa a internet, e digita o endereço (www.barcarena.pa.gov.br) do portal da prefeitura, percebe, logo de cara, que esse “governo da mudança”, na verdade, não passa de um “governo da lambança”, um engodo, uma brincadeira de mau gosto, farsa comandada por indivíduos, além de patetas, ordinários. No alto da página principal do site, apenas cinco links que não levam a lugar algum; no centro, um texto “meigo”, com o título “Transição de governo garante bom começo de mandato” (como é que é, o governo ainda está começando?); e finalmente, lá no pé da página, bem escondidinho, mais um link, “Acesso ao Portal da Transparência 2013”. Quem vê assim imagina: “Bem, pelo menos a prefeitura está interessada em mostrar o que está sendo feito do dinheiro da população”. Porém, a decepção (e uma vontade tamanha de despejar impropérios sobre as progenitoras dos nossos mandatários), vem logo em seguida.

Ao clicar no tal link da Transparência, mais uma “resenha”, dessa vez sob o título “Seja bem vindo ao portal da Transparência de Barcarena”, texto que faço questão de transcrever: “A Prefeitura de Barcarena, com o propósito de tornar acessível à população a divulgação de suas ações de governo, através do acompanhamento dos gastos realizados e das receitas arrecadadas, disponibiliza no Portal da Transparência tudo o que vem realizando com o dinheiro público, de forma que qualquer pessoa acompanhe a execução orçamentário financeira dos programas e ações do governo, os investimentos nas diversas áreas (educação, saúde, infraestrutura, etc.), a situação de endividamento, as despesas com a máquina pública, assim como o cumprimento dos limites estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal”. Seguindo em frente, mais links, agora informando receitas e despesas, porém, apenas e tão somente... Do governo anterior. Isso mesmo, Antônio Carlos Vilaça e seus asseclas estão interessadíssimos em nos mostrar as contas alheias. As desse governo, porém... Esqueça. Mas isso não é tudo: para, mais uma vez, tirar onda com a cara da população, outra mensagem de pé de página informa que “Os Arquivos da Transparência não estão disponíveis devido a espaço em disco do servidor não ser adequado para esse tipo de site”. Realmente, em se tratando do “governo da roubança”, nunca vai haver servidor adequado!

Recentemente, conforme foi noticiado aqui no Jornal O CIDADÃO, a Câmara Municipal fez um estardalhaço dos diabos, e resolveu exigir que Vilaça e secretários prestassem contas do que tem sido feito dos milhões e milhões de reais que passam, mensalmente, pelo caixa da prefeitura. Nossos representantes no legislativo deram ao prefeito quinze dias para que ele mostrasse planilhas, notas, licitações, etc., sob pena de cassação. Vencido o prazo, e documentos entregues, esperava-se que fosse aberta a caixa-preta do executivo, mas ao invés disso, veio o silêncio. Será que os vereadores estão debruçados sobre a papelada que chegou à Câmara, analisando conta a conta, papel a papel, para depois trazer a público o conteúdo da caixa de Pandora, ou estão interessados mesmo é em usar os dados apresentados, em negociatas e barganhas? Pelo tempo que estão mudos e calados, com os documentos em mãos, desconfio que a segunda alternativa possa ser a verdadeira, mas vale esperar mais um pouco. De qualquer forma, lanço o desafio: que os vereadores deem uma mãozinha para a Lei da Transparência, e faça chegar a público toda a papelada da prefeitura. Afinal, ao contrário do “servidor” da internet, vereadores, creio eu,  são servidores públicos adequados a transparecer receitas e despesas. Pelo menos ganham para isso, e o povo quer saber.

Falando no estardalhaço que aconteceu recentemente na Câmara, naquela ocasião, o vereador Luiz Leão, vulgo “Me Rouba”, afirmou que o ex-prefeito João Carlos Dias teria pago R$900 mil, ano após ano, para uma empresa recolher lixo das ilhas, numa balsa que ninguém nunca viu navegar por águas barcarenenses, e que Vilaça também teria entrado na mesma maracutaia. O povo quer saber o desfecho dessa história. Está mais do que na hora dos nobres colegas do “honestíssimo” vereador lembrá-lo de desvendar, e trazer à tona, o caso. Afinal de contas, R$900 mil por ano, ao final de um mandato, dá o total de alguns milhões. Pagar esse valor para recolher lixo, para uma empresa que nunca prestou o serviço, é um caso grave... E fede! Mas convenhamos, se isso é mesmo verdade, “Me Rouba”, pela fama e alcunha que tem, já levou a sua parte. Se fosse diferente, esse lixo todo já teria sido espalhado pelo ventilador.

sábado, 14 de setembro de 2013

Sobre os escravos cubanos

Os vereadores barcarenenses, com raríssimas exceções, disparam tolices e desatinos da tribuna da Câmara com uma reincidência impressionante. Das exceções, Padre Carlos, do PT, tem dado mostras de ser uma delas. Para citar um exemplo, dia desses, a Casa discutia como resolver o problema de mototaxistas que são multados, constantemente, por trabalharem sem autorização do executivo. Na ocasião, surgiram os mais absurdos e eleitoreiros discursos sobre o que poderia ser feito para resolver o problema, até que o vereador petista informou a seus pares que Barcarena precisa, antes de qualquer coisa, regulamentar o transporte público, já que não cabe ao Demutran dar concessão a ninguém. Fico então na expectativa de que Padre Carlos leve adiante essa bandeira, que, aliás, também é minha (tenho tratado com frequência desse assunto aqui nesta coluna), para que, finalmente, a cidade conte com um transporte regulamentar (com conselho, fiscalização, e tudo mais de direito), e que a Câmara não permita que os mototaxistas sejam multados por não terem essa licença, até que o problema seja sanado.

Conforme afirmei há pouco, pondero que Padre Carlos tem tido até aqui uma atuação parlamentar bem razoável, e se de fato ele resolver, ou pelo menos se empenhar (uma vez que não depende só dele) em solucionar o problema do transporte, é certo que subirá bastante no meu conceito. Porém, no momento, tenho uma crítica a fazer a respeito de um pronunciamento do vereador, quando ele se mostrou decepcionado por Vilaça não ter solicitado, do governo federal, médicos cubanos para o município. Embora eu saiba bem que nosso prefeito, infelizmente, está deixando muitíssimo a desejar em relação à Saúde, à Educação e a tudo mais, considero um crime de lesa-humanidade o que Dilma Rousseff está fazendo com o povo cubano, e entendo que nós, brasileiros, não devemos compactuar com isso.

Ao contrário do que o Ministério da Saúde anda afirmando por aí, Dilma Rousseff não tem a mínima pressa em resolver coisa alguma referente à saúde pública do País. Essa súbita e repentina “diligência” também não tem nada a ver com passeatas e protestos. O que seria então? O PT de Dilma tem pressa mesmo é em salvar o moribundo regime totalitário dos irmãos Castro, seus amigos do Foro de São Paulo, organização supranacional criada por Fidel e Lula para promover o comunismo na América Latina. O autoritarismo de Raul e Fidel não permitiu a Cuba o desenvolvimento de uma indústria ou de uma agricultura fortes, e como já não conta com a mão amiga da arruinada União Soviética, a economia cubana naufragou de vez. Restou então alugar escravos para “companheiros” como o finado Hugo Chaves, Evo Morales, e agora Dilma “Lula” Rousseff – um negócio bilionário, sem o qual os Castro já não teriam como evitar a volta da liberdade na Ilha. Aos que imaginam que essa história toda seja uma “teoria da conspiração”, convido a analisar os fatos à luz da lógica.

O Brasil tem hoje 1,8 médicos para cada mil habitantes, enquanto Cuba tem 6,4 para cada mil. Ocorre que, durante o governo Lula, o PT enviou ao Congresso o projeto de lei 65-A/2003, que proíbe a criação de novos cursos médicos e a ampliação de vagas nos já existentes, durante dez anos, sob a alegação de que no Brasil há médicos demais. Isso significa que os petistas já se preparavam para “importar” cubanos. Quanto a eles serem ou não escravos, além de embolsar quase a totalidade dos R$10,000,00 mensais que caberia a cada médico (até agora não foi informado a ninharia que eles vão receber, e em Cuba o salário de um médico gira em torno de R$60,00/mês), o próprio Fidel afirma que mantém reféns as famílias dos “humanitários” e confiscam seus passaportes simplesmente para que eles não fujam. Impressionante é que qualquer cubano, hoje em dia, tem autorização para sair daquele país, menos os familiares dos “produtos de exportação”. Em resumo, enquanto profissionais vindos de outros países recebem direta e integralmente seus salários, podem trazer a família e ficar o tempo que quiser, os cubanos... É claro que “Dilminha Capitã do Mato” está rasgando a Lei Áurea. Assim, aceitarmos que precisamos de “Mais Médicos” a qualquer custo, para solucionar os problemas da nossa combalida Saúde, equivale a nos igualar aos nossos antigos escravocratas, que afirmavam que aquela “mão de obra” era necessária para não falir as plantações de café e cana-de-açúcar dos coronéis. Será por que, mesmo, o governo federal não contrata diretamente os cubanos, e lhes paga o que é deles e não dos Castro? Não basta a vergonha de sermos o último país das Américas a abolir a escravidão?

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Estelionato eleitoral e o combate à violência

Se cumprissem metade do que prometeram durante a campanha passada, Antônio Carlos Vilaça e os vereadores eleitos transformariam Barcarena num lugar tão aprazível quanto o Jardim do Éden. No entanto, bem sabemos que promessa de político é algo que não se escreve, pois mal as urnas são apuradas, o castelo de sonhos se desmorona, e então volta a valer a triste e dura realidade de sempre. Por ser assim, uma vez conferidos os votos, os eleitores se dão por satisfeitos quando uma pequena parte das promessas se concretiza, e a vida muda para melhor, nem que seja um pouquinho apenas. Entretanto, se promessa de político é algo que não se escreve, algumas delas, ainda assim, vão para o papel, por obra e graça dos pretendentes ao cargo majoritário, que, sob pena de não terem deferidas as suas candidaturas, registram no Tribunal Superior Eleitoral suas propostas de governo. Em alguns países, se um eleito não cumpre com o que escreveu, tem que dizer o porquê, e de forma convincente. Algo do tipo, “escreveu, não aconteceu, o pau comeu”. No Brasil não é bem assim, e passadas as eleições, o papel onde se registra as promessas já não serve mais para coisa alguma, a não ser para... Bem, deixa pra lá.

Das promessas registradas por Vilaça, uma delas diz respeito ao combate à violência, tema que, numa cidade como a nossa, onde o crime rola solto, não poderia ficar de fora da lista de “soluções fáceis” do marketing de ilusões eleitoreiras. Segundo o que Vilaça escreveu, e que os atuais vereadores alardearam nos ouvidos do eleitorado, uma vez que assumissem os mandatos, cuidariam de, entre outras coisas, “Criar a Guarda Municipal – formada por agentes treinados e preparados para atuarem em locais públicos, a fim de coibir a criminalidade e proteger os prédios e logradouros públicos, realizando um trabalho de parceria com as polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros”. Tudo bem que as eleições de 2012, assim como tantas outras, não passaram de estelionato eleitoral, mas segurança pública é importante demais para ser, como foi, relegada ao esquecimento. Visitando os “prédios e logradouros públicos”, até hoje não se vê guarda municipal nenhum, e se existe algum “trabalho de parceria”, pela quantidade de crimes que vêm acontecendo no município, tal parceria se deu não com “as polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros”, mas com a bandidagem. Alguém poderia até argumentar que oito meses de mandato é pouco tempo para se criar uma guarda municipal. Pode até ser, mas pela quantidade de vezes que o assunto foi ao menos abordado na Câmara de Vereadores, resta a revolta, e o salve-se quem puder.

É fato que segurança pública é um tema complexo, e a criação de uma guarda municipal, por si só, não resolveria o problema da violência generalizada que tomou conta do município. No Brasil, onde a sociedade não apenas desconfia da polícia, mas também tem medo dela, e assassinos são presos num dia e soltos no outro, o que leva a população a também não acreditar no judiciário, combater o crime é tarefa das mais complicadas. Em Barcarena, como em toda cidade portuária, combater a violência é ainda mais difícil. Porém, justamente por ser tão difícil é que o legislativo e o executivo deveriam unir forças, e debater a matéria à exaustão, em busca de soluções, ao invés de cruzarem os braços, se restringindo a fazer cara de comoção, a cada crime bárbaro que acontece, diga-se, com uma frequência assustadora. Foi o que aconteceu na reunião ordinária da última terça-feira, 3, do legislativo barcarenense, quando o morador do Residencial Zita Cunha, Denisval Dias, representando aquela comunidade, ocupou a tribuna e expos a sua indignação e a sua angústia, após famílias que residem próximo à sua casa terem sido vítimas de  dois casos de estupro no conjunto habitacional que tem apenas três meses de inaugurado. Os parlamentares presentes logo se mostraram solidários, mas ficou nisso. O problema da violência absurda que nos assola tem causas inúmeras, e requer soluções várias. A criação de uma guarda municipal seria apenas uma delas. Quando se fala em combate ao crime, prefeitos costumam empurrar a responsabilidade para as esferas estadual e federal, como se o município pouco pudesse fazer a respeito. Porém, se Barcarena tivesse ruas pavimentadas e iluminadas adequadamente, incentivasse a cultura da paz, desse mais perspectiva de emprego para os jovens, investisse em esporte, oferecesse uma Educação com mais qualidade, e tivesse, sim, uma guarda municipal, já seria um bom avanço. Entretanto, nada disso é possível enquanto não se resolve outro problema crônico, que é o da corrupção sem freio e sem punição, onde ladrões do erário, além de fazerem sumir a verba pública, ostentam, dando um péssimo exemplo à juventude: o de que o crime muitas vezes compensa.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Conspiração Ravengawa

Dá para entrever, pelo que aconteceu na sessão ordinária da Câmara Municipal do dia 20 de agosto último, que os vereadores, todos eles (incluindo, absurdamente, o afastado Ary Santos), andam conspirando pela cassação do prefeito Antônio Carlos Vilaça, numa tramoia orquestrada para apear do comando da cidade o arrogante, inábil e desgastado aprendiz de ditador. Após ter ajoelhado e rezado apoio total e incondicional ao alcaide quando de sua posse, os vereadores resolveram agora colocar Vilaça numa sinuca de bico daquelas que até Rui Chapéu teria dificuldade em resolver. Os mesmos que, antes, faziam vista grossa a uma série de desmandos do executivo, agindo como cãezinhos de madame que abanam o rabo em troca de um petisco, de uma hora para outra mostram os dentes, e após discursos inflamados, anunciam a aprovação, por unanimidade, de cinco requerimentos convocando o chefe do executivo a apresentar, no prazo máximo de dez dias e sob pena de abertura de processo de cassação, prestações de contas diversas e detalhadas, aliás, as mesmas que antes não demostravam muito interesse em analisar. A propósito, o vereador Lauro Junior, filiado ao PMDB, partido do seu parente e derrotado candidato Laurival Cunha, e que, pela lógica, deveria fazer, desde o início, oposição a Vilaça, mas que até então o tratava com sorrisos e mesuras, já posou de líder da inconfidência, e avisou que não basta apresentar documentos, e sim, por pingos nos is de cada movimentação financeira, senão...

Se Vilaça fosse um prefeito organizado, sério e bem assessorado, não teria problema algum em apresentar, e defender, os documentos pedidos, afinal, a bem da verdade, não há nada de estranho ou impossível nas solicitações da Câmara. Um dos requerimentos se refere aos documentos contábeis do primeiro quadrimestre e já enviados ao Tribunal de Contas dos Municípios, portanto já existentes. Outro pede um detalhamento de despesas com mídia, que também já foi enviado ao TCM. O terceiro solicita os processos licitatórios do período, coisa simples de resolver para um governo que, sem qualquer explicação, e diga-se, com a conivência do próprio parlamento, logo que se instalou decretou estado de calamidade pública, ficando assim, livre, leve e solto, fora do alcance de certas exigências legais. O quarto requerimento quer apenas uma cópia de folha analítica, com relatório demonstrativo, coisa simples de apresentar. O quinto e último, pede esclarecimentos a respeito de obras que continuam paralisadas, mesmo tendo o município recebido verba para dar continuidade, uma solicitação inócua, visto que o executivo pode dar a desculpa esfarrapada que quiser. Sendo assim, uma vez que não existe nada de mais nas exigências, qual seria então a dificuldade de Vilaça?

O grande problema do prefeito não é apresentar documentos, mas explicar, publicamente, os valores fora de contexto que devem estar expressos em cada um deles. Para um governo que, no pouco tempo em que está no poder, movimentou milhões e milhões de reais, tudo na base do matreiro estado de calamidade pública, mais que isso, faz questão de não exibir sequer as devidas e obrigatórias placas indicando o custo dos arremedos de reformas e puxadinhos que vem executando aqui e ali, e, além do mais, apresenta rombos milionários nas contas da Educação e da Saúde (sabe lá como devem estar as finanças das demais secretarias), não vai ser nada fácil encarar o levante do legislativo.

Mas afinal, o que levou os membros da Câmara, que davam, conforme discurso do vereador Thiago Rodrigues, “cheque em branco” ao prefeito, deixando-o bem à vontade, quando deveriam fiscalizar, mudarem agora de ideia, partindo, todos eles, para uma espécie de Tribunal do Santo Ofício da Inquisição? Quem ganharia com uma possível cassação de Vilaça? O principal beneficiado seria, naturalmente, o vice-prefeito Renato Ogawa, que assumiria de imediato o posto principal. Por sinal, Ogawa tem fama de encarnar o papel do maquiavélico Renato “Ravengawa”, cover barcarenense do bruxo Ravengar do reino de Avilan, com influência sem limites na corte. Outro que teria motivos para sorrir seria Laurival Cunha, que voltaria a ter mais trânsito na “Casa Rosada” da Cronje da Silveira. Já para os vereadores, pouco importa o desfecho da trama. Pela tradição da Casa, o que vale mesmo é a barganha política, o quem dá mais. Quanto a Vilaça, esse pagaria o preço da falta de compromisso com o povo que o elegeu, não tendo nem do que reclamar. Se os vereadores tiverem mesmo coragem e essa conspiração prosperar, ficará no prejuízo a população do município, que, além de ver a cidade parada esperando o fim da briga de foice, passará a ter um governo talvez ainda pior que o atual, com o agravante de ter que engolir um prefeito sem nenhum voto nas urnas.

Os amigos do Mickey

A estranhíssima sessão da Câmara Municipal da terça-feira, 20, me fez lembrar de alguns personagens de Walt Disney, como o destemido e inteligente Mickey e seu fiel amigo Pateta, que, juntos, ajudam o chefe de polícia de Patópolis, Coronel Cintra, a prender bandidos da laia dos destrambelhados Irmãos Metralha, do terrível Mancha Negra e do gatuno João-Bafo-de-Onça, meliantes sempre envolvidos em algum assalto ou outro tipo de bandalheira pela cidade. A propósito, Pateta, o atrapalhado amigo do camundongo mais conhecido dos quadrinhos, que tem o nome bem sugestivo, pois sempre atrapalha mais do que ajuda, me levou a tirar sarro de uns e outros do meu círculo de conhecidos, chamando de “amigo do Mickey” para quem estiver, em determinada situação, dando alguma mancada. Por que tudo isso me veio à lembrança? A sessão ordinária do dia 20 mais parecia uma reunião de “amigos do Mickey”, perto dos quais, Pateta, o original, é fichinha! Porém, na vida real, personagens não são assim tão caricatos, e muitas vezes papéis se invertem, as aparências enganam, e sendo assim...

Lauro Junior (PMDB) afirmou que foi falar com o vereador Ary Santos, para saber se o afastado edil concorda com algumas medidas que a Câmara pretende tomar, a saber, a possível, ou provável, cassação de Antônio Carlos Vilaça. Como é que pode a Justiça afastar um vereador, e outro ainda se prestar a consultar-lhe em domicilio? E justamente quando o assunto é a cassação do mandato de um prefeito? Será que Lauro Junior está de amizade com o rato orelhudo da Disney, acreditando que o afastado parlamentar, aliás, também conhecido por Arú Santos, tem alguma opinião assim tão pertinente, de um jurisconsulto, que ninguém na Câmara é capaz de suprir, ou, por algum motivo, já dá como favas contadas a volta de Santos, o tratando como a um membro normal na Casa? Mas Lauro Junior não ficou por aí. Parente do candidato derrotado nas últimas eleições, Laurival Cunha, o vereador que está à frente do levante contra Vilaça se disse até com receio de ser assassinado: “Se me matarem amanhã ou depois, vocês já sabem quem foi”. O que mesmo ele quis dizer com isso?

O vereador Thiago Rodrigues (PSDB) declarou que ele e seus nobres colegas haviam dado “um cheque em branco” para Vilaça, mas que agora estariam, digamos assim, meio arrependidos, uma vez que o prefeito não quer nem saber de prestar conta de nada. Ora bolas, como é que alguém que foi eleito para fiscalizar resolve dar “um cheque em branco” para quem deveria ser fiscalizado? Porém, segundo ele, o povo barcarenense pode ficar tranquilo, pois “esse vereador aqui vai fazer o seu papel”. Então tá, nós já estamos terminando o oitavo mês do primeiro ano de mandato, e só agora ele resolveu trabalhar?

Luiz “Ladrão”, o “Me Rouba”, o maior João-Bafo-de-Onça que já passou pela Câmara, esse trouxe uma denúncia contra o ex-prefeito João Carlos Dias, que teria, segundo o vereador, pago R$900 mil por ano para uma empresa recolher lixo das ilhas, numa balsa que nem sequer existiu. Quer dizer que alguém “passa a elza” em quase um milhão de reais, ano após ano, assim na cara dura, e “Bafo” só vê isso agora? Estaria ele assinando de Pateta? Mais à frente, “Me Rouba afirmou que Vilaça também vem fazendo o mesmo. Estaria, então, como já se viu tantas vezes, apenas fazendo mais uma barganha?

Rudilene Magno (PTdoB) reclamou dos arremedos de reformas que o executivo vem fazendo, e falou de “um puxadinho” que vem sendo construído na sede da prefeitura: “a gente nem sabe quanto está custando, porque a própria prefeitura não coloca uma placa dizendo o valor da obra”, declarou. Essa, porém, não é a primeira vez que a vereadora reclama da falta de transparência do executivo. Por que não tomou providência antes?

Nessa Câmara Disneylândia, onde coisas sérias só acontecem se for na Terra do Nunca, esse arroubo repentino, onde todos os “amigos do Mickey” que “assinavam cheque em branco”, diga-se, para um prefeito reconhecidamente vilão, resolvem, unanimemente, incluindo aí até vereador afastado, o ameaçar seriamente de cassação... Como disse antes, na vida real, personagens não são assim tão caricatos, e muitas vezes papéis se invertem, e sendo assim...

Operação “tapa buraco”

Segundo a vereadora Rudilene Magno, a Semed, Secretaria de Educação de nosso município, que tem à frente Pedro Negrão Rodrigues (que responde por fraude em Abaetetuba), está com um rombo financeiro de R$6 milhões. De acordo com o que a parlamentar informou ao Jornal O CIDADÃO, declarações que publicamos em matéria na edição da semana passada, a Secretaria não vem pagando fornecedores (transporte escolar, aluguel, combustível, manutenção de escolas, etc...), acumulando dívidas que somam o valor acima. Isso em apenas poucos meses de gestão. Como é que Negrão, anunciado pelo prefeito Vilaça como o alto executivo que iria melhorar a qualidade do ensino público barcarenense, conseguiu essa “façanha”? Talvez isso nunca seja devidamente esclarecido, uma vez que a prefeitura não tem por costume respeitar a Lei da Transparência. De qualquer forma, insisto na pergunta: será que Negrão não corresponde aos elogios do prefeito, ou simplesmente não tem a idoneidade moral imprescindível a alguém que ocupa cargo público tão importante? Pelo que se pode observar, e são muitos os indícios, as duas alternativas, infelizmente, são verdadeiras.

Quanto à competência, não consigo sequer supor que Vilaça tenha mesmo acreditado nas qualidades administrativas e educacionais do secretário, um “importado” que ele fez questão de trazer do município vizinho e empurrar goela abaixo na população. Basta analisar o que Negrão fez, ou melhor, deixou de fazer, pelo ensino abaetetubense, para perceber, de cara, que esse tal “importado” tem a qualidade de um desses produtos comprados em lojas de R$1,99. No dia em que assumiu a Semed, o “paraguaio made in China” deixou ainda mais estampada a sua já patente incapacidade, ao afirmar, em discurso de posse, que a responsabilidade pelo aprendizado dos alunos, a partir daquele dia, seria da família de cada um deles, e não da escola, mas que ele iria ensinar a cada pai e a cada mãe como educar os filhos. Deve ser por isso que Negrão demonstra tanto desprezo pelos professores da rede pública, recusando-se a dialogar e a resolver uma greve que já se arrasta há quase três meses.

É triste, mas nem só de incompetência vive o queridinho de Vilaça. Quando chegou à Barcarena, Negrão trouxe na bagagem vários processos por improbidade administrativa, impetrados pelo Ministério Público Federal, após devassa da Controladoria Geral da União, que aconteceu na prefeitura de Abaetetuba, município onde nasceu e exerceu o comando de duas secretarias. Tal fato, noticiado nas páginas de O CIDADÃO, fez com que o “alto executivo” fosse parar na Câmara de Vereadores, numa tentativa patética de se passar por inocente, afirmando que estava sendo vítima de um equívoco. Em suas “explicações”, Negrão primeiro terceirizou o crime, dizendo que na época em que aconteceu a falcatrua, ele não era secretário de Educação, e sim de Administração. Depois afirmou que não caberia responsabilizar nem mesmo quem ficou em seu lugar na Educação, pois aquela pasta, na época, não era independente, e sendo assim, o culpado por todo o sumiço de verba pública seria o prefeito Chico Narrina, que, segundo Negrão, não gostava muito de seguir a lei das licitações. Assim, o indivíduo, pasme, transferiu a responsabilidade para um morto, uma vez que Narrina havia falecido, e portanto já não poderia retrucá-lo. Ocorre que Negrão se “esqueceu” de dizer que, não sendo a Educação independente, todas as licitações foram fraudadas em outra secretaria, a de Administração, onde, advinha quem era mesmo o secretário? Resumo da ópera: Pedro Negrão, ou melhor dizendo, Pedro “Malasartes”, foi se explicar e acabou confessando o crime.

Quando assumiu o cargo em Barcarena, “Malasartes” andou fazendo uns arremedos de reformas em meia dúzia de escolas do município, como forma de mostrar serviço. Entretanto, pago um lápis e um caderno para o primeiro que me disser quanto custou as tais reformas, uma vez que “Malasartes”, dando um pontapé na lei, não se deu ao trabalho de colocar placas informando o custo de nada. Esse rombo de R$6 milhões na Educação, assim como o rombo também anunciado de R$2,7 milhões na Saúde, é algo inadmissível. Segundo comentários de pessoas ligadas à prefeitura, Vilaça pretende fazer uma operação “tapa buraco”, mas não nas ruas da cidade, e sim nas contas da Educação e da Saúde, com verbas de outras secretarias, dando por resolvido o problema. Fala sério! Antes de qualquer coisa, essa história toda tem que ser muito bem explicada. Não dá para aceitar que simplesmente uma conta não fecha e fica tudo por isso mesmo.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ary Jefferson

Os últimos acontecimentos da política barcarenense estão deixando muitos corruptos com a pulga atrás da orelha. Diga- se, com a pulga atrás da orelha em pé! Ninguém esperava que o vereador Ary Santos, ao dar início a uma obra sem antes fazer a devida licitação, manipulando assim dinheiro público a seu bel-prazer, fosse processado, civil e criminalmente, por improbidade, muito menos que fosse afastado da presidência da Câmara, muito menos ainda que, em seguida, fosse também afastado do cargo de vereador. Nem ele próprio acreditava em nenhuma dessas hipóteses. Se acreditasse, o individuo não teria deixado tão escancarada a fraude. Aconteceu na Casa do Povo o mesmo que ocorre numa outra casa, a do Big Brother, onde os participantes do programa, logo que chegam, tomam todo cuidado com as câmeras instaladas em tudo quanto é canto do ambiente, mas em seguida relaxam, e esquecem que estão sendo observados.

Ary Santos e seus companheiros de maracutaia estavam acostumados, desde sempre, a meter o mãozão na grana da população, sem nunca prestar contas a ninguém. Incomodaram-se, é bem verdade, quando o Jornal O CIDADÃO, em julho de 2010, começou a circular na cidade, denunciando, a partir de então, a roubalheira e a cara de pau dos políticos podres do nosso município. Entretanto, o tempo passou, e embora muitos vereadores tenham levado o pé na bunda nas eleições do ano passado (o mesmo acontecendo, inclusive, com o então prefeito João Carlos Dias, que, de tão desgastado, achou melhor nem se candidatar), ficou o exemplo de um dos patifes, “Luiz Ladrão”, conhecido e reconhecido como o mais corrupto de todos. Vaiado nos palanques em que subia, a ponto de ser considerado persona non grata nos comícios do promesseiro e aliado Antônio Carlos Vilaça, “Luiz Ladrão”, o famoso “Me Rouba”, conseguiu a façanha de ser o mais bem “votado” dos candidatos ao legislativo, se é que se pode chamar de bem votado um candidato que usou e abusou de verba pública para pagar a “simpatia” de seus eleitores. A estratégia de “Me Rouba” certamente fez adeptos, que passaram então a ampliar a roubalheira durante o mandato, para comprar mais votos depois.

Ocorre que, se Ary Santos, o aprendiz de “Me Rouba”, já não se preocupava mais com as denúncias de O CIDADÃO, mandando às favas a opinião pública, o povo de Barcarena ganhou mais um aliado, que acabou pegando de calças curtas o pulha. Ao ler tanta denúncia e tanta reclamação em O CIDADÃO, o Ministério Público atendeu ao clamor popular e entrou em cena, disposto a moralizar a política municipal. Surpreendido com a boca na botija, o desventurado está agora abandonado à própria desgraça, uma vez que seus asseclas, temerosos de lhe fazer companhia, já o consideram “chave de cadeia”, e procuram manter distância. Insatisfeito com o abandono de seus antigos companheiros de quadrilha, Ary Santos já ameaça usar a sua metralhadora giratória de delação, levando uma galera com ele.

Um amigo chegado de Santos, o ex-assessor de comunicação da Semed, Denivaldo Farias, aquele que ameaçou de morte o professor Francisco das Chagas durante uma manifestação do Sintepp em janeiro deste ano, publicou no Facebook (inclusive também na página do afastado vereador), um texto em que afirma que Santos teria lhe mostrado “uma farta documentação” contra políticos e empresários de Barcarena. Segundo Farias, Santos teria, durante um almoço, dia 5 último, lhe garantido estar disposto a mostrar um dossiê comprometedor à Polícia Federal, onde “só Antônio Carlos Vilaça ficaria de fora”. É fato que já estamos acostumados a ouvir políticos corruptos mandando “recadinhos” e ameaças uns para os outros, em busca de apoio para uma safadeza qualquer. Porém, acuado pela Justiça, e abandonado por seus antigos cúmplices, Ary Santos, que, pela osmose com a bandalheira, deve mesmo ter em mãos a tal “farta documentação”, bem que poderia tomar um gole de “elixir da coragem”, e se transformar no “Ary Jefferson”, o Roberto Jefferson de Barcarena, dedurando tudo quanto é canalha. Teríamos então, em âmbito municipal, o equivalente ao escândalo do mensalão, e a cidade iria se livrar, numa tacada só, de um monte de patife... É, pensando bem, Ary Santos... Coragem... Dedurar tudo quanto é canalha...? Esquece! Seria bom demais pra ser verdade, e devo mesmo estar variando!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A volta dos que não foram

Na eleição passada, Laurival Magno Cunha tentou voltar, de todas as formas, a ocupar o cargo de prefeito de Barcarena, após ter sido obrigado a “alugar” a cadeira de chefe a João Carlos Dias. Acostumado a mandar e desmandar (mais desmandar do que mandar) na máquina pública municipal, diretamente, durante oito anos (havia sido eleito em 2000 e 2004), viu-se obrigado, em 2008, uma vez que não poderia concorrer pela terceira vez seguida, a escolher um sucessor, ou melhor, um pau mandado, dando assim continuidade a sua vida de mandachuva, embora de forma indireta, durante os quatro anos em que ficaria “de molho”, esperando Dias se desgraçar politicamente, preparando então terreno para o que seria, segundo a mente arrogante do caudilho, a sua volta triunfal. O futuro, no entanto, estava em desacordo com as pretensões e vaidades do herdeiro político do pai, Laurival Campos Cunha, e em 2012 entrava em cena mais um ilusionista na política do município. O novo mandrake barcarenense, que atende pelo nome de Antônio Carlos Vilaça, aproveitou-se do fato de que os eleitores já não suportavam mais ouvir falar em qualquer coisa relacionada aos Cunha, e iludiu a todos, pregando uma mudança que nunca pretendeu fazer, frustrando, primeiro, os planos do concorrente, depois, toda a sociedade.

Ora, mudar implica em romper com tudo de ruim que teima em se manter em vigor. Isso significa que Vilaça, ou melhor, Vilão, como é mais adequado o chamar, teria que dar um chega pra lá em Laurival e sua turma, implementando um governo, se não eficiente, pelo menos correto. Ocorre que Vilão não tem vocação nenhuma para administração pública, muito menos devoção pela seriedade, e deu no que deu: mudou-se o ator principal da ópera bufa, enquanto a companhia teatral e a peça encenada continuam as mesmas. Assim, Laurival e sua trupe, que já tinham passagens compradas para a terra dos proscritos, voltaram à cena, sem nunca ter se despedido dela, garantindo privilégios, regalias e malandragens antigas a toda corriola que vem afundando a economia do município há décadas. Por que Vilão fez esse “acordo”? Para quem não se dispõe, por exemplo, a cumprir a Lei da Transparência, como vem acontecendo nesse governo, o “acordo” é fundamental. Quem tem rabo preso e telhado de vidro não pode nem pensar em ter oposição. Aliás, oposição seria algo inédito por essas plagas.

Laurival Cunha já não manda mais em Barcarena, embora mantenha imóveis alugados à prefeitura a preço de ouro, e apaniguados em tudo quanto é secretaria. Naturalmente, isso significa que, como ainda faz uso de boa parte da “máquina de fazer correligionários e dinheiro fácil”, futuramente pode tentar ressurgir das cinzas, algo que, embora seja improvável, não é de todo impossível, devido também a outros dois fatores. O primeiro deles é a incompetência administrativa do atual prefeito, que, antes mesmo de terminar um ano de mandato, já conseguiu dividir com o “morto” a antipatia da população, que já entende que um pelo outro não se deve pedir troco. O segundo fator, aliás, o mais importante deles, é à falta de um nome que realmente se oponha ao atual grupo “Vilaça Cunha”, o que deixaria o eleitor sem opção.

Embora ainda seja cedo para meter o meu bedelho, afirmo que poderemos, nas próximas eleições municipais, ter um cenário de horrores, levando os eleitores a escolher entre o nefando e o nefasto, entre o danoso e o abominável, entre o execrável e o funesto, o que daria no mesmo, até porque os dois dividem, e continuariam a dividir, o bolo. Outro cenário possível, algo que é bem fácil de acontecer, é o grupo “fabricar” mais um ilusionista, alguém do próprio grupo, o lobo da vez, que tenha a carcaça mais apropriada naquele momento para vestir a pele de cordeiro. Enquanto isso, Barcarena, que já vem sendo esfolada há tanto tempo, e acumula dívidas impagáveis de um dinheiro que ninguém sabe onde foi parar, tem que sucumbir a mais três anos de rapinagem, e torcer para que surja uma liderança realmente disposta a por fim aos desmandos, e a enfrentar os salteadores do erário.