terça-feira, 6 de maio de 2014

Padrão Imerd

Na Câmara Municipal de Barcarena costuma circular os mais variados tipos de vereadores. Inclusive, é bom que se diga, alguns conseguem a proeza de encarnar várias figuras ao mesmo tempo. Entre o tipo “óleo de peroba” (que não tem o menor pudor de tirar proveito do cargo) e o “Gasparzinho” (fantasminha camarada que distribui tapinhas nas costas do eleitor, mas só é visto no trabalho em dia de pagamento), tem também o “devoto de São Nunca” (que sempre jura que vai legislar e fiscalizar, mas não informa quando), o “cachorro de beira de estrada” (que não morde, mas não para de latir), o “chapeuzinho vermelho” (que só chega atrasado), o “piriguete no convento” (que não tem a menor ideia do que faz no local), o “vaca de presépio” (que sempre diz sim para o executivo) e o tipo mais comum, o “buzina de avião” (que não serve para absolutamente nada). A vereadora Lucia Nascimento (PROS), aquela que faz o tipo “boca de abiu” (entra muda e sai silenciosa, e que, seja qual for o assunto em pauta, não é a favor nem contra, muito pelo contrário), resolveu sair do script, na sessão ordinária do último dia 22, e perdendo a chance de, mais uma vez, ficar calada, acabou dando vexame. “Eu quero dizer que eu admiro Abaetetuba, que tem um PCCR que não contempla tanto assim e tem professores, inclusive, lá, trabalhando”, discursou a parlamentar, completando, após um coro de vaia que ecoou da galeria: “Abaetetuba não paga tão bem os profissionais em Educação, e o Ideb, senhores, é lá em cima”.

Não se sabe o que Lucia Nascimento, que também se diz professora, mas prefere a “merreca” que ganha do legislativo, quis dizer com “é lá em cima”, a respeito do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica abaetetubense. Ocorre que o indicador tão admirado, ou quiçá invejado, pela vereadora, é de 3.9, dois décimos acima do conseguido por Barcarena. Ou seja: os dois são deploráveis. Comparado com a média nacional, da qual brasileiro algum pode se orgulhar, de 4.7, ainda falta muita estrada a ser percorrida pelos dois municípios. Abaetetuba, entretanto, leva uma grande vantagem: livrou-se da figura patética que atente pelo nome de Pedro Negrão, que responde por desvio de verba na “Terra da Cachaça”. Por coincidência, perversidade ou ironia, o “Malasartes” foi “importado” pelo prefeito Antônio Carlos Vilaça para assumir a Secretaria de Educação do nosso município. Assim, essa competição fica difícil!

Jaana Palojärvi, gestora do Ministério da Educação da Finlândia, país referência no PISA (Programme for International Student Assessment – em tradução livre, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), visitou o Brasil, em 2013, para participar de um seminário sobre sistema de ensino. Segundo ela, os docentes finlandeses ganham em média o equivalente a R$ 8 mil por mês, mas que essa remuneração é considerada baixa. “Em compensação, oferecemos ao professor um ambiente de trabalho interessante”, declarou Jaana. É claro que se trata de duas nações com realidades distintas, até porque, no país da Copa superfaturada, educadores ganhando um salário realmente digno seria um sonho. Porém, até onde eu sei, o professorado da rede pública barcarenense não reivindica tanto. Em relação a ambiente de trabalho, também não precisava ter escolas caindo aos pedaços, nem merenda escolar de quinta qualidade. O nosso problema é que os políticos barcarenenses, ano após ano, mandato após mandato, insistem em tirar nota 10 no Imerd (Índice Municipal de Esculhambação e Roubalheira Desenfreada). Não fosse isso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário