sexta-feira, 21 de junho de 2013

MPL, MP, PEC, PPP, e o fundo do poço

Assim como milhões e milhões de brasileiros, também me surpreendi com a onda de protestos que tomou conta do País. Desde fevereiro de 2011, quando passei a escrever, semanalmente, aqui nesta coluna, sobre os problemas que afligem a nossa cidade, defendi a tese de que o povo deve ir às ruas manifestar seu repúdio em relação aos constantes desmandos do poder público. Sempre acreditei que a verdadeira mudança, aquela que vai levar o Brasil a fazer valer o que tem escrito em sua bandeira, passa pela movimentação popular, e não por “salvadores da pátria”, como, inclusive, é o caso de Antônio Carlos Vilaça, que durante toda a campanha que o levou à prefeitura, iludiu os eleitores barcarenenses com a vã promessa de que poria fim a décadas de corrupção no município. Tal qual mafioso de filme americano, Vilaça primeiro sorriu, abraçou e beijou, depois deu a punhalada. A sociedade brasileira, e em Barcarena não é diferente, não tem por hábito o protesto. Por isso mesmo, embora continuasse, pacientemente, a conclamar as pessoas às ruas, nunca acreditei que isso fosse acontecer tão cedo.

Nem mesmo os integrantes do MPL (Movimento Passe Livre), que deu início aos protestos, em São Paulo, imaginavam que uma passeata contra aumento nas tarifas de ônibus tomaria toda essa proporção. Creio que o que está acontecendo se deve ao fato de que o Brasil chegou ao fundo do poço, e o povo já não suporta mais tanta canalhice. Tirando as ações de violência, que, na verdade, são atos insanos de uma minoria de baderneiros, são justas, louváveis e necessárias as manifestações de repúdio contra o superfaturamento em obras públicas, contra a PEC 37 (Proposta de Emenda à Constituição – 37/2011), que pretende tirar do MP (Ministério Público) a competência de investigar esse bando de “PPP” (Político Pilantra de Plantão), e contra tudo mais de sacanagem que o poder público tenta nos empurrar goela abaixo. Mas é bom estarmos atentos, pois se chegamos ao fundo do poço, certamente nossas “autoridades” acham que ainda dá pra cavar mais um bocadinho.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Rei do Bullying

Pedro Negrão veio para Barcarena com a incumbência de revolucionar o ensino público municipal. Não se sabe com base em que, o “Malasartes” da Semed foi saudado pelo governo Vilaça como um alto e competente executivo. Ele, que foi secretário de Educação em Abaetetuba, além de ter ocupado também a Administração daquele município, se fosse assim de uma competência tão rara, como foi apregoado por aqui, não teria ficado, candidato a prefeito nas últimas eleições, com os minguados 2.940 votos, do total de 77.262 eleitores que compareceram às urnas em Abaeté, diga-se, sua cidade natal.

Não se sabe o que leva Vilaça a morrer de amores pelo “Pedro Malasartes”. O amor é tamanho, que, mesmo quando a cidade inteira ficou sabendo que o tal alto executivo é uma fraude, e responde a vários processos por improbidade, com o agravante de o sujeito ter confessado publicamente o crime, diretamente da tribuna da Câmara de Vereadores de Barcarena, ainda assim o manteve no cargo. Como resultado, não é que “Malasartes” já está se enrolando todo por aqui? Para mostrar serviço, fez um arremedo de reforma em meia dúzia de escolas, mas “esqueceu” de colocar as devidas placas informando o custo. Será por quê? Tenho a leve impressão de que esse milheiro de tijolo vai custar caro! Muito caro!

A Educação em nossa cidade, que já era péssima, piora a cada dia. Logo no início desse governo, como estratégia para inibir uma manifestação de professores que queriam receber salários atrasados, um funcionário da Semed chegou a ameaçar de morte um manifestante. Agora, como forma de por fim a uma greve de professores que já dura um mês, “Malasartes”, o “Rei do Bullying”, resolveu, ao invés de dialogar e buscar um acordo, apelar, mais uma vez, para a baixaria. É grotesco, além de imbecil, o que a Semed fez, provocando a coordenadora do Sintepp, Vera Lúcia Campos, até conseguir a tal foto com o gesto obsceno que foi espalhada em banners pela cidade. É apelando para a violência psicológica que “Malasartes” pretende por fim à greve?

terça-feira, 11 de junho de 2013

Ah lelek lek lek lek lek...

O bagulho é louco! A Câmara de Vereadores de Barcarena recebe, todo mês, algo em torno de um milhão de reais da prefeitura. O que é feito dessa grana, que, convenhamos, é da hora, deveria ser do conhecimento da população, mas não é isso o que acontece. Não é novidade pra ninguém que toda essa falta de transparência, ou de respeito, como queira, deve-se ao fato de que, em relação à Casa do Povo, a Casa não se interessa nem um pouco pelo Povo, e o Povo, por sua vez, não se interessa grandes coisas pelo que acontece na Casa. Então, tá dominado, tá tudo dominado! Enquanto políticos caozeiros mamam avidamente nas tetas da viúva, a louca diz que não quer nem saber desse assunto mala, e assim, no baile funk da corrupção... Aaaaaaaah lelek lek lek lek lek, a sociedade barcarenense sempre acaba dançando o quadradinho de oito!

O bagulho é louco, mas tão louco, que deixa chapadona a Gang do Lelekgislativo. Comandada pelo MC Santos do Pau Oco e pelo DJ Luizinho Pilantrão, a galera não quer nem saber o que está rolando pelos bastidores da Casa, muito menos se o hit do momento na aparelhagem do executivo é o tecnomedaomeulody. A sociedade, zika da balada, rebola, rebola, rebola, vai até o chão, faz o pit stop e sai embuchada de mais e mais mazelas. Licitação fraudada? Irregularidade? Roubalheira? Se liga, mané, que o baile tá bombando, e incorporar o fiscal não dá camisa pra ninguém.

Ocorre que o barato, neste mês de junho, é participar das quadras de São João, e a rapeize não vai querer ficar de fora dos festejos do momento. A quadrilha, inclusive, já tá formada. A mode di animá a festa, no meio do arraiá vai ter um pau de sebo bem comprido, onde os homi vão botar, bem lá em cima, tudo quanto é promessa de campanha. “O qui acontece si alguém, mesmo assim, conseguí subí? Leva pra casa um monte di promessa, uai!”. A festa tá pra lá de animada, e mesmo de longe dá pra ouvir: “Lá vem um pulítico onesto!”... “É mintira!”...

Bandido bom é bandido preso

Dizem que alegria de gordo é ver alguém ainda mais gordo. Comparar-se, nesse caso, embora não emagreça ninguém, ameniza o desconforto de quem luta constantemente contra a balança, e se sente culpado por sempre perder o duelo. Assim, enquanto o corpo continua com o mesmo peso, pelo menos a consciência fica mais leve. Tudo na vida é comparação. Senão, o que seria do belo, se não fosse o feio, o que seria do rico, se não fosse o pobre, o que seria do forte, se não fosse o fraco...

Quem é mais isso, quem é mais aquilo? Para o ser humano, fazer comparação é algo tão comum e natural, que muitas vezes somos levados a erro. É impressionante como somos roubados, na cara dura, dia após dia, por políticos pilantras, e permanecemos paralisados, crentes de que a corrupção na política é algo normal e sem solução. É tanta patifaria, que muitos de nós, comparando um escândalo com outro, chegamos a pensar que “político é tudo igual, e um pelo outro, não quero troco”. Então, abonamos frases do tipo: “fulano rouba, mas faz”, como se roubar, nesse caso, fosse algo sem muita importância, um pecadilho apenas. Ocorre que a corrupção na política é algo muito mais nocivo do que parece.

Quantas vezes uma população se revolta, e lincha um assaltante pego nas ruas em flagrante? Por que essa mesma população não faz absolutamente nada em relação à roubalheira que rola solta na política? Alguém poderia argumentar que assaltante mata. Ocorre que político safado também mata, e com requinte de crueldade. A verba desviada através de uma licitação fraudulenta, por exemplo, faz falta nos hospitais, no saneamento básico, na segurança pública... Pessoas morrem em função disso, e não são poucas. Sou contra a violência, e entendo que bandido bom é bandido preso. Mas não basta prender os assaltantes que nos abordam nas esquinas. É preciso enquadrar também os assaltantes do erário público. Até porque, quanto mais políticos ladrões a sociedade puser na cadeia, menos bandidagem terá nas ruas.

Barcarena do Maranhão

Essa, só rindo pra não chorar! Nas eleições do ano passado, o povo barcarenense deixou bem claro o seu desejo de mudar, radicalmente, os rumos da política barcarenense. Cansado de tanta incompetência e bandalheira, o eleitor votou em quem empunhou a bandeira da mudança, e... Trocamos seis por meia dúzia. Mas isso não é tudo. Acontece que a palavra “mudança” dá margem a várias interpretações, e então...

O vereador Ary Santos deve estar achando que o nosso município mudou, sim, mas de mala e cuia, para a terra do Sarney. Não pensou duas vezes em exigir, no edital da fraudulenta licitação da construção da sede da Câmara, que as empresas interessadas tenham qualificação certificada pelo CREA, pasme, do Maranhão! Antes que alguém pense que o vereador tenha faltado a alguma aula de Geografia, é melhor explicar o que houve: Ary Santos faltou mesmo foi à aula de Moral e Cívica, e na pressa de apresentar ao Ministério Público um edital inexistente de uma licitação de mentirinha, fez um Ctrl-C + Ctrl-V de um edital da prefeitura de Penalva, esta sim, localizada no estado vizinho. Resumindo, o nobre parlamentar escorregou na fraude, e agora já não sabe mais como descascar esse babaçu!

Dia desses, li no Facebook uma postagem na qual um internauta elogiava o Jornal O CIDADÃO, reconhecendo tratar-se de um veículo de comunicação que realmente fala a verdade. Logo abaixo, alguém concordava, afirmando, porém, que isso não mudava nada na cidade. De fato, diretamente, a imprensa não muda as coisas, apenas informa. Mas é através da informação séria e isenta que a sociedade tem como reagir e mudar tudo. Esse escândalo da Câmara é um bom exemplo disso. Informado da fraude, o Ministério Público tomou providências, a Justiça mandou paralisar a obra, e embora os demais vereadores estejam inertes, pouco se lixando para a opinião pública, Ary Santos está a um passo de ser, judicialmente, afastado da presidência, e os culpados, de serem punidos. Ou seja, a verdadeira mudança está começando.

Zé Chifrônio e Maria Traíra

Todo santo dia, aproveitando que Zé Chifrônio saía pra trabalhar, Maria Traíra se enroscava com algum de seus amantes. Vez por outra, o marido iludido escutava um amigo dizer que achava estranho isso, que achava estranho aquilo, mas a falsa sempre dava um jeito de disfarçar. Ocorre que Maria Traíra estava tão acostumada a cornear o pobre do Zé Chifrônio, que um belo dia resolveu enganá-lo em seu próprio lar. Avisado por um amigo, Zé Chifrônio voltou mais cedo pra casa, e pegou a esposa e o amásio, completamente nus, bem na cama do casal. “Não é nada disso que você está pensando, Zé. Eu posso explicar.”, disse a assustada Maria Traíra, que em seguida se saiu com essa: “O Ricardo é meu amigo, e veio me visitar. Como o coitado estava cansado, viemos deitar um pouco, e com esse calor insuportável, tiramos a roupa, mas isso tudo nas melhores das intenções. Inclusive, é por isso que o ar está ligado, amor. Você precisa parar de dar ouvidos a esses seus falsos amigos, que ficam dizendo coisas a meu respeito, só porque eu não quis dar pra eles. Acredite, amor: eu sou uma santa!”. Zé Chifrônio não gostou nem um pouco daquela, digamos, conversa pra boi dormir, e então Maria Traíra achou melhor admitir de vez: “Me perdoa Zé, eu confesso que te traí. Mas se tu me amas de verdade, então me aceita como eu sou”.

De tanto roubar os cofres públicos impunimente, os políticos de Barcarena estão cada vez mais traíras, e nem se preocupam mais em fabricar uma nota fria, esconder uma falcatrua. Licitação pra que, se nada vai acontecer? Ary Santos, depois de ser pego construindo a sede da Câmara sem licitação, primeiro disse que não se deve acreditar no Jornal O CIDADÃO, que o estaria perseguindo. Depois se saiu com essa: “Na área jurídica tem a hermenêutica. Você pode até errar, mas você vai ser julgado pela interpretação”. Como não estava convencendo, o vereador então confessou de vez: “Quero pedir desculpas de forma humilde aos meus pares por não ter comunicado em tempo mais hábil a construção”. Tempo mais hábil? Hermenêutica jurídica? Aplica, mas aplica logo na jugular. A propósito, depois dessa desculpa furada e dessa confissão, será que Zé Chifrônio... digo, o povo, vai aceitar?!

Pizzaria dos Escarnecedores

Na Câmara Municipal de Barcarena, dos treze vereadores da atual legislatura, apenas quatro ocuparam cadeira na Casa durante o mandato anterior. Toda essa renovação indica que, embora a população ainda não participe ativamente do dia-a-dia político, indo às ruas cobrar decência e decoro, por outro lado, o eleitor está cada vez mais exigente, e a cada eleição, tem se aprimorado em separar o joio do joio, já que trigo mesmo é difícil encontrar nessa plantação. Nós, de O CIDADÃO, desde que iniciamos nossas atividades, temos buscado cumprir com o nosso dever de ofício, informando, de maneira clara, crítica e isenta, a cada um dos nossos leitores, sobre o que acontece na política barcarenense. Como resultado disso tudo, o município tem tido alguns avanços, ainda que tênues. Exemplo disso é que, ao contrário do que acontecia antes, quando era comum não ter quórum nas sessões da Câmara, os atuais vereadores têm comparecido com mais frequência ao trabalho. No entanto, ainda há parlamentar cuspindo no voto de quem os elegeu.

Alguém tem ideia de quanto vai custar a construção da nova sede da Câmara, que o vereador Ary Santos está tocando, diga-se, sem a devida licitação? Não é novidade pra ninguém que cartas marcadas e notas frias sempre fizeram parte do milagre da multiplicação do caixa dois de pilantras, tudo bonitinho, com licitação fraudada e tudo. Imagine sem!

O que não falta em Barcarena é político cara de pau. Entretanto, como a impunidade sempre foi regra por aqui, alguns deles, como é o caso do vereador Ary Santos, até já se esquecem de usar óleo de peroba. É claro que um escândalo dessa natureza merece uma CPI para apurar o caso, mas duvido muitíssimo que isso aconteça. Não acredito que vereador nenhum vá tomar a iniciativa de fechar a Pizzaria dos Escarnecedores. Resta, então, uma vez que o promotor Daniel Henrique Queiroz de Azevedo está cuidando do caso, confiar no trabalho do Ministério Público. Quem sabe não teremos uma boa surpresa?!

Governo Photoshop

A história é antiga e todo mundo conhece. Desde que a Albras (principal empresa de alumínio do País), a Alunorte (maior refinaria de alumina do planeta), a Alubar (única indústria de vergalhões e cabos elétricos de alumínio do Norte) e a Imerys/PPSA (uma das dez maiores exportadoras de minério do Brasil) iniciaram suas atividades em Barcarena, algumas coisas mudaram por aqui. Passamos a ser um dos maiores arrecadadores do estado, e nossa renda per capita, arredondando, já chegou a 40.000 reais. De lá para cá, também ganhamos problemas. Muitos problemas. Citando alguns deles, aumentamos em muito a nossa deficiência em saneamento básico, a violência no município se tornou insuportável, e, de brinde, temos hoje uma dívida impagável junto ao governo federal. Sem falar da lástima, que é a Saúde e a Educação barcarenenses, e do desemprego alarmante.

Se, por um lado, os nossos políticos nunca moveram uma palha para conseguirmos chegar ao parque industrial que temos hoje, foram fundamentais, e continuam sendo, para o aumento das nossas mazelas. Conseguiram essa proeza unindo incompetência com corrupção, palermice com roubalheira, asneira com patifaria.

Segundo o filósofo Joseph de Maistre, cada povo tem o governo que merece. Assim é em Barcarena, onde os governantes sempre conseguiram, com uma facilidade incrível, maquiar os problemas da cidade, usando sempre o mesmo Photoshop manjado, de dizer que no futuro tudo vai ser uma maravilha. Para chegarmos a essa situação de caos, foram cinquenta anos ouvindo lorota dos Cunha. Por que ainda insistimos em acreditar na mesma conversa furada de sempre? Elegemos Vilaça/Ogawa, e vamos ter que aturar essa incompetência por mais alguns anos. Mesmo assim, já está mais do que na hora de acordarmos, e exigirmos que a prefeitura, pelo menos, tenha mais decência e menos enrolação. Chega de pouca-vergonha. Transparência já!

Prefeito genérico

No decorrer da campanha que o levou ao poder, Antônio Carlos Vilaça foi incessante em afirmar que faria um governo pautado pela transparência e pela excelência administrativa, ou seja, completamente diferente dos governos anteriores. O tempo passa, o tempo voa, e o que vemos hoje é um prefeito genérico, cover de Laurival Cunha e João Carlos Dias. Promessa de campanha? Esqueça! Se, quanto ao primeiro quesito, o que se vê é um Vilaça unha e carne com as mesmas figuras velhacas de sempre, o que significa que a vaca sagrada da transparência já foi pro brejo, no tocante à excelência de gestão, o que dizer dos “altos executivos” do prefeito? Enquanto até agora nenhum secretário mostrou nada de excepcional, três deles, Maurício Bezerra, Pedro Negrão e Ronaldo Rodrigues, já deveriam ter sido exonerados, tamanha a lambança em suas secretarias. Comenta-se na cidade que esses três “importados” ainda estão circulando por aqui devido apenas ao fato de que Vilaça estaria vacilando, sem pulso firme para tomar a decisão de mandá-los embora.

Fazendo um resumo dos quatro meses de atuação desses três “mosqueteiros”, nota-se de cara que os comentários procedem. Na Educação, o caos impera, chegando ao cúmulo de termos alunos sem aulas, simplesmente por não terem professores. Enquanto isso, Pedro Negrão, que já responde a vários processos por improbidade, está fazendo alguns arremedos de reformas em meia dúzia de escolas, tudo, naturalmente, sem placa que indique os custos. Na Saúde, os hospitais públicos pioram a cada dia, sendo que o de Vila dos Cabanos está cheio de mofo, fezes de morcego e rachaduras. Como se não bastasse, as ambulâncias do município estão completamente sem condições de trafegar. E o que faz Maurício Bezerra? Nada vezes nada, noves fora, nada. E ainda tem o desplante de dizer que, se fosse da Vigilância Sanitária, teria interditado tudo. Já na Secretaria de Emprego e Renda... Bem, por lá Ronaldo Rodrigues conseguiu muito emprego e muita renda, mas isso somente para cidadãos de Abaetetuba, a saber, os indicados do Negrão, que se mudaram de mala e cuia para a prefeitura de Barcarena. Acorda Vilaça! Chega de prefeito genérico!

Alerta

Na edição passada de O CIDADÃO, publicamos matéria denunciando o estado precário das ambulâncias do município, alertando assim sobre o iminente risco de vir a acontecer um acidente envolvendo aqueles veículos. Na ocasião em que buscávamos informações a respeito, nosso repórter Elielson Vasconcelos Jr. perguntou ao prefeito Antônio Carlos Vilaça se ele estaria ciente do estado deplorável daquelas viaturas. Como resposta, Vilaça afirmou que não havia problema algum com as ambulâncias, e que, há poucos dias, ele, em pessoa, tinha ido verificar. Uma semana depois, uma das ambulâncias, que trafegava com os pneus completamente carecas, capotou na Alça Viária. Graças a Deus, ninguém morreu.

Não quero aqui tripudiar do Vilaça, por ele ter faltado com a verdade, afinal, quem de nós, falhos mortais, está livre, num momento de pressão, de deixar escapar uma mentira? Critico, no entanto, o fato do prefeito, mesmo após ter sido alertado, não ter tomado nenhuma providência. Isso é o cúmulo do absurdo! Mas não são apenas as ambulâncias que causam risco na Saúde barcarenense, e sendo assim, faço agora um apelo também a respeito de outra questão.

Vilaça: aceite o humilde conselho de alguém que muito lhe critica, mas que, acredite, na boa, não quer o seu mal. O prédio do Hospital Municipal localizado em Vila dos Cabanos, que está cheio de rachaduras, é frequentado por muita gente. Até mesmo por quem, a menos em caso de doença, nem deveria estar lá, como é o caso da diretora, Cleonice "Leão" Santos, que, pela competência demonstrada, ocupa o cargo unicamente por ser esposa de vereador. Bem, mas essa já é outra história. O fato é que você, Vilaça, é responsável pela segurança de todas aquelas pessoas, e sendo assim, não deve zombar da sorte, pois as rachaduras podem ser um aviso de desabamento iminente. Lembre-se do que aconteceu com a boate Kiss, onde, um dia antes, ninguém falava em tragédia. Portanto, vá agora mesmo ao Corpo de Bombeiros, e solicite que seja feita, imediatamente, uma vistoria, e se preciso, interdite o local e mude o hospital para um lugar seguro. É isso o que a cidade espera de você.

Sem dias de governo!

Antônio Carlos Vilaça completou SEM dias de governo. Isso mesmo. “SEM”, escrito assim, com “s”, referente a ausência, a privação, a falta de governo. Até agora, do tão prometido “Governo da Mudança”, não se viu nada, a não ser maquiagem e enrolação. Porém, o mesmo não se pode dizer dos primeiros CEM dias de DESgoverno. Nesse caso, “CEM” com “c” mesmo, relativo a numeral. De desgoverno, realmente, muito aconteceu nesse período. Só para citar alguns exemplos, fomos “presenteados” com um secretário de Educação que responde a vários processos do Ministério Público por desvio de verba, com um líder de governo na Câmara conhecido pelas maracutaias e por fazer chacota da Lei da Transparência, com um secretário de Saúde que... Bem, como o espaço nesta coluna é curto para a extensa lista de desgoverno, vou me concentrar nos últimos acontecimentos, que envolve, exatamente, este secretário.

O que estão fazendo com a Saúde de Barcarena é uma mistura de desrespeito com perversidade. Os hospitais do município estão tomados de imundície, de mofo a fezes de morcego, numa situação tão deplorável, que o secretário de Saúde, ele próprio, Mauricio Bezerra, afirmou que, se fosse superintendente da Vigilância Sanitária, já teria mandado interditar. Só se esqueceu de dizer que, sendo ele secretário, já deveria ter interditado, e em seguida restaurado, o que, segundo ele próprio, já foi comparado até a chiqueiro, a pocilga. Como até agora não o fez, está assumindo o risco de matar, sabe lá quantos pacientes, e ser processado criminalmente, por dolo. E o que falar do prefeito, que adora passear pela cidade, distribuindo tapinhas nas costas e prometendo mil coisas? Após saber da repercussão de matéria publicada semana passada em O CIDADÃO, Vilaça foi até um dos hospitais e se mostrou surpreso, como se não soubesse de nada. Será que ele está com catarata? Ao invés de tomar providência imediata, no dia em que assumiu a prefeitura, em cem dias de “governo” ainda não fez nada, a não ser dar nó em pingo de éter, para anestesiar a opinião pública.

Causa mortis

Continuando o artigo publicado na semana passada, volto a falar sobre o caso da morte de Luis Carlos da Silva Feitosa, no Hospital Municipal de Vila dos Cabanos. Relembrando, no dia 18 de março último, Luis Carlos, com dificuldade respiratória, foi levado àquele hospital. A partir daí, foram várias idas àquela casa de saúde, nas quais o quadro do paciente só piorava, até que, cinco dias depois, veio a falecer.

A causa mortis de Luis Carlos será conhecida com o laudo do Instituto Médico Legal, que deve sair no decorrer deste mês de abril, quando, então, poderemos saber se houve negligência, como afirma parentes da vítima. Segundo relatos da família, Luis Carlos agonizou na sala de recepção do setor de emergência do hospital, e não havia médico nem enfermeiro no atendimento. Luis Carlos teria, assim, morrido, por volta das 5h00 do dia 23, dentro do hospital, sem que nenhum profissional o socorresse. Outra questão levantada pela família foi que Luis Carlos não foi transferido para o Hospital de Barcarena-Sede, onde teria leito disponível e ele poderia ter sido internado, simplesmente porque Cleonice Leão e Rosineide Perdigão (diretoras dos dois hospitais) queriam se livrar do doente, cujos parentes reclamavam muito, e assim, seriam “problemáticos”. Em entrevista ao repórter Elielson Vasconcelos Jr., de O CIDADÃO, Nilsa Sena, vice-diretora do Hospital de Vila dos Cabanos, negou essas e outras acusações dos parentes da vítima. Porém, um motorista de uma ambulância, que, por motivos óbvios, não quis se identificar, disse que havia, sim, leitos em Barcarena-Sede.

Desse imbróglio todo, o que me deixou mais abismado foi o que Nilsa Sena, tentando explicar o motivo do paciente não ter sido, então, transferido para Belém, afirmou para a nossa reportagem. Segundo ela “No caminho, ele poderia vir a óbito. Como veio, sabe?”. Quer dizer então que Luis Carlos morreu porque, durante cinco dias, não garantiu chegar vivo a Belém?

De quem é a culpa?

Janeiro deste ano. Professores da rede pública municipal de ensino fazem um ato público em frente ao prédio da prefeitura, na tentativa de receber salários atrasados. Durante a manifestação, Denivaldo Farias, assessor de comunicação da Secretaria de Educação, mandou às favas o bom senso e tentou agredir o professor Francisco das Chagas, que estaria comandando a reivindicação trabalhista. Impedido por alguns manifestantes de consumar a agressão, o assessor então, completamente fora de si, proferiu impropérios aos gritos e jurou de morte o professor.

Março deste ano. O cidadão Luis Carlos da Silva Feitosa estava sentindo dificuldade para respirar, e sua família então o leva ao Hospital Municipal de Vila dos Cabanos. Após ter passado cinco dias de idas e vindas ao hospital, nos quais o estado de saúde de Feitosa só piorava, chegando a cuspir sangue e a se contorcer de dor, o paciente não mais resistiu e veio a falecer. Um dia antes da fatalidade, “aborrecido” com o desespero da família, que tentava, inutilmente, uma internação, o enfermeiro Edu da Conceição da Silva ameaçou um irmão da vítima, chamando-o para resolver a questão na bordoada.

Em pouquíssimo tempo de governo Vilaça, dois casos de total falta de preparo. É essa a tão prometida “mudança”? Vai que o enfermeiro perdesse de vez a compostura e partisse para a agressão de fato, e o agredido então precisasse dar entrada no hospital, seria o próprio enfermeiro a atender? Está claro que Denivaldo Farias e Edu da Conceição não têm o mínimo preparo para exercer as funções que lhe atribuíram. Porém, eles não são os únicos. Como os seus superiores não dão a mínima para o que vem acontecendo, eu pergunto: será que Vilaça, que é o chefe dos demais, tem preparo para exercer a função que nós lhe atribuímos? E nós, que não reagimos a tanto descaso, desse e de outros governos, também não temos nossa parcela de culpa?

O exemplo que vem do rio

Na edição da semana passada de O CIDADÃO, fizemos uma matéria, publicada na revista de cultura deste Jornal, a PAJUREBA, sobre uma iniciativa da Alubar, sob coordenação da psicóloga Marcia Campos. Desde 2009, o Projeto Catavento vem percorrendo os rios do nosso município com baús repletos de livros e jogos educativos, levando literatura para crianças ribeirinhas, que estudam em escolas de difícil acesso da rede municipal. O poeta Mário Quintana afirma que “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” Assim, o Catavento, que inicialmente atendia a 12 escolas e que este ano deve alcançar 27, tem mudado o cotidiano barcarenense, e atualmente adicionou às suas atividades o projeto “Narrativas Literárias – Lendas, Mitos e Contos de Assombração”, idealizado pelo professor Roberto dos Anjos, onde as crianças passaram também a escrever, baseadas em histórias que ouviram de seus pais, de seus avós, etc.

Obviamente, ações como a do Projeto Catavento são importantíssimas e exemplares, uma vez que fazem pelas nossas crianças algo fundamental: ensinam a pensar. Ao que parece, no entanto, o exemplo não está sendo seguido. Em maio de 2010, o então presidente Lula assinou a Lei 12.244, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino no Brasil, e que torna obrigatória, a partir de 2020, a existência, em todas as escolas, de acervo com pelo menos um livro por aluno. Segundo pesquisa publicada no jornal O Estado de São Paulo, apenas 27,5 % das escolas brasileiras têm bibliotecas. Em Barcarena, não sei a respeito das escolas privadas, mas na rede pública, afora as crianças ribeirinhas, atendidas pelo projeto da Alubar, o acesso ao livro é muito difícil, uma vez que não existe biblioteca em escola nenhuma, e na Biblioteca Municipal, os livros estão encaixotados e o prédio ameaça ruir. Deve ser porque ler forja a cidadania, e por isso mesmo, é um ato revolucionário, subversivo.

O bonde

Corre na internet, mais especificamente no Facebook, que, dia desses, o prefeito Antônio Carlos Vilaça estacionou o seu carro, por volta da meia noite, em frente a um hospital da rede pública de Saúde do nosso município, e fez uma visita surpresa aos cidadãos que estavam sendo atendidos. Há quem comente, pela cidade, que aquilo não passou de um golpe de marketing, uma vez que, até o presente momento, não existe nenhuma mudança significativa na Semusb. Por outro lado, há também quem o defenda, e afirme que aquela visita foi positiva, pois nunca antes um prefeito de Barcarena teria se disposto a tal, àquela hora da noite. Marketing ou não, o fato é que Vilaça, segundo se comenta, foi muito bem recebido.

O artigo dessa semana, no entanto, não tem por finalidade tratar sobre a Saúde, e sim sobre o transporte público municipal. Ou melhor: sobre a falta dele. Então, imaginemos que, também naquela noite, um parente ou amigo de um dos enfermos visitados pelo prefeito tenha resolvido, por cortesia, como fez Vilaça, ou também por presença indispensável, visitar aquele hospital. Qual transporte usaria? Para quem tem carro, como é o caso do prefeito, essa, certamente, não seria uma tarefa difícil. Porém, imaginemos que o visitante seja alguém que more em um distrito distante, e dependa do transporte, irregular, que mal e caoticamente serve a cidade, e que se encerra às sete da noite? Taxi? Mototaxi? Quanto isso custaria para quem vive endividado, à espera do salário minguado do fim do mês?

Noite após noite, por falta de transporte regulamentado, milhares de barcarenenses deixam de estudar, trabalhar, visitar um doente, ou simplesmente se divertir, o que também é um direito do cidadão. Durante o dia, resta-nos um transporte triste e medonho, com tarifa que surge do nada, sem planilha e sem discussão. Até quando vamos aceitar esse absurdo? Será que o “governo da mudança” está esperando o bonde passar?

Flores!

Barcarena precisa de flores. Pode até parecer ingenuidade, infantilidade, mas ainda assim eu afirmo: se vivemos em meio a uma violência estúpida e desenfreada, certamente é por falta de flores. Belas, amarelas, singelas... Flores! Rosas, formosas, cheirosas... Flores! Contra a violência? Hortência! Em prol da vida? Margarida!

Flores desarmam o espírito, incentivam a gentileza, desabrocham a ternura, poetizam os amores, acariciam a alma. Por ser assim, lanço então uma ideia: que tal construirmos uma praça, repleta das mais variadas flores, em memória às tantas vidas que se foram, vítimas dessa violência absurda que nos espreita? Não precisa ser uma praça suntuosa, com monumentos em concreto, granito, ou coisa parecida. Ao invés disso, um bem cuidado jardim, com orquídeas, jasmins, antúrios, violetas, girassóis... Um lago com peixes, tendo ao centro uma vitória-régia, seria bem-vindo. Poderíamos também plantar um ipê amarelo, que é a cor da amizade. Por se tratar de uma árvore que uma vez por ano se enfeita, proporcionando-nos uma bela paisagem, seria então um monumento vivo, bem representativo do nosso propósito. A cada floração poderíamos, inclusive, decretar um feriado: o Dia Barcarenense da Fraternidade. Nessa data marcaríamos um grande evento, onde cidadãos barcarenenses se dariam as mãos em volta da praça, num grande abraço. Sugiro chamar o local de Praça das Flores, Praça da Amizade ou Praça da Paz, que passaria a ser o símbolo da sociedade justa e fraterna que pretendemos.

Mas afinal, quem construiria e cuidaria da praça? A minha sugestão é que não seja o poder público, e sim o próprio público, uma vez que é importante a participação direta de cada cidadão. Criaríamos então a “Sociedade Amigos da Praça”, que reuniria as famílias da nossa cidade num pacto pela paz. Considero que esse seria o primeiro passo para chegarmos à cidade tranquila e serena que é o sonho de todos nós.

Carrossel macabro

Após sentir no peito a dor de ter a filha Henrica de Nazaré brutalmente assassinada em maio de 2009, Maria de Fátima Poça Mene¬ses fundou o Movimento pela Vida – Viva Henrica de Nazaré (MOVHEN), uma instituição que, desde então, vem lutando, arduamente, contra a violência que mulheres vêm sofrendo em nossa sociedade. Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Dona Fátima certamente ainda sente a dor da perda, mas pelo menos sente também o alívio de saber que, após quase quatro anos de luta, a justiça finalmente foi feita, e o cruel assassino de Henrica foi condenado a 42 de prisão.

A violência em Barcarena é absurda. Não só contra a mulher, mas contra todos. Sem precisar voltar muito no tempo, percebemos que a lista de vítimas fatais, além de Henrica, é longa e extensa. Abel Oliveira de Sena, Raimundo Bernardo Militão, Jessicleia Trindade, Ozielma Pantoja Farias, Everton Pantoja da Conceição, Lucinel Brito Leão Júnior, Rosano Ferrei¬ra de Lima, Vânia da Luz Diniz, Janderson Nogueira, Luan Salomão, Expedito dos Santos, Caroline Nazaré Gon¬çalves, Mai¬com Jesus Guimarães, Daiane do Carmo Macedo, Bernardo Oliveira Sobrinho, Hum¬berto Souza Nascimento, Jaqueline de Oli¬veira dos Santos, Felipe Roberto Sil¬va, José Marinaldo Pinheiro da Silva, Rosana Lobo Corrêa, Danielle Monteiro da Silva... Estas e várias outras pessoas foram brutalmente assassinadas, e a violência continua avançando em nosso município, feito um carrossel macabro.

Precisamos dar um basta. Não podemos permitir que assassinos continuem a circular pelas ruas, livres e impunes. Mais que isso, precisamos também apoiar instituições como o MOVHEN, e desarmar o espírito, principalmente dos nossos jovens. Não há outra forma de vencer a violência, senão com a ação conjunta do poder público e de cada cidadão barcarenense.

O Triângulo das Bermudas

Na primeira década do século XV, o espanhol Juan Bermúdez descobriu um pequeno conjunto de ilhas belíssimo, no Caribe, ao sul dos Estados Unidos. As Ilhas Bermudas, como ficou denominado o lugar paradisíaco, antigo refúgio de piratas, por sua vez deu nome a uma região no Oceano Atlântico situada entre o próprio arquipélago, Porto Rico e a Flórida, onde aeronaves e embarcações, misteriosamente, costumavam desaparecer: o famoso Triângulo das Bermudas. Conta-se que o costume de usar calças à altura do joelho também surgiu nas Bermudas, daí o nome dessa peça de vestuário que transpôs fronteiras, e que, segundo o nosso secretário de Educação, Pedro Negrão Rodrigues, era muito usada pelo ex-prefeito de Abaetetuba, o finado Chico Narrina, que devido a isso também era conhecido como “Prefeito Bermuda”.

Já faz tempo que o Triângulo das Bermudas deixou de ser notícia. Ultimamente, no Caribe, o que costuma sumir é dinheiro, muito dinheiro, que políticos corruptos transportam nas cuecas, por baixo das bermudas, rumo a paraísos fiscais como, por exemplo... as Ilhas Bermudas. Talvez não seja esse o caso do Narrina. Pedro Negrão jura que, embora avesso à lei das licitações, o Prefeito Bermuda era honestíssimo. A Controladoria Geral da União, no entanto, discorda, e afirma, em relatório, que durante auditoria naquele município, pegou a ambos, prefeito e secretário, de calça curta, cometendo o crime do colarinho branco.

Não devemos generalizar. Nem todo político é corrupto. Colocar a todos no mesmo saco é banalizar a patifaria. Entretanto, é preciso separar o joio do trigo, pois corrupção mata. Violência nas ruas? A corrupção tem tudo a ver com isso. Falta de vagas nos hospitais? A corrupção tem tudo a ver com isso. Uma coisa, entretanto, é certa: cobrar transparência e fiscalizar o poder público? Todos nós temos tudo a ver com isso!