sábado, 29 de março de 2014

Direitos e deveres

Após assembleia do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp) realizada em 19 de março último, os professores da rede pública barcarenense de ensino entraram mais uma vez em greve, fato que, haja vista a paralização ocorrida no ano passado, a qual teve duração de três meses, afetando o desenrolar do ano letivo, de tal forma que aulas previstas para acontecerem no final de 2013 foram ministradas somente em fevereiro deste ano, tem preocupado sobremaneira alunos e pais de alunos, que cobram solução urgente. A Secretaria Municipal de Educação (Semed), que, depois de recorrentes demonstrações de falta de interesse, assinou acordo que permitiu a volta dos professores às salas de aulas em agosto passado, insiste em descumprir o acordado, dando assim causa à greve atual. Como se não bastasse, tanto o secretário turista Pedro “Malasartes” Negrão quanto a sua adjunta Ivana Ramos não têm poupado esforços no sentido de jogar a população contra a classe professoral, tentando fazer crer, a alunos e familiares, que a prefeitura não tem recurso para arcar com o que ela própria se comprometeu. E quando se diz “ela própria”, não se trata de acordo de prefeito ou de secretário anterior. O acordo se deu nesta gestão.

A tática usada pela Semed não tem frutificado, e não é à toa. Quem é que vai dar ouvidos a um secretário que, conforme acusa relatório da Controladoria Geral da União, está envolvido até o pescoço em desvios de recursos federais? Quem vai defender um sujeito que, em referência às graves acusações que lhe são imputadas, declara não dar a mínima para a Lei das Licitações, e ainda debocha das diferenças entre as modalidades de contratação pública, dizendo que “o assado, o cozido e o frito, todo mundo come”? A propósito, o secretário não apenas manifesta convicções, mas exerce o seu pouco caso, não se dando ao trabalho de afixar placa indicando custos (por onde anda o Ministério Público?) nos arremedos de reformas que executou em algumas escolas, no início do governo Vilaça, deixando muita gente a se perguntar quanto terá custado cada perna-manca e cada tijolo utilizados. Totalmente sem credibilidade, Negrão insiste em jurar que não há verba na Semed para pagar o que os professores tem por direito. Entretanto, as contas da secretaria continuam mais escondidas do que orelha de freira.

A greve dos professores está de volta, e no que depender da prefeitura não vai terminar tão cedo. Ocorre que o prefeito Antônio Carlos Vilaça não tem pressa alguma em resolver a questão, e por isso, banca, “naturalmente” por conta do contribuinte, as constantes viagens do secretário, enquanto a escorregadia adjunta marca e depois desmarca reuniões com os representantes do Sintepp, isso não sem antes deixá-los de molho, esperando por horas a fio, afinal de contas, não basta embromar: tem que humilhar. Quem manda escolherem uma profissão tão “valorizada” no Brasil!

Mestres, alunos e pais de alunos precisam unir forças, não apenas para que o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração dos profissionais da Educação seja respeitado, mas para que o ensino melhore. E substancialmente. Ao contrário do que a prefeitura tenta aparentar, não basta os professores voltarem ao trabalho. Temos direitos e deveres. Direito a escolas devidamente equipadas e com ambiente em boas condições de funcionamento, direito a merenda decente para os alunos, direito a gestão democrática nas escolas, direito a professores valorizados e motivados, direito, em resumo, a um ensino de boa qualidade. Mas temos também o dever de pressionar o poder público. Direito não se ganha: conquista-se! É esse o nosso dever de casa: passar para nossos filhos um exemplo de cidadania!

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