sexta-feira, 27 de julho de 2012

Patati-patatá, eu quero tchu, e campanha eleitoral

O bom senso nos ensina que não se pode levar a sério o que políticos, no afã da caça ao voto, costumam dizer em campanha. Promessas feitas em palanque são rapidamente esquecidas; dissipam-se ao vento, antes mesmo de findar o calendário comumente impresso no verso dos santinhos distribuídos aos eleitores. Entretanto, quando se trata de candidatos a prefeito, por exemplo, é possível, através de uma análise fria das propostas de governo de cada um, ter uma ideia, ainda que vaga, do que se pode esperar daquele que venha a ser eleito.

No pleito deste ano, dos quatro pretendentes ao executivo, Luziane Cravo, do PT, assim como Walmir Bastos, do Psol, apresentam como suas propostas, cada qual a seu modo, apenas e tão somente o mesmo discurso patati-patatá vazio clichê pseudo-socialista, do tipo “Ctrl C Ctrl V” do samba do crioulo doido recém sindicalizado. Objetivamente, mesmo, temos o nada vezes nada, noves fora nada. Coitada de Barcarena!

Dos outros dois pretendentes, Antônio Carlos Vilaça, do PSC, até propõe uma gestão diferente, até diz coisa com coisa, só que não aponta claramente como pretende levar a cabo suas ideias. Tratando-se, no entanto, de um candidato que até aqui não teve a oportunidade de ocupar cargo público, essa é uma proposta razoável. Até porque, o outro candidato, Laurival Cunha, do PMDB, esse só afirma que vai fazer isso, que vai fazer aquilo, como quem diz “eu quero tchu, eu quero tcha...”. Para quem, durante os oito anos em que já esteve à frente da Prefeitura, produziu um governo pífio e equivocado, dizer agora, por exemplo, que vai construir um hospital... Primeiro ele tem que explicar a obra do Materno Infantil, onde o dinheiro (90%, verba estadual) acabou, e a construção ficou pela metade. O pior é que muito do que foi executado vai ter que ser refeito, tal foi a qualidade “me engana que eu gosto” da, digamos assim, nem meia obra. Sei não! Ao invés de programa de governo, melhor seria o candidato ter feito um pedido de desculpa!

Traídos


Pensei em discorrer, no artigo desta semana, sobre as propostas dos candidatos a prefeito do nosso município. Porém, visitando o site do TSE (link divulgacand2012.tse.jus.br), observei que, por algum motivo, a proposta de governo de Laurival Cunha não está disponível (só aparece a capa). Então, achei importante dar um tempo, para que o candidato possa resolver o problema. Por isso, decidi falar sobre um assunto que tem gerado muita polêmica nesta campanha: o embarque, de mala e cuia, de João Evangelista Vaz, ex-provável vice de Vilaça, na chapa de Laurival.

Embora nunca tenha conseguido, das vezes em que tentou, se eleger para cargo nenhum, João Vaz obteve, nas eleições de 2010, um aumento considerável na preferência do eleitorado. Ele, que havia alcançado 555 votos na primeira vez em que se lançou candidato a um cargo eletivo (a prefeito, em 2000), dessa vez (para deputado estadual) foi o preferido de 12.290 eleitores no município, desbancando Ana Cunha, que conseguiu, na mesma eleição, apenas 7.575 votos do povo barcarenense. Entretanto, Vaz não compreendeu que a votação que obteve não se devia simplesmente à sua figura, e sim ao fato de que ele estava, naquele momento, representando o grupo político capitaneado por Vilaça, contrário aos Cunha. 

Ora! Em política ninguém pode ficar “se achando”! Taí o Almir Gabriel, que não me deixa mentir! Quando o grupo do Vilaça decidiu que ter Renato Ogawa como vice seria importante para derrotar os Cunha, Vaz poderia, usando de inteligência e calçando as sandálias da humildade, com o apoio do grupo, ter optado por se lançar a vereador. Certamente, isso lhe daria uma votação jamais vista no município, e lhe alçaria a um outro patamar. No entanto, sentindo-se traído por Vilaça, a arrogância o fez cair nos braços de Laurival, a quem até então só não chamava de bonito, numa tentativa patética de vingança. Acabou, ele, Vaz, traindo os 12.290 eleitores que o prestigiaram em 2010.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

De onde menos se espera...


Embora João Carlos Dias ainda ocupe a cadeira de prefeito, o seu governo acabou. Ocorre que, quando deu início à sua gestão, Dias não conseguiu fixar um objetivo claro e, a partir daí, estabelecer metas para chegar aonde queria. E quem não diz ao que veio... Além disso, até por falta de um objetivo, espontaneamente surgiu outro, que se impôs e o atropelou: escapar do processo de cassação por compra de voto, impetrado pela coligação Quero a Mudança, adversária na campanha da sua eleição, e que estava disposta a lhe arrancar, senão o poder, o fígado. Finalmente, não há mesmo governo que se sustente, quando todos já se voltam para o próximo pleito. Dias até poderia ganhar uma sobrevida, caso fosse candidato à reeleição, mas a sua impopularidade o impediu até mesmo de tentar. Por isso, já se escuta as primeiras notas do réquiem.

Infelizmente, esse foi um governo pífio, que sequer repetiu o fracasso da administração anterior, de Laurival Cunha. O problema é que Dias não deu conta nem mesmo de fazer funcionar um tal de Governo Itinerante, idéia marqueteira e disparatada que surgiu do nada, no decorrer de seu mandato, e com a qual pretendia melhorar a sua imagem. Após a malograda tentativa, sucumbiu de vez à mesmice de antes, como quem, useiro e vezeiro ao relógio, apenas cumpre horário. 

O governo João Carlos Dias acabou. Morreu, por falência múltipla de órgãos, e sem conseguir verter lágrimas sequer em carpideira. Daqui até o final do ano, cumpre-se apenas, lentamente, o ritual fúnebre, de saimento. E que ninguém se engane: o governo Dias se foi, e não temos nestas eleições nenhum nome sério, ninguém que nos permita vislumbrar alguma esperança. Oposição? Não existe isso em nossa cidade. Das figurinhas carimbadas que se apresentam neste pleito, vale a máxima do jornalista gaúcho Apparicio Torelly, o irreverente Barão de Itararé, que dizia: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada”.

Valha-nos quem?!


A violência em Barcarena está tomando uma proporção cada vez mais absurda. Por aqui, criminosos cometem todo tipo de delito, de pequenos furtos a assassinatos com requinte de crueldade, como se estivessem a praticar atos normais e corriqueiros. Enquanto isso, cidadãos de bem, estarrecidos, acompanhamos o desenrolar dessa novela de terror, onde nós próprios desempenhamos os papéis de vítimas indefesas, e não conseguimos vislumbrar o final.

De crianças a idosos, de ricos empresários a simples operários, todos estamos à mercê da bandidagem. Na escuridão da noite ou à luz do dia, da periferia ao centro da cidade, o crime, inclusive o de assassinato, é praticado até mesmo por menores de idade, estes, amparados no artigo 27 do Código Penal Brasileiro, que diz: “Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial”. Assim, pouco importa se o individuo em questão possui ou não condições mentais de compreender a ilicitude do seu ato, menores cometem os mais variados crimes, de a a z, e saem impunes, sem que ninguém possa fazer absolutamente nada. 

Enquanto “menores infratores” encontram guarida no Código Penal, os criminosos maiores de idade, facínoras de toda espécie, estão, como se diz no popular, “se lixando” para a lei, uma vez que bandido faz o que bem entende e continua à solta, zombando da sociedade. Valha-nos quem? O fato é que estamos nessa situação porque o poder público virou as costas para a população. Em Barcarena, as autoridades sequer discutem a sério a questão, e o que mais se vê é político preocupado apenas com o próprio umbigo, envolvidos que estão nas mais infames e ignóbeis negociatas. Está mais do que na hora da sociedade reagir. Do contrário, a violência chegará a um patamar ainda pior.

Políticos não vão para o céu


Piadinha maldosa sobre política: “Políticos não vão para o céu. Têm alguns poucos (bem poucos, diga-se) que talvez possam chegar ao Paraíso, mas, mesmo assim, não sem antes passar um bom tempo no purgatório”. Diante da enormidade de corruptos mundo afora, é grande a quantidade de pessoas que afirmam que jamais entrariam “pra política”. Naturalmente, tal afirmação demonstra não apenas um simples desinteresse em exercer cargo público, mas nossa repulsa diante da bandalheira que grassa no meio. Contudo, não atentamos para o fato de que, queiramos ou não, todos nós somos políticos. Mais que isso, políticos co-responsáveis pelas mazelas que nos afligem.

Todos nós somos políticos. Investidos do múnus público da cidadania, cargo vitalício, cabe a cada um de nós exercermos, com a devida responsabilidade, a função múltipla de eleger representantes, de fiscalizar aqueles por nós eleitos, de participar ativamente do dia-a-dia político. Entretanto, quem, em sã consciência, cumpre plenamente o seu papel de cidadão? Segurança, Educação, Saúde, Saneamento, Transporte... Tudo isso é da nossa alçada. Abaixo-assinados, manifestações de protesto? Prerrogativa nossa. Queremos uma sociedade justa? Precisamos então nos manter atentos e separar o joio do trigo. Aliás, não só separar, mas arrancar o joio. De preferência, pela raiz. 

Também faz parte do nosso dia-a-dia a política da boa vizinhança. Gentileza gera gentileza, e todos ganham. Mais que isso, é preciso pensar menos individualmente e mais coletivamente. Precisamos fazer alguma coisa para resolver o problema da parcela da população que, por motivos vários, sobrevive a duras penas, e que, por isso mesmo, acabam à mercê de políticos espertalhões. Se o que queremos é uma sociedade mais justa, um país melhor para nossos filhos, uma cidade melhor para se viver, não podemos nos ater apenas em reclamar daqueles que, eleitos por nós, não fazem política, e sim politicagem.

Melindres e números


Faço parte do grupo de pessoas que não morrem de amores pela matemática. A propósito, desculpando-me de antemão pelo infame do trocadilho, o nome, inclusive, soa sugestivo: “má temática”. Entre a arquitetura e a engenharia, escolheria mil vezes ser arquiteto, uma vez que me interesso muito mais pela plástica e funcionalidade de um prédio do que pelo cálculo estrutural que o mantém de pé. Em outras palavras, embora reconheça a importância, essencial, do artifício e engenhosidade do lutier, o que me atrai mesmo é o som decorrente, que emana do Stradivarius. Em suma, a matemática é fria, mas permeia a vida, e sem ela não tem violino, e o prédio cai. Sendo assim, não morro, mas vivo de amores por ela.

A secretária de Saúde, Eugênia Teles, foi à Câmara Municipal discorrer sobre números. A sessão ordinária da terça, 19, na qual se previa a prestação de contas da Semusb, serviu também para uma sabatina um tanto quanto estapafúrdia. Teve vereador que indagou, por exemplo, quantas secretarias autônomas teria o município, como se fosse a titular da Saúde que tivesse a obrigação de saber a resposta. Surpreendentemente, ao contrário da inquirida, os inquiridores não se mostraram assim, digamos, muito à vontade. Eram frequentes expressões do tipo “não se sinta na berlinda” ou “não pense que a minha pergunta”. Talvez o melindre dos parlamentares tenha ocorrido menos por educação e mais por eles nunca terem se ocupado em explicar o destino da “bagatela” em torno de um milhão de reais que chega mensalmente à Câmara. 

Em sua explanação, Eugênia Teles afirmou aos presentes que já havia prestado contas ao Conselho Municipal e ao Ministério da Saúde, e que os dados apresentados naquele momento estavam todos disponíveis no site do SIOPS, do Governo Federal. Disse também que conseguiu diminuir o número de mortalidade infantil no município (óbitos fetais e de crianças menores de 1 ano), de 42 casos, em 2011, para 2, neste ano, até o momento. Não tenho nessa coluna o hábito do elogio. No entanto, o que fazer, diante da eloquência dos números?!