quinta-feira, 24 de abril de 2014

Troféu Caganer

O maior corrupto do baixo clero da política barcarenense, sujeito ardiloso que atende pela alcunha de Luiz Ladrão, está, por assim dizer, de “férias fora de época”. Ou, mais recentemente, de licença médica remunerada, o que, neste caso em particular, dá no mesmo. Nada contra que um funcionário público se ausente quando acometido por alguma enfermidade que lhe impeça o trabalho, mas esse não é o caso do santo do pau oco padroeiro do crime do colarinho branco, que deu entrada em requerimento na Câmara Municipal solicitando afastamento, sem abrir mão do salário, por sessenta dias, apresentando atestado médico no qual consta a CID (Classificação Internacional de Doenças) 10 – R015, que corresponde a distúrbio de incontinência fecal. Até então, nada de anormal, considerando que, seja por uma simples diarreia ou por outro fator qualquer, nenhum de nós, simples mortais, está imune, em algum momento da nossa fugaz existência, de fazer parte da CID em questão. Porém, durante o tempo em que não dá as caras no parlamento, o pseudolegislador, que, embora não seja afeito a nenhum tipo de ocupação produtiva, é membro, por ironia, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), tem sido visto, quase que diariamente, em campanha, aliás, extemporânea, para deputado, tendo para isso até mesmo viajado a Brasília, onde fez questão de posar para foto ao lado do também pedetista Manoel Dias, gatuno denunciado como mentor de esquema para empregar militantes da sigla como funcionários fantasmas da ADRVale, ONG beneficiária de convênios com o poder público, numa patifaria que teve início quando o correligionário de Ladrão era presidente do diretório do partido em Santa Catarina. Se “Me Rouba”, como também é conhecido, não pode trabalhar, é no mínimo estranho que se dê ao luxo de tanto esforço. Mas a coisa não fica apenas nisso...

A vacância, acatada pela Mesa Diretiva, passou a contar de 6 de março último, entretanto, isso não mudou em absolutamente nada o cotidiano da Casa do Povo, uma vez que, sempre “Activia e Johnnie Walker” para os eleitores, Luiz Ladrão não cumpriu, este ano, uma única vez com as funções para as quais é pago regia e mensalmente, fazendo lembrar o ditado popular “quem muito se ausenta corre o risco de não fazer falta”. Pelo exposto acima, e pelo extenso currículo de serviços prestados à banda podre da política municipal, se a Câmara resolvesse lhe cassar o mandato, certamente não faltaria motivo, e ainda se economizaria uma boa grana. Além disso, evitar-se-ia o vexame que aconteceu recentemente no prédio do legislativo, quando pessoas que assistiam à sessão ordinária daquele dia, ao ouvirem o anúncio do deferimento do pedido de licença, responderam com uma estrondosa vaia. “Um professor quando adoece, leva falta, ou vai para a perícia. Por que não manda esse cara para a perícia?”, bradou, indignada, uma senhora.

É tradição na Espanha, principalmente na região da Catalunha, a confecção de pequenos bonecos de terracota, moldados em posição de quem satisfaz suas necessidades fisiológicas – uma espécie de troféu que, de forma bem-humorada, “homenageia” pessoas da sociedade –, um símbolo de fertilidade, como se o retratado estivesse a adubar a terra. A demonstração de “cortesia”, à qual se dá o sugestivo nome de “caganer”, cairia bem ao gazeteiro edil, que já se gabou, entre outras coisas, de cultivar pimenta-do-reino nas plantações da Sococo. Deve-se, no entanto, ressalvar que, no caso específico do caganer da Terra do Abacaxi, o adubo dá viço somente a uma erva danosa, praga tóxica que costuma se alastrar pelos campos de trigo, e que é chamada popularmente de joio.

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