sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tudo. Inclusive nada!

Na edição de O CIDADÃO de 27 de agosto de 2011, escrevi artigo a respeito das eleições que estavam por acontecer no ano seguinte àquele, no qual afirmei: “Politicamente, Vilaça é hoje apenas um ponto de interrogação, não mais que isso. Se eleito, pode sim se transformar em herói... Ou vilão”. Na época, tal qual boa parte da população barcarenense, também nutria esperança em relação à mudança que poderia decorrer de uma, até então, possível eleição de Vilaça. Ainda assim, mantinha-me com certo ceticismo, pelo simples fato de não costumar acreditar em salvadores da pátria. Até onde eu sei, durante todo o governo Dias, com exceção do período da campanha eleitoral propriamente dita, Vilaça se mostrou um político inerte, mudo, calado, silencioso, calcando sua candidatura apenas e tão somente na figura do grande empresário que iria redimir o povo das garras dos Cunha. Ora, em política, mudança não combina com mudez. Devo acrescentar que a vereadora Laura Amélia, mesmo sendo representante de Vilaça na Câmara, também nunca bradou contra coisa alguma. Essa, aliás, sempre concordava com tudo, sem sequer fazer cara feia, e teve, inclusive, participação decisiva na eleição de Junior Américo, indicado de Laurival Cunha, na época, para a presidência da Casa, fato que causou espanto em toda a população. Com exceção de Vilaça, que, surpreendentemente, nada fez em relação ao caso!

Veio a vitória nas urnas, e o “prefeito empresário”, antes mesmo de assumir o cargo, anunciou aos quatro ventos que o seu secretariado seria composto unicamente por executivos do mais alto gabarito. Em seguida, no entanto, veio a nomeação, e a decepção. Salvo algumas exceções, os secretários de Vilaça não são lá uma Brastemp, nem essa Coca-Cola toda! Isso, juntamente com a triste e medonha aliança que Vilaça fez na Câmara, indica que o seu governo está, no mínimo, seguindo por um caminho equivocado. Entretanto, nem tudo está perdido, e o prefeito tem ainda quatro anos para corrigir o rumo, e redimir, não mais apenas a cidade, mas a si próprio. Ou seja, trocando em miúdos, desse governo podemos esperar tudo. Inclusive nada!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Síndrome de Pollyanna

Mal começou seu governo, e o prefeito Antônio Carlos Vilaça já foi acometido por um mal terrível, que afeta, senão a totalidade, a maioria dos políticos de Barcarena. Trata-se da Síndrome de Pollyana, expressão baseada num clássico da literatura infanto-juvenil de autoria da escritora Eleanor Porter, publicado em 1913, e que fez um sucesso enorme entre as adolescentes da época. No romance, Pollyanna, uma menina órfã que, de tão “meiguinha”, dava azia em antiácido, praticava, e ensinava à cidade inteira onde morava, o “jogo do contente”, que consistia em ver algo de positivo em tudo quanto era desgraça que surgia à sua frente. Assim, síndrome de Pollyanna se traduz na fuga da realidade, na forma distorcida de enxergar o mundo.
 
Vilaça, que, durante a campanha que o tornou prefeito, dizia horrores da administração de João Carlos Dias, já ao assumir, surpreendentemente, fez questão de receber a faixa de seu antecessor, causando constrangimento em quem foi à sua posse, inclusive no próprio Carlos Dias, que foi “saudado” pelos presentes com uma estrondosa vaia. Não satisfeito, o novo prefeito se coloca agora como um admirador de Dias, e, travestido de Pollyanna, vem elogiando o seu antigo adversário, dando a entender que, se Dias não fez grandes coisas pelo município, foi porque não teve mesmo como fazer.
 
Políticos tentam, a todo custo, ensinar a cada eleitor o “jogo do contente”. Dessa forma, evitam qualquer tipo de crítica, e, a partir daí, tudo o que faz, seja de bom ou de mal, logo se transforma em elogio. Por isso mesmo, “políticos Pollyanna” não gostam nem um pouco da imprensa, a não ser quando se trata de uma imprensa míope e bajuladora. “Políticos Pollyanna” tampouco gostam daqueles cidadãos mais críticos, que insistem em fazer o “jogo do DEScontente”. O secretariado “técnico” do Vilaça não é nem metade do que foi apregoado? O governo Vilaça fez aliança com a banda podre da Câmara? Que importância isso tem? O que ele quer mesmo é que façamos o “jogo do contente”.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Álibi para a incompetência

Em seu discurso de posse, o novo secretário municipal de Educação, Pedro Negrão Rodrigues, afirmou que “A família não pode delegar à escola o poder de educar os seus filhos. A Educação tem que ser na família”. Isso me fez lembrar de uma entrevista que li recentemente na revista Veja (edição de 19 de dezembro último). O entrevistado, o americano Mike Feinberg, está à frente das KIPP Schools, rede de escolas situadas em áreas pobres de vinte estados americanos. A metodologia de ensino das KIPP Schools é aplaudida no mundo inteiro, tal o sucesso alcançado. Quando da entrevista, Feinberg estava de passagem pelo Brasil, falando a especialistas no Instituto Fernand Braudel, em São Paulo.

Durante a entrevista, interessantíssima, por sinal, Feinberg diz o seguinte: “Muitos profissionais do ensino caem na tentação de empurrar a culpa dos fracassos escolares para as famílias, alegando que elas não dão aos filhos os incentivos mais básicos. Mas não é realista esperar grande protagonismo de pais que, frequentemente, não tem tempo nem repertório intelectual para fazer mais do que já fazem. No lugar de terceirizar responsabilidades, esses educadores deveriam encará-las: se o aluno não evolui, eles precisam responder por isso. E um ambiente menos favorável não pode servir de álibi para a incompetência”.

Não quero apostar no fracasso do novo secretário de Educação. Antes disso, como todo mundo, desejo que o ensino em nosso município evolua, e evolua bastante. É público e notório que nossos jovens precisam de uma Educação com muito mais qualidade do que essa que vem sendo ofertada. Por isso mesmo, torço para que Rodrigues mude o foco e corrija, urgentemente, o seu modo de pensar.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Adeus mudança

Antônio Carlos Vilaça, eleito prefeito de Barcarena com a promessa de acabar com a forma viciada de se fazer política no município, tem agora a faca e o queijo na mão para realizar o que foi prometido em campanha, e colocar a nossa cidade, finalmente, no caminho da modernidade, do bem-estar e do progresso. Cumprirá a incumbência? Pelo que Vilaça vem sinalizando, antes mesmo de assumir o cargo, apoiando Ary Santos para presidente da Câmara de Vereadores, adeus mudança.

Não é preciso ter bola de cristal para prever o que deve acontecer nos próximos quatro anos na Prefeitura de Barcarena. Aliás, para isso é bem mais adequado usar a história. Antes de Vilaça ter sido eleito, outros já tinham nos acenado com a mesma expectativa de mudança, e deu no que deu. O prefeito em fim de mandato, João Carlos Dias, com o seu governo “tempo de crescer”, é um bom exemplo disso. Dias também prometeu a mudança, porém, ao invés disso, deu força a políticos corruptos. Exatamente o que Vilaça está fazendo agora. Como resultado, o que cresceu mesmo por aqui foi a conta bancária de políticos pilantras e de seus apaniguados.

Semana passada, tratamos desse assunto aqui no Jornal, e, segundo se comenta, Vilaça não teria gostado nem um pouco. Tais comentários dão conta de que o prefeito eleito estaria inclusive contratando um advogado para processar O CIDADÃO, na tentativa de fechar este periódico. Ora, político nenhum é obrigado a gostar ou deixar de gostar do que a imprensa diz a seu respeito, da mesma forma como não cabe à imprensa, pelo menos uma imprensa séria, bajular políticos, ou se deixar intimidar. Por ser assim, pouco importa se o que se comenta é verdadeiro ou falso, ou seja, se Vilaça sabe ou não conviver num ambiente democrático. Continuaremos a fazer o mesmo jornalismo sério, crítico e independente de sempre. Até porque, nunca tivemos compromisso com político algum, e sim com a população do nosso município.