domingo, 28 de julho de 2013

Apelo ao Ministério Público

Como se sabe, os protestos que tomaram conta do Brasil recentemente tiveram início numa manifestação contra o aumento na tarifa do transporte público em São Paulo. Depois os protestos se alastraram e surgiram outros temas, passando a corrupção a ser o principal deles. Enquanto isso, aqui em Barcarena, município onde a corrupção rola solta, nem transporte público regulamentar nós temos. O vereador Ary Santos, o tal que começou a construir a “sede própria” da Câmara antes mesmo da devida licitação (sabe lá quanto já foi desviado dessa obra), tem tudo a ver com os dois assuntos.

Barcarena, com seus mais de cem mil habitantes, já deveria contar com um transporte regular, onde a tarifa cobrada e o serviço prestado, com linhas e horários definidos, fossem, através de um Conselho de Transporte, permanentemente discutidos pela sociedade. Porém, como nossos políticos estão muito ocupados em nos roubar, falta tempo para qualquer outra coisa, e a Prefeitura Municipal, que recolhe do contribuinte em torno de duzentos milhões de reais por ano (sabe lá o que é feito dessa grana), e a Câmara de Vereadores, que recebe do executivo verba em torno de doze milhões de reais por ano (sabe lá o que é feito dessa grana), nunca cuidaram de regulamentar o transporte, e por isso, em 2010 foram chamados às falas pelo Ministério Público, se comprometendo em resolver o problema. Ary Santos, encarregado pela Câmara, e Renato Ogawa (que na época, além de vice-prefeito, era o ineficiente secretário tapa buracos do João Carlos Dias), mesmo assim, nada fizeram.

Já abordei esse assunto algumas vezes, ocasiões em que o vereador, provocado, verteu lágrimas de crocodilo, dizendo que a culpa era do secretário, que por sua vez, achou melhor se fingir de morto. O fato é que, de lá pra cá, mudou-se o secretário, trocou-se o prefeito, o vereador responde a processo por improbidade e está a um passo de perder o mandato, e nada de se regulamentar o transporte. Assim, faço um apelo ao Ministério Público, instituição que está pondo em curso uma verdadeira mudança na política barcarenense, no sentido de fazer valer o acordo firmado em 2010. No executivo e no legislativo a cidade não acredita mais.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Pit Bozo

Personagem tão fanfarrão quanto larápio, Luiz Leão ficou famoso na cidade por seus arroubos de sandices. Como muitos famosos, Leão, ou “Ladrão”, ou “Me Rouba”, como também é popularmente conhecido, resolveu escrever uma autobiografia. “Me Rouba” nasceu lá pras bandas de Cametá, mas por sorte dos cametaenses, mudou-se com a família para o município de Tomé Açu, onde, segundo ele, resolveu plantar pimenta-do-reino, especiaria então com bom preço no mercado internacional. Ocorre que o sujeito logo se deu conta de que plantar, e ainda ter que adubar, arrancar erva daninha, e depois colher, não era mesmo pra ele. Cansado de levar mordida de formiga e sol quente na lata, o tal se mandou da cidade, e jura de pés juntos que foi plantar pimenta-do-reino na Sococo, empresa que, conforme o nome indica, não planta pimenta.  O que se sabe é que, tempos depois, Luiz “Ladrão” veio parar em Barcarena, onde tentou entrar para o ramo de serraria, mas logo viu que isso também dá muito trabalho. Foi então que resolveu trocar tábuas e pernas-mancas por voto nas comunidades carentes do município, e conseguiu, finalmente, vaga na Só Roubo, que, como o nome indica, não planta pimenta, nem coco. O ramo botânico da Só Roubo é a erva dos corruptos, planta da família das cunhae vilaceas, que cresce viçosa em nosso município, cultivada que é pelos gabinetes de políticos oportunistas e velhacos. “Me Rouba” se identificou de cara.

No último dia 17, “Luiz Ladrão” compareceu ao fórum de Barcarena, onde responde por processos criminais, num dos quais estava, naquele momento, intimado a sentar-se no banco dos réus. Acompanhado de vários “correligionários”, “Ladrão” achou por bem protagonizar um espetáculo de circo mambembe, e entrou rosnando ameaças para o jornalista de O CIDADÃO, Elielson Vasconcelos Junior, na tentativa patética de intimidar a imprensa. Transformou-se assim no personagem Pit Bozo, mistura de palhaço velho com cachorro doido. Conseguiu com isso uma repreensão à altura, da magistrada Ângela Zottis, além de um B.O. na delegacia e mais um processo nas costas.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O que os olhos não veem...

Já faz um bom tempo que Barcarena vem arrecadando em torno de R$ 200 milhões, ano após ano. Fazendo as contas, num município que tem, segundo dados do IBGE, cem mil habitantes, equivale a dizer que, na média, incluídos na conta, de velhinho gagá a menino ainda pendurado na ilharga da mãe, de gente transbordando saúde a doente sem atendimento, de político vagabundo a trabalhador honesto, de rico a desempregado, cada um de seus moradores tira do bolso, ou do sustento da família, todo ano, a bagatela de R$ 2 mil, grana que vai parar, em forma de impostos, nos cofres da prefeitura. Ocorre que todos nós pagamos, mas de forma indireta, sem ter a desagradável sensação de ver, com os próprios olhos, a bufunfa, nota após nota, escapar entre os dedos. Por ser assim, a grande maioria população, principalmente a parcela mais carente, nem tem noção de que paga alguma coisa, e por isso mesmo não cobra com o devido empenho a contrapartida que o poder público deveria dar.

Imaginemos que fosse diferente. Imaginemos cada um de nós, cidadãos barcarenenses, cada qual com seus R$ 2 mil nas mãos, numa longa fila, que tivesse início na Cronje da Silveira, bem em frente ao prédio da prefeitura, dobrasse a esquina da Magalhães Barata, atravessasse a Rodovia da Integração, e fosse findar na Vila do Conde, depois de passar por todos os distritos do município, esperando a vez de entregar ao prefeito o dinheiro suado, conquistado a duras penas. Manifestação de protesto é fichinha. Ao menor indício de falcatrua, político pilantra seria arrastado pelos cabelos. No entanto, não é dessa forma que pagamos os nossos impostos, e por isso tem gente que chega a pensar estar recebendo um favor, ao conseguir, por exemplo, uma senha para uma consulta médica, depois de varar a noite na rua, pacientemente, esperando a vez de, tendo muita sorte, ser atendido. Infelizmente, não temos noção do quanto somos roubados, maltratados, humilhados, e por isso não reagimos como deveríamos. Como afirma o provérbio popular: o que os olhos não veem, o coração não sente.

Antônio Carlos Vilão

Durante o decorrer da campanha que levou Antônio Carlos Vilaça ao cargo de prefeito, comentei nesta coluna que o então candidato, caso fosse eleito, poderia quebrar todas as expectativas do povo barcarenense, e se transformar em vilão. Fiz tal afirmação, não por ter uma bola de cristal, mas por acreditar que mudança mesmo, pra valer, parte da população, e não de promessa de campanha. Não basta querer mudar, tem que participar. Eleger, simplesmente, um promesseiro de plantão, não garante coisa alguma.

Eleito com maioria esmagadora de votos, o novo prefeito teve, de fato, um ambiente plenamente favorável para implementar as mudanças tão esperadas pela população, e tantas vezes prometidas por ele. Bastava ter vontade política, e alguma coragem. Entretanto, o tempo se encarregou de mostrar que Vilaça, que não tem nem uma coisa nem outra, preferiu dar continuidade à velha incompetência e corrupção de sempre, e deu no que deu. Infelizmente, o atual mandatário barcarenense, em pouco mais de seis meses, se transformou em Vilão, assim mesmo, com V maiúsculo. De salvador a traidor da pátria, Antônio Carlos Vilão já não engana mais ninguém.

Tudo vem piorando no município, principalmente em áreas fundamentais, como Saúde e Educação. Mauricio Bezerra, secretário da Semusb, que por sinal, tal o estado em que se encontram nossos hospitais, já deveria ter sido exonerado há muito tempo, pediu as contas, no que foi seguido pelo secretário de Infraestrutura, Nelson Delgado, que já não aguentava mais as vaias da população. Como o prefeito Vilão não tem coragem nem vontade de exonerar os incompetentes que ficaram, resta esperar que Pedro “Malasartes”, da Educação; Ronaldo “Aspone”, do Emprego e Renda; Alberto “Pikachu das Galáxias”, do Planejamento; Cristina “Cruella de Vil”, da Assistência Social; sigam o exemplo dos dois primeiros e caiam fora. Quem sabe, assim, as coisas pelo menos deixam de piorar.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A PEC que pariu

As manifestações de protesto pipocaram no Brasil inteiro, e sem prazo pra terminar. Nós, brasileiros, que só saíamos às ruas se o motivo fosse comemorar vitória da Seleção, resolvemos protestar, e bem no meio da Copa das Confederações, o que levou o presidente da Fifa, Joseph Blatter, a se tremer todo e cair fora. Pois que se dane o Blatter! Até porque, nosso problema é outro. Nosso problema é a corrupção, que faz, por exemplo, com que as obras da Copa do Mundo, que na África do Sul custaram R$7 bilhões, no Brasil tenham chegado à bagatela de R$28 bilhões, sendo que a Copa ainda nem começou. Protestamos também contra os vinte centavos de aumento no péssimo e caótico transporte público; contra o salário de fome na Educação, na Saúde, na Segurança; contra o salário exorbitante dos políticos; e contra a PEC que pariu. Ou seja: protestamos contra tudo quanto é tipo de safadeza!

O resultado das manifestações já começou a aparecer. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Câmara dos Deputados, aprovou texto que acaba com o voto secreto na análise de cassação de mandatos de deputados e senadores; a PEC 37, que serviria para impedir o Ministério Público de investigar políticos corruptos, não passou; e o Senado encaminhou à Câmara projeto que torna corrupção crime hediondo. Sem manifestações, é claro que nada disso teria acontecido!

Aqui em Barcarena, ao contrário do que pessoas ligadas a políticos locais alardearam aos quatro ventos, afirmando que por aqui a população ficou em casa, pois estaria satisfeitíssima com os babacas que estão no poder municipal, centenas de cidadãos foram às ruas e mostraram a sua revolta, e estão de parabéns! Nossos políticos, além de pilantras, são mesmo patéticos! Desde quando alguém vai estar satisfeito com um governo traíra e ladrão, que, além de dizer que não tem verba nem mesmo pra por pneu numa ambulância, se recusa a prestar conta do dinheiro da população? Só se fossemos otários!