sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Conspiração Ravengawa

Dá para entrever, pelo que aconteceu na sessão ordinária da Câmara Municipal do dia 20 de agosto último, que os vereadores, todos eles (incluindo, absurdamente, o afastado Ary Santos), andam conspirando pela cassação do prefeito Antônio Carlos Vilaça, numa tramoia orquestrada para apear do comando da cidade o arrogante, inábil e desgastado aprendiz de ditador. Após ter ajoelhado e rezado apoio total e incondicional ao alcaide quando de sua posse, os vereadores resolveram agora colocar Vilaça numa sinuca de bico daquelas que até Rui Chapéu teria dificuldade em resolver. Os mesmos que, antes, faziam vista grossa a uma série de desmandos do executivo, agindo como cãezinhos de madame que abanam o rabo em troca de um petisco, de uma hora para outra mostram os dentes, e após discursos inflamados, anunciam a aprovação, por unanimidade, de cinco requerimentos convocando o chefe do executivo a apresentar, no prazo máximo de dez dias e sob pena de abertura de processo de cassação, prestações de contas diversas e detalhadas, aliás, as mesmas que antes não demostravam muito interesse em analisar. A propósito, o vereador Lauro Junior, filiado ao PMDB, partido do seu parente e derrotado candidato Laurival Cunha, e que, pela lógica, deveria fazer, desde o início, oposição a Vilaça, mas que até então o tratava com sorrisos e mesuras, já posou de líder da inconfidência, e avisou que não basta apresentar documentos, e sim, por pingos nos is de cada movimentação financeira, senão...

Se Vilaça fosse um prefeito organizado, sério e bem assessorado, não teria problema algum em apresentar, e defender, os documentos pedidos, afinal, a bem da verdade, não há nada de estranho ou impossível nas solicitações da Câmara. Um dos requerimentos se refere aos documentos contábeis do primeiro quadrimestre e já enviados ao Tribunal de Contas dos Municípios, portanto já existentes. Outro pede um detalhamento de despesas com mídia, que também já foi enviado ao TCM. O terceiro solicita os processos licitatórios do período, coisa simples de resolver para um governo que, sem qualquer explicação, e diga-se, com a conivência do próprio parlamento, logo que se instalou decretou estado de calamidade pública, ficando assim, livre, leve e solto, fora do alcance de certas exigências legais. O quarto requerimento quer apenas uma cópia de folha analítica, com relatório demonstrativo, coisa simples de apresentar. O quinto e último, pede esclarecimentos a respeito de obras que continuam paralisadas, mesmo tendo o município recebido verba para dar continuidade, uma solicitação inócua, visto que o executivo pode dar a desculpa esfarrapada que quiser. Sendo assim, uma vez que não existe nada de mais nas exigências, qual seria então a dificuldade de Vilaça?

O grande problema do prefeito não é apresentar documentos, mas explicar, publicamente, os valores fora de contexto que devem estar expressos em cada um deles. Para um governo que, no pouco tempo em que está no poder, movimentou milhões e milhões de reais, tudo na base do matreiro estado de calamidade pública, mais que isso, faz questão de não exibir sequer as devidas e obrigatórias placas indicando o custo dos arremedos de reformas e puxadinhos que vem executando aqui e ali, e, além do mais, apresenta rombos milionários nas contas da Educação e da Saúde (sabe lá como devem estar as finanças das demais secretarias), não vai ser nada fácil encarar o levante do legislativo.

Mas afinal, o que levou os membros da Câmara, que davam, conforme discurso do vereador Thiago Rodrigues, “cheque em branco” ao prefeito, deixando-o bem à vontade, quando deveriam fiscalizar, mudarem agora de ideia, partindo, todos eles, para uma espécie de Tribunal do Santo Ofício da Inquisição? Quem ganharia com uma possível cassação de Vilaça? O principal beneficiado seria, naturalmente, o vice-prefeito Renato Ogawa, que assumiria de imediato o posto principal. Por sinal, Ogawa tem fama de encarnar o papel do maquiavélico Renato “Ravengawa”, cover barcarenense do bruxo Ravengar do reino de Avilan, com influência sem limites na corte. Outro que teria motivos para sorrir seria Laurival Cunha, que voltaria a ter mais trânsito na “Casa Rosada” da Cronje da Silveira. Já para os vereadores, pouco importa o desfecho da trama. Pela tradição da Casa, o que vale mesmo é a barganha política, o quem dá mais. Quanto a Vilaça, esse pagaria o preço da falta de compromisso com o povo que o elegeu, não tendo nem do que reclamar. Se os vereadores tiverem mesmo coragem e essa conspiração prosperar, ficará no prejuízo a população do município, que, além de ver a cidade parada esperando o fim da briga de foice, passará a ter um governo talvez ainda pior que o atual, com o agravante de ter que engolir um prefeito sem nenhum voto nas urnas.

Os amigos do Mickey

A estranhíssima sessão da Câmara Municipal da terça-feira, 20, me fez lembrar de alguns personagens de Walt Disney, como o destemido e inteligente Mickey e seu fiel amigo Pateta, que, juntos, ajudam o chefe de polícia de Patópolis, Coronel Cintra, a prender bandidos da laia dos destrambelhados Irmãos Metralha, do terrível Mancha Negra e do gatuno João-Bafo-de-Onça, meliantes sempre envolvidos em algum assalto ou outro tipo de bandalheira pela cidade. A propósito, Pateta, o atrapalhado amigo do camundongo mais conhecido dos quadrinhos, que tem o nome bem sugestivo, pois sempre atrapalha mais do que ajuda, me levou a tirar sarro de uns e outros do meu círculo de conhecidos, chamando de “amigo do Mickey” para quem estiver, em determinada situação, dando alguma mancada. Por que tudo isso me veio à lembrança? A sessão ordinária do dia 20 mais parecia uma reunião de “amigos do Mickey”, perto dos quais, Pateta, o original, é fichinha! Porém, na vida real, personagens não são assim tão caricatos, e muitas vezes papéis se invertem, as aparências enganam, e sendo assim...

Lauro Junior (PMDB) afirmou que foi falar com o vereador Ary Santos, para saber se o afastado edil concorda com algumas medidas que a Câmara pretende tomar, a saber, a possível, ou provável, cassação de Antônio Carlos Vilaça. Como é que pode a Justiça afastar um vereador, e outro ainda se prestar a consultar-lhe em domicilio? E justamente quando o assunto é a cassação do mandato de um prefeito? Será que Lauro Junior está de amizade com o rato orelhudo da Disney, acreditando que o afastado parlamentar, aliás, também conhecido por Arú Santos, tem alguma opinião assim tão pertinente, de um jurisconsulto, que ninguém na Câmara é capaz de suprir, ou, por algum motivo, já dá como favas contadas a volta de Santos, o tratando como a um membro normal na Casa? Mas Lauro Junior não ficou por aí. Parente do candidato derrotado nas últimas eleições, Laurival Cunha, o vereador que está à frente do levante contra Vilaça se disse até com receio de ser assassinado: “Se me matarem amanhã ou depois, vocês já sabem quem foi”. O que mesmo ele quis dizer com isso?

O vereador Thiago Rodrigues (PSDB) declarou que ele e seus nobres colegas haviam dado “um cheque em branco” para Vilaça, mas que agora estariam, digamos assim, meio arrependidos, uma vez que o prefeito não quer nem saber de prestar conta de nada. Ora bolas, como é que alguém que foi eleito para fiscalizar resolve dar “um cheque em branco” para quem deveria ser fiscalizado? Porém, segundo ele, o povo barcarenense pode ficar tranquilo, pois “esse vereador aqui vai fazer o seu papel”. Então tá, nós já estamos terminando o oitavo mês do primeiro ano de mandato, e só agora ele resolveu trabalhar?

Luiz “Ladrão”, o “Me Rouba”, o maior João-Bafo-de-Onça que já passou pela Câmara, esse trouxe uma denúncia contra o ex-prefeito João Carlos Dias, que teria, segundo o vereador, pago R$900 mil por ano para uma empresa recolher lixo das ilhas, numa balsa que nem sequer existiu. Quer dizer que alguém “passa a elza” em quase um milhão de reais, ano após ano, assim na cara dura, e “Bafo” só vê isso agora? Estaria ele assinando de Pateta? Mais à frente, “Me Rouba afirmou que Vilaça também vem fazendo o mesmo. Estaria, então, como já se viu tantas vezes, apenas fazendo mais uma barganha?

Rudilene Magno (PTdoB) reclamou dos arremedos de reformas que o executivo vem fazendo, e falou de “um puxadinho” que vem sendo construído na sede da prefeitura: “a gente nem sabe quanto está custando, porque a própria prefeitura não coloca uma placa dizendo o valor da obra”, declarou. Essa, porém, não é a primeira vez que a vereadora reclama da falta de transparência do executivo. Por que não tomou providência antes?

Nessa Câmara Disneylândia, onde coisas sérias só acontecem se for na Terra do Nunca, esse arroubo repentino, onde todos os “amigos do Mickey” que “assinavam cheque em branco”, diga-se, para um prefeito reconhecidamente vilão, resolvem, unanimemente, incluindo aí até vereador afastado, o ameaçar seriamente de cassação... Como disse antes, na vida real, personagens não são assim tão caricatos, e muitas vezes papéis se invertem, e sendo assim...

Operação “tapa buraco”

Segundo a vereadora Rudilene Magno, a Semed, Secretaria de Educação de nosso município, que tem à frente Pedro Negrão Rodrigues (que responde por fraude em Abaetetuba), está com um rombo financeiro de R$6 milhões. De acordo com o que a parlamentar informou ao Jornal O CIDADÃO, declarações que publicamos em matéria na edição da semana passada, a Secretaria não vem pagando fornecedores (transporte escolar, aluguel, combustível, manutenção de escolas, etc...), acumulando dívidas que somam o valor acima. Isso em apenas poucos meses de gestão. Como é que Negrão, anunciado pelo prefeito Vilaça como o alto executivo que iria melhorar a qualidade do ensino público barcarenense, conseguiu essa “façanha”? Talvez isso nunca seja devidamente esclarecido, uma vez que a prefeitura não tem por costume respeitar a Lei da Transparência. De qualquer forma, insisto na pergunta: será que Negrão não corresponde aos elogios do prefeito, ou simplesmente não tem a idoneidade moral imprescindível a alguém que ocupa cargo público tão importante? Pelo que se pode observar, e são muitos os indícios, as duas alternativas, infelizmente, são verdadeiras.

Quanto à competência, não consigo sequer supor que Vilaça tenha mesmo acreditado nas qualidades administrativas e educacionais do secretário, um “importado” que ele fez questão de trazer do município vizinho e empurrar goela abaixo na população. Basta analisar o que Negrão fez, ou melhor, deixou de fazer, pelo ensino abaetetubense, para perceber, de cara, que esse tal “importado” tem a qualidade de um desses produtos comprados em lojas de R$1,99. No dia em que assumiu a Semed, o “paraguaio made in China” deixou ainda mais estampada a sua já patente incapacidade, ao afirmar, em discurso de posse, que a responsabilidade pelo aprendizado dos alunos, a partir daquele dia, seria da família de cada um deles, e não da escola, mas que ele iria ensinar a cada pai e a cada mãe como educar os filhos. Deve ser por isso que Negrão demonstra tanto desprezo pelos professores da rede pública, recusando-se a dialogar e a resolver uma greve que já se arrasta há quase três meses.

É triste, mas nem só de incompetência vive o queridinho de Vilaça. Quando chegou à Barcarena, Negrão trouxe na bagagem vários processos por improbidade administrativa, impetrados pelo Ministério Público Federal, após devassa da Controladoria Geral da União, que aconteceu na prefeitura de Abaetetuba, município onde nasceu e exerceu o comando de duas secretarias. Tal fato, noticiado nas páginas de O CIDADÃO, fez com que o “alto executivo” fosse parar na Câmara de Vereadores, numa tentativa patética de se passar por inocente, afirmando que estava sendo vítima de um equívoco. Em suas “explicações”, Negrão primeiro terceirizou o crime, dizendo que na época em que aconteceu a falcatrua, ele não era secretário de Educação, e sim de Administração. Depois afirmou que não caberia responsabilizar nem mesmo quem ficou em seu lugar na Educação, pois aquela pasta, na época, não era independente, e sendo assim, o culpado por todo o sumiço de verba pública seria o prefeito Chico Narrina, que, segundo Negrão, não gostava muito de seguir a lei das licitações. Assim, o indivíduo, pasme, transferiu a responsabilidade para um morto, uma vez que Narrina havia falecido, e portanto já não poderia retrucá-lo. Ocorre que Negrão se “esqueceu” de dizer que, não sendo a Educação independente, todas as licitações foram fraudadas em outra secretaria, a de Administração, onde, advinha quem era mesmo o secretário? Resumo da ópera: Pedro Negrão, ou melhor dizendo, Pedro “Malasartes”, foi se explicar e acabou confessando o crime.

Quando assumiu o cargo em Barcarena, “Malasartes” andou fazendo uns arremedos de reformas em meia dúzia de escolas do município, como forma de mostrar serviço. Entretanto, pago um lápis e um caderno para o primeiro que me disser quanto custou as tais reformas, uma vez que “Malasartes”, dando um pontapé na lei, não se deu ao trabalho de colocar placas informando o custo de nada. Esse rombo de R$6 milhões na Educação, assim como o rombo também anunciado de R$2,7 milhões na Saúde, é algo inadmissível. Segundo comentários de pessoas ligadas à prefeitura, Vilaça pretende fazer uma operação “tapa buraco”, mas não nas ruas da cidade, e sim nas contas da Educação e da Saúde, com verbas de outras secretarias, dando por resolvido o problema. Fala sério! Antes de qualquer coisa, essa história toda tem que ser muito bem explicada. Não dá para aceitar que simplesmente uma conta não fecha e fica tudo por isso mesmo.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ary Jefferson

Os últimos acontecimentos da política barcarenense estão deixando muitos corruptos com a pulga atrás da orelha. Diga- se, com a pulga atrás da orelha em pé! Ninguém esperava que o vereador Ary Santos, ao dar início a uma obra sem antes fazer a devida licitação, manipulando assim dinheiro público a seu bel-prazer, fosse processado, civil e criminalmente, por improbidade, muito menos que fosse afastado da presidência da Câmara, muito menos ainda que, em seguida, fosse também afastado do cargo de vereador. Nem ele próprio acreditava em nenhuma dessas hipóteses. Se acreditasse, o individuo não teria deixado tão escancarada a fraude. Aconteceu na Casa do Povo o mesmo que ocorre numa outra casa, a do Big Brother, onde os participantes do programa, logo que chegam, tomam todo cuidado com as câmeras instaladas em tudo quanto é canto do ambiente, mas em seguida relaxam, e esquecem que estão sendo observados.

Ary Santos e seus companheiros de maracutaia estavam acostumados, desde sempre, a meter o mãozão na grana da população, sem nunca prestar contas a ninguém. Incomodaram-se, é bem verdade, quando o Jornal O CIDADÃO, em julho de 2010, começou a circular na cidade, denunciando, a partir de então, a roubalheira e a cara de pau dos políticos podres do nosso município. Entretanto, o tempo passou, e embora muitos vereadores tenham levado o pé na bunda nas eleições do ano passado (o mesmo acontecendo, inclusive, com o então prefeito João Carlos Dias, que, de tão desgastado, achou melhor nem se candidatar), ficou o exemplo de um dos patifes, “Luiz Ladrão”, conhecido e reconhecido como o mais corrupto de todos. Vaiado nos palanques em que subia, a ponto de ser considerado persona non grata nos comícios do promesseiro e aliado Antônio Carlos Vilaça, “Luiz Ladrão”, o famoso “Me Rouba”, conseguiu a façanha de ser o mais bem “votado” dos candidatos ao legislativo, se é que se pode chamar de bem votado um candidato que usou e abusou de verba pública para pagar a “simpatia” de seus eleitores. A estratégia de “Me Rouba” certamente fez adeptos, que passaram então a ampliar a roubalheira durante o mandato, para comprar mais votos depois.

Ocorre que, se Ary Santos, o aprendiz de “Me Rouba”, já não se preocupava mais com as denúncias de O CIDADÃO, mandando às favas a opinião pública, o povo de Barcarena ganhou mais um aliado, que acabou pegando de calças curtas o pulha. Ao ler tanta denúncia e tanta reclamação em O CIDADÃO, o Ministério Público atendeu ao clamor popular e entrou em cena, disposto a moralizar a política municipal. Surpreendido com a boca na botija, o desventurado está agora abandonado à própria desgraça, uma vez que seus asseclas, temerosos de lhe fazer companhia, já o consideram “chave de cadeia”, e procuram manter distância. Insatisfeito com o abandono de seus antigos companheiros de quadrilha, Ary Santos já ameaça usar a sua metralhadora giratória de delação, levando uma galera com ele.

Um amigo chegado de Santos, o ex-assessor de comunicação da Semed, Denivaldo Farias, aquele que ameaçou de morte o professor Francisco das Chagas durante uma manifestação do Sintepp em janeiro deste ano, publicou no Facebook (inclusive também na página do afastado vereador), um texto em que afirma que Santos teria lhe mostrado “uma farta documentação” contra políticos e empresários de Barcarena. Segundo Farias, Santos teria, durante um almoço, dia 5 último, lhe garantido estar disposto a mostrar um dossiê comprometedor à Polícia Federal, onde “só Antônio Carlos Vilaça ficaria de fora”. É fato que já estamos acostumados a ouvir políticos corruptos mandando “recadinhos” e ameaças uns para os outros, em busca de apoio para uma safadeza qualquer. Porém, acuado pela Justiça, e abandonado por seus antigos cúmplices, Ary Santos, que, pela osmose com a bandalheira, deve mesmo ter em mãos a tal “farta documentação”, bem que poderia tomar um gole de “elixir da coragem”, e se transformar no “Ary Jefferson”, o Roberto Jefferson de Barcarena, dedurando tudo quanto é canalha. Teríamos então, em âmbito municipal, o equivalente ao escândalo do mensalão, e a cidade iria se livrar, numa tacada só, de um monte de patife... É, pensando bem, Ary Santos... Coragem... Dedurar tudo quanto é canalha...? Esquece! Seria bom demais pra ser verdade, e devo mesmo estar variando!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A volta dos que não foram

Na eleição passada, Laurival Magno Cunha tentou voltar, de todas as formas, a ocupar o cargo de prefeito de Barcarena, após ter sido obrigado a “alugar” a cadeira de chefe a João Carlos Dias. Acostumado a mandar e desmandar (mais desmandar do que mandar) na máquina pública municipal, diretamente, durante oito anos (havia sido eleito em 2000 e 2004), viu-se obrigado, em 2008, uma vez que não poderia concorrer pela terceira vez seguida, a escolher um sucessor, ou melhor, um pau mandado, dando assim continuidade a sua vida de mandachuva, embora de forma indireta, durante os quatro anos em que ficaria “de molho”, esperando Dias se desgraçar politicamente, preparando então terreno para o que seria, segundo a mente arrogante do caudilho, a sua volta triunfal. O futuro, no entanto, estava em desacordo com as pretensões e vaidades do herdeiro político do pai, Laurival Campos Cunha, e em 2012 entrava em cena mais um ilusionista na política do município. O novo mandrake barcarenense, que atende pelo nome de Antônio Carlos Vilaça, aproveitou-se do fato de que os eleitores já não suportavam mais ouvir falar em qualquer coisa relacionada aos Cunha, e iludiu a todos, pregando uma mudança que nunca pretendeu fazer, frustrando, primeiro, os planos do concorrente, depois, toda a sociedade.

Ora, mudar implica em romper com tudo de ruim que teima em se manter em vigor. Isso significa que Vilaça, ou melhor, Vilão, como é mais adequado o chamar, teria que dar um chega pra lá em Laurival e sua turma, implementando um governo, se não eficiente, pelo menos correto. Ocorre que Vilão não tem vocação nenhuma para administração pública, muito menos devoção pela seriedade, e deu no que deu: mudou-se o ator principal da ópera bufa, enquanto a companhia teatral e a peça encenada continuam as mesmas. Assim, Laurival e sua trupe, que já tinham passagens compradas para a terra dos proscritos, voltaram à cena, sem nunca ter se despedido dela, garantindo privilégios, regalias e malandragens antigas a toda corriola que vem afundando a economia do município há décadas. Por que Vilão fez esse “acordo”? Para quem não se dispõe, por exemplo, a cumprir a Lei da Transparência, como vem acontecendo nesse governo, o “acordo” é fundamental. Quem tem rabo preso e telhado de vidro não pode nem pensar em ter oposição. Aliás, oposição seria algo inédito por essas plagas.

Laurival Cunha já não manda mais em Barcarena, embora mantenha imóveis alugados à prefeitura a preço de ouro, e apaniguados em tudo quanto é secretaria. Naturalmente, isso significa que, como ainda faz uso de boa parte da “máquina de fazer correligionários e dinheiro fácil”, futuramente pode tentar ressurgir das cinzas, algo que, embora seja improvável, não é de todo impossível, devido também a outros dois fatores. O primeiro deles é a incompetência administrativa do atual prefeito, que, antes mesmo de terminar um ano de mandato, já conseguiu dividir com o “morto” a antipatia da população, que já entende que um pelo outro não se deve pedir troco. O segundo fator, aliás, o mais importante deles, é à falta de um nome que realmente se oponha ao atual grupo “Vilaça Cunha”, o que deixaria o eleitor sem opção.

Embora ainda seja cedo para meter o meu bedelho, afirmo que poderemos, nas próximas eleições municipais, ter um cenário de horrores, levando os eleitores a escolher entre o nefando e o nefasto, entre o danoso e o abominável, entre o execrável e o funesto, o que daria no mesmo, até porque os dois dividem, e continuariam a dividir, o bolo. Outro cenário possível, algo que é bem fácil de acontecer, é o grupo “fabricar” mais um ilusionista, alguém do próprio grupo, o lobo da vez, que tenha a carcaça mais apropriada naquele momento para vestir a pele de cordeiro. Enquanto isso, Barcarena, que já vem sendo esfolada há tanto tempo, e acumula dívidas impagáveis de um dinheiro que ninguém sabe onde foi parar, tem que sucumbir a mais três anos de rapinagem, e torcer para que surja uma liderança realmente disposta a por fim aos desmandos, e a enfrentar os salteadores do erário.